Coisas Sérias 12 2001  

 

Recessão económica não afecta Internet

A recessão económica não travou o desenvolvimento da Internet. Aliás, as previsões da IDC, empresa especialista em estudos de mercado, apontam para que no final deste ano haja mais de 600 milhões de internautas em todo o mundo. Na África do Sul, por exemplo, existem já 2,6 milhões de utilizadores. O mesmo estudo garante que a recessão vai alterar o perfil do tradicional cibernauta e o modo de acesso à Net, que entretanto passou dos PC para os portáteis, telemóveis e televisores.
Ainda segundo dados da mesma empresa, os gastos no comércio electrónico aumentaram 68 por cento de 2000 e 2001, um aumento de aproximadamente 688 mil milhões de euros relativamente ao ano passado. Em relação ao comércio electrónico, a entrada da moeda única vai incentivar os utilizadores e proporcionar também uma maior oferta e mais variada. Na República Checa, Hungria e Polónia os vendedores de tecnologias de informação estão já a incentivar os seus revendedores a encomendar os produtos através de um sistema electrónico, via Internet. Já na Ásia Pacífica o e commerce ainda não atingiu o seu melhor. O Japão encontra se no topo dos países mais ciberconsumistas, assim como dos mais preocupados com a segurança na Rede.
Daqui a cinco anos, 80 por cento dos cibernautas irão aceder à World Wide Web pelo menos uma vez por mês.
("Diário de Notícias")


Sociedade de Língua Portuguesa luta por espaço para trabalhar

Amor da Língua

Já passaram mais de cinquenta anos desde o momento da fundação da Sociedade de Língua Portuguesa, após uma palestra de Vasco Botelho do Amaral aos microfones da então Emissora Nacional. Os objectivos continuam actuais e norteiam a actividade da associação: preservação e divulgação da língua e da cultura portuguesas. Para isso foi fundada e tem desenvolvido uma vasta actividade ao longo dos anos. Conferências, congressos, cursos para nacionais e estrangeiros, edições, como o Dicionário de Língua Portuguesa de José Pedro Machado, sem esquecer as importantes palestras do seu então presidente de direcção Fernando Sylvan, na RDP.

E só não faz mais, nem diversifica acções, porque não dispõe de instalações que o permitam. As actuais são espaçosas na Rua Mouzinho da Silveira, 23, Lisboa "mas não são garantidas", como informa Elsa Rodrigues dos Santos, presidente da direcção.
"Esta casa foi nos cedida pelo Mnistério da Solidariedade Social por um período de dois anos, que já expirou. Tivemos uma conversa com o senhor ministro, que prometeu que não sairíamos enquanto não houvesse solução definitiva". 0 caso arrasta se e provoca instabilidade, a presidente explica a via sacra: "Tinhamos a promessa do dr. João Soares. Diziam nos que os serviços da CML andavam à procura de um espaço que satisfizesse as condições para as actividades a que a SLP habituou sócios e público em geral, ao longo de décadas. Infelizmente não se concretizou a promessa ao tempo da gestão do dr. João Soa
res e solicitámos audiência ao dr. Pedro Santana Lopes, para encontramos fim para este martírio ... "

Com o actual presidente da CML teve já a Sociedade uma relação anterior, no consulado de Cavaco Silva, exactamente quando começaram os tormentos maiores com a sede. Tinha então a SLP instalações, vetustas mas espaçosas, na Rua de S. José. Também ali estava exposto, e capaz de ser manuseado, o que não acontece agora, todo o importante espólio de livros alguns deles pequenos tesouros. Mas as obras para as fundações de um centro comercial vizinho logo embargadas judicialmente quando a vizinhança se queixou das fendas nas paredes, mas imediatainente desembargadas pela CML levaram à inevitável evacuação compulsiva. Santana Lopes, secretário de Estado da Cultura, respondeu positivamente, facilitando instalações provisórias.

0 regresso à Rua da S. José, se a casarona fosse reabilitada, é uma hipótese, mas uma casa com outras condições seria o ideal. Só que, agora, o problema não pode ter solução provisória.

0 constante adiamento tem vindo a prejudicar a actividade regular, como os projectos para o alargamento e a renovação da instituiçâo, que é uma estrutura envelhecida, embora com sócios activos e participantes, mas sem hipóteses de criar correntes de interesse que chamem escalôes etários mais novos... A ideia de uma tertúlia destinada a permitir ambiente de debate dirigido a estes tem sido sempre adiada.

"Há um plano de actividades com qualidade esclarece José Manuel Matias, vice presidente mas exige um verdadeiro auditório, não apenas a sala improvisada no 1º andar das nossas instalações, que não permite chamar mais pessoas". Assiin, com estas limitações, palestras, conferências e cursos destinam se a um púbhco inevitavehnente restrito.

"Esta direcção preocupa se muito com o debate em tomo da língua portuguesa e aposta na organízação de congressos para analisar a problemática da nossa língua num mundo globalizado. Porque é que a nossa língua, a sexta do mundo em número de populações, não é a sexta mais falada? Que políticas têm falhado?", lembra José Manuel Matias. Também por isso estão a organizar um congresso com o Brasil, em Outubro de 2002, de parceria com uma universidade brasileira, para se debaterem estes problemas. No fim de contas, uma Sociedade de Língua Portuguesa que deseja ser interveniente e contribuir para o engrandecimento de um bem inestimável.
António Loja Neves "Expresso"

P.S. Estranho que não tenha sido referida, neste artigo, a existência do "Ciberdúvidas" um site na Internet patrocinado por esta sociedade e que tão boas referências tem merecido, para além, e isso é o mais importante, os serviços que presta a quem tem dúvidas e as deseja esclarecidas sobre a língua portuguesa.
Ciberdúvidas ( http://www.ciberduvidas.com)


Www.senat.fr

O Parlamento francês admitiu ontem à discussão legislação que interdita a utilização de ficheiros informáticos do tipo cookies sem conhecimento da pessoa visada. A matéria será discutida no quadro de um projecto de lei de reforma da legislação sobre informática e liberdades datada de 1978, cuja análise em sessão pública começou ontem. No entanto, a legislação em causa não deverá estar discutida e aprovada antes do final da legislatura, a 22 de Fevereiro.

Um cookie é um pequeno ficheiro informático que se aloja no disco rígido de um computador pessoal, permitindo espiar e ter acesso ao seu conteúdo e assim como saber quais os sites que o cibernauta visita e as suas preferências.

A alteração legislativa sugerida, proposta por três deputados do Partido Socialista, autoriza os cookies unicamente quando o utilizador recebe previamente informação clara e completa sobre as finalidades destes ficheiros informáticos e os meios de os neutralizar. Os proponentes admitem a utilização de cookies quando estes são apenas ficheiros informáticos destinados a facilitar as comunicações via World Wide Web. A proposta proíbe, por outro lado, que se faça depender o acesso a um site da aceitação pelo cibernauta de uma utilização dos dados armazenados no seu computador. As sanções penais previstas em caso de infracção ao disposto podem chegar até aos cinco anos de prisão e a multas até 300 mil euros.
("Diário de Notícias")


Net potencia sexo e romance
Isaltina Padrão "Diário de Notícias"

"Qualquer nova tecnologia que envolva comunicação acaba por trazer sempre sexo e romance à mistura." Quem o diz é Américo Baptista, um dos intervenientes no II Simpósio sobre Sexologia, que termina hoje na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia (ULHT).

O director do departamento e do mestrado de Psicologia daquele estabelecimento de ensino tem constatado que, de facto, com a mudança dos tempos, mudam se também as vontades. Estamos na época das "ciber relações", o que, neste caso, é o mesmo que dizer que o romance já não é o que era. Ou pelo menos a forma como surge, por vezes, é bem diferente daquela que existia noutros tempos. E não são tão poucos quanto isso os casamentos que resultam de namoros cibernéticos.

Américo Baptista "aliciou" uma plateia de jovens estudantes (de Psicologia na sua maioria) com "Romance e sexo na rede". Ao DN, o especialista revelou serem mais as vantagens do que as desvantagens de "navegar" em busca de uma relação amorosa. "Na Internet acontece uma coisa fantástica: como não há presença física, a intimidade é acelerada", diz, acrescentando ser natural, numa fase posterior, o aparecimento do romance e do sexo. E a verdade é que, em 30 por cento dos casos, o "ciber romance" e o "ciber sexo" passam, de facto, à prática. "A Net é acessível, barata e anónima, o que contribui para fomentar estes relacionamentos", afirma Américo Baptista.

Mas como em qualquer relação, também aqui os comportamentos de risco podem ser perigosos. A dependência é o primeiro sintoma, uma vez que entre oito e dez por cento dos cibernautas acabam por sofrer dessa "patologia". "As pessoas passam mais de 11 horas por semana em actividades sexuais online."

Aos parceiros dos adeptos desta modalidade, Américo Baptista recomenda muita atenção. É que o risco de preferirem o sexo e o romance virtual em detrimento do real existe. É a traição virtual a fazer os seus estragos entre os casais ditos tradicionais. Para dar conta destas e de outras práticas "ciber sexuais", o investigador informa que está em curso a criação de um site (a ser conhecido em Fevereiro) que procurará caracterizar a realidade portuguesa neste campo.

Paralelamente às conferências e mesas redondas que se sucedem no auditório [da ULHT], os interessados podem também assistir a duas sessões de posters, resultantes dos trabalhos de investigação dos mestrandos do primeiro mestrado na especialidade de sexologia.

Os papéis sexuais e a importância da educação sexual foram outros dos temas quentes do primeiro dia do simpósio, enquanto a problemática da violência sexual, o planeamento familiar e o corpo e a sexualidade preencheram o segundo dia de trabalhos. Para hoje estão reservados assuntos relacionados com as preferências sexuais minoritárias e as terapias sexuais. Foram três dias intensos em que muito se falou de sexo nas suas mais variadas formas. Resta apenas saber se, depois de tudo o que foi dito, Júlio Machado Vaz escolheria ainda para tema da sua conferência "A sexualidade não existe"...
(Isaltina Padrão "Diário de Notícias)


Já ninguém escapa à "ficha" informática

Ficheiros de dados pessoais tratados por meios automatizados estão aí, prontos a ser utilizados até contra os próprios cidadãos
CARLOS GOMES (Jornal de Notícias)

Local de residência e trabalho, valor de salários e outras remunerações, gostos pessoais, a cor dos cabelos, as enfermidades de infância, destinos de viagem ou mesmo o número que calçamos, tudo isto está arquivado em ficheiros. Na posse desta informação, uma entidade qualquer poderá bem reconstituir a nossa vida, a partir do momento em que requeremos o Bilhete de Identidade, um cartão de crédito bancário ou de compras em supermercado.
Cruzando esses dados com a do último levantamento de dinheiro que fizermos numa caixa Multibanco em qualquer esquina do Mundo, ou com a do pagamento de uma despesa de gasolina em viagem numa auto estrada, o perfil de cada cidadão vai ganhando corpo na "ficha" informática.
Em princípio, as democracias ocidentais criaram legislação e dispõem de autoridades fiscalizadoras para impedir os abusos. Em Espanha, por exemplo, onde há leis a estabelecer limites nesta matéria (desde 1992), a Agência de Protecção de Dados assinalava, já em
1995, a existência de mais de 200 mil ficheiros inscritos (públicos e privados). Todavia, em Portugal, onde a Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) trabalha em pleno desde 1994, esta entidade apenas foi notificada da existência de cerca de 3.500 ficheiros.
"São ficheiros que não abrangem os da Administração Pública, que são legalizados, naturalmente, através de diploma", disse ao JN uma fonte da CNPD, salientando que a média anual de registo de ficheiros ronda o meio milhar.
O número não determinado de ficheiros afectos à Administração Pública inclui, por exemplo, os dos ministérios, institutos, Procuradoria Geral da República, Polícia Judiciária ou registos centralizados de contra ordenações.

Do papel aos computadores
Os dados pessoais tratados por meios total ou parcialmente automatizados (obtidos legal ou ilicitamente) estão aí, prontos a ser usados até contra os cidadãos.
O escritor inglês George Orwell (ver página seguinte) ficou muito aquém da realidade quando, em 1949, numa das suas sátiras contra o totalitarismo, advertiu: "O Big Brother vigia te". A verdade é que, passados 52 anos, podemos acrescentar ao presságio do escritor que "o Big Brother conhece todos os nossos dados".
Com a evolução dos tempos, somente os instrumentos de controlo se tornaram diferentes. Há pouco mais de dez anos, utilizavam se fichas de papel, lápis e borrachas de apagar letras. Hoje, imperam os computadores de última geração.

Cabe a cada um exercer vigilância sobre os dados
Os direitos relativos à utilização da informática estão consagrados no artigo 35.º da Constituição da República e desenvolvidos na Lei de Protecção de Dados. Neste contexto, deve começar por cada cidadão a fiscalização da observância da lei.
Ninguém pode comunicar ou transmitir a terceiros os dados de um cidadão sem o seu próprio conhecimento ou consentimento. Os dados de uma pessoa também não podem ser utilizados para finalidades incompatíveis com aquelas que determinaram a recolha.
Um cidadão deve ler sempre com atenção os documentos de recolha, antes de fornecer os seus dados pessoais. Por princípio, não deve fornecer dados que lhe pareçam excessivos ou que violem a sua privacidade.

Principais exigências
No momento em que os dados são recolhidos, o cidadãos deve ser informado (1) da finalidade do tratamento, (2) da identidade do responsável pelo tratamento dos dados, (3) do destinatário ou destinatários dos dados, (4) do carácter obrigatório ou facultativo de fornecer os seus dados e (5) da existência das condições do direito de acesso e rectificação.
Além de ter o dever de impedir que os dados pessoais sejam utilizados para finalidade incompatível com aquela que determinou a recolha, o cidadão deve exigir que os seus dados sejam recolhidos de forma lícita e leal, que os dados a seu respeito sejam exactos e
actuais (podendo solicitar a sua correcção) e que o seu nome e endereço sejam eliminados dos ficheiros e endereços utilizados pela mala directa (marketing/mailing).
O cidadão deve ainda ser informado sobre a existência de tratamento de dados a seu respeito, bem como sobre a identidade e endereço do responsável. Deve também conhecer e aceder às informações registadas sobre a sua pessoa.
A Lei de Protecção de Dados (Lei n.º 67/98, de 26 de Outubro) está disponível, na Internet, em http//:www.cnpd.pt

Lei prevê bloqueios e penas de prisão
A revolução informática processa se em Portugal desde inícios da década de 1980, mas _ apesar de o artigo 35.º da Constituição da República consagrar, desde 1976, direitos e deveres no âmbito da utilização da informática _ o nosso país não legislou sobre a matéria até 1991.
Tornou se então obrigatório o registo de todos os possuidores de ficheiros informáticos com informações pessoais, mas só três anos depois a Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) começou a trabalhar em pleno. Apesar disso, é hoje praticamente impossívelcontrolar o conteúdo dos ficheiros existentes.
Segundo dados de 2000, apenas foram legalizados 3.000 ficheiros em Portugal, desde 1994. A CNPD _ autoridade que controla e fiscaliza o cumprimento da lei ("em rigoroso respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades e garantias consagradas na Constituição
e na lei") _ pode autorizar a simplificação ou a isenção da notificação para determinadas categorias de tratamentos quando não são postos em causa os direitos e as liberdades dos titulares dos dados.
A falta de cumprimento de obrigações relativas à protecção de dados é punida com penas que vão desde a prisão à advertência, passando também pela censura públicas, bloqueios e coimas.
CARLOS GOMES (Jornal de Notícias)


Segurança na Internet fragilizada (www.cstb.org)

A segurança da rede global de Internet deixa muito a desejar, necessitando de melhorias consideráveis, alertou um instituto de investigação norte americano, The Computer Science and Telecommunications Board. "A segurança da World Wide Web é presentemente bastante pior do que aquela que os melhores sistemas actuais podem garantir", conclui o relatório do instituto, uma entidade dependente do Conselho Nacional de Investigação.

"Mesmo sem uma nova tecnologia será possível uma melhor segurança hoje em dia se os produtores de equipamentos, os operadores de sistemas e os utilizadores tomarem as medidas apropriadas", refere o mesmo documento. O estudo procurou avaliar os riscos de ataques contra a rede de Internet, concluindo que eles poderiam ter efeitos devastadores. "Os Estados Unidos da América dependem dos computadores", sublinham os peritos envolvidos no levantamento. "O ladrão moderno pode roubar mais com um computador do que com uma pistola. O terrorista de amanhã pode causar mais danos com uma palavra passe do que com uma bomba", acrescentam.

Depois dos atentados perpetrados a 11 de Setembro do ano passado contra os EUA o conceito de cibercrime ficou bem patente na memória de todos. Isto porque foi comprovado que grande parte dos planos de "ataque" passaram pela Rede sem que ninguém tivesse notado. Foi nesse dia que a América se apercebeu da sua ciberfragilidade.
("Diário de Notícias")


Cenário negro para os media
CÁTIA ALMEIDA (Diário de Notícias)

Depois de registar um crescimento notável durante os anos 90 (uma média de 19,7% por ano), o mercado publicitário nacional vai sofrer uma quebra de 10% em 2001. Uma eventual recuperação não deverá acontecer em 2002. Esta é a previsão de um estudo da UBS Warburg.

Para perceber aquela queda, o banco de investimento remete os leitores para uma análise sectorial. Assim, com uma diminuição de 39,1%, as empresas de telecomunicações arrastaram o mercado publicitário para terreno negativo, já que só este sector garantia 20% do total do investimento (em parte devido à liberalização do sector).

Com a desaceleração do crescimento económico, outros mercados foram forçados a cortar no orçamento publicitário. É o caso das áreas da alimentação, bebidas e automóveis, que juntos representam 33% do investimento.

Embora a conjuntura seja negativa, houve mercados que aumentaram o seu investimento em comunicação nos últimos 12 meses. Falamos da banca, novas tecnologias e retalho.

Quanto à distribuição do investimento publicitário pelos meios de comunicação social, verifica se, sem surpresas, que a televisão arrecada a maior fatia (50% do total).

Uma situação que se justifica pelo facto dos portugueses passarem, em média, 250 minutos por dia em frente ao televisor (face a uma média europeia de 183 minutos). Quer isto dizer, que os portugueses vêem mais televisão do que qualquer outro povo europeu.

Para além disso, o custo por anúncio nos canais nacionais é muito baixo quando comparado com os restantes países da Europa. Ainda assim, "está por provar se o mercado publicitário português é suficientemente grande, no longo prazo, para suportar três canais comerciais [RTP1, SIC e TVI]".

Com uma população com baixos níveis de literacia, não é de estranhar o fraco peso da imprensa (que detém 29% do investimento publicitário) em relação à média europeia (36%). Embora o número de jornais vendidos per capita tenha aumentado nos últimos três anos de 46 para 65, os níveis nacionais são ainda os mais baixos da Europa e correspondem a metade dos espanhóis.

Com investimentos ainda mais baixos está a rádio, com apenas 7% do total do investimento. Embora existam no País mais de 280 estações de rádio, a maioria são regionais. "Isto significa que, para grandes empresas, a rádio não é o meio mais eficiente para lançar campanhas nacionais, atendendo aos seus custos", sustenta o estudo.

A pesquisa da UBS dedica ainda um capítulo à regulação do mercado publicitário, destacando a constante violação, por parte dos canais de televisão, da lei que limita a transmissão de anúncios.

Os canais privados podem incluir blocos publicitários de 12 minutos por cada hora de programação, ou 15% do total de tramissão diária por dia. Uma regra que "é frequentemente ignorada". A RTP1 estava limitada a 7,5 minutos por hora, mas, neste momento, está sujeita às mesmas regras da SIC e TVI.

Na rádio, a grande restrição vai para a impossibilidade de um grupo económico ter participações em mais de cinco estações ao mesmo tempo. No entanto, o Governo apresentou uma proposta para que aquele limite fosse alargado para dez estações.
(Cátia Almeida "Diário de Notícias")


 A infoexclusão começa no teclado

À medida que a Internet se afirma como o mais poderoso instrumento de distribuição de conhecimento à escala global, também o fosso gerado pela capacidade de acesso à tecnologia necessária ganha novas dimensões. A verdade, porém, é que a chamada infoexclusão pode igualmente ser fruto de barreiras tão básicas como o desenho de um simples teclado. É o que sucede com os 90 por cento dos mais de mil milhões de cidadãos indianos que não falam nem escrevem inglês.
Para além das deficiências estruturais que afectam o subcontinente, onde menos de metade da população é alfabetizada e cerca de 35 a 40 por cento vive abaixo do limiar de pobreza, a Índia, à semelhança de outras nações de menor poder de influência num contexto de globalização cultural, luta ainda contra a tirania da normalização tecnológica.
As profundas diferenças entre o alfabeto latino e os das línguas indianas como o Hindi, o Urdu ou o Bengali, geram entraves à acessibilidade, impensáveis para um ocidental. Os teclados desenhados em função das línguas ocidentais necessitam, por isso, forçosamente de ser adaptados às necessidades das línguas indianas através de software capaz de realizar a conversão de caracteres. É o que sucede, por exemplo, com o Kannada, língua materna de uns poucos milhões (!) de habitantes do sul da Índia. Uma língua que se baseia num complexo sistema pictográfico com milhares de combinações possíveis, que, no limite, apenas é redutível a um alfabeto mínimo de 49 caracteres.
É neste contexto que diversas empresas e organismos ligados às novas tecnologias têm procurado desenvolver soluções alternativas adaptadas a estas necessidades específicas. Embora a maioria do software programado nas línguas indianas tenha sido desenvolvido para correr sob os sistemas operativos da Microsoft, outras alternativas têm sido desenvolvidas no subcontinente com a preocupação adicional de servir uma população com graves deficiências de recursos. Organismos como o Indian Institute of Technology e o Centre of Software Technology têm procurado desenvolver software adequado às necessidades das línguas nativas a partir dos sistemas operativos alternativos da Linux, gratuitamente disponibilizados na Rede.
(Diário de Notícias)


Autoridades dos EUA querem combater 'hackers' com vírus próprios

Editoras de Antivírus Recusam Pedido do FBI

Por RUI JORGE CRUZ ("Computadores" do Jornal "Público")
Segunda feira, 17 de Dezembro de 2001

O FBI, cada vez mais empenhado na caça aos criadores e difusores de vírus informáticos, parece agora interessado em entrar, ele próprio, no negócio dos vírus. Só que encontrou pela frente a oposição dos editores de programas antivírus.

Tudo começou com um projecto denominado "Lanterna Mágica". Nesse projecto, o FBI desenvolveu um "worm" (uma espécie de vírus que utiliza o E mail para se difundir) do tipo "Cavalo de Tróia" destinado a detectar e incriminar suspeitos de actividades ilícitas neste domínio. O vírus da Lanterna Mágica está configurado para se esconder no computador de um "hacker" suspeito e regista todas as teclas premidas pelo utilizador, incluindo as "passwords" usadas para ler mensagens cifradas de correio electrónico informação essa que será depois transmitida ao FBI sem que o utilizador disso de aperceba.

Só que, para que o Lanterna Mágica possa ser difundido e funcione, seria necessário que as empresas editoras de programas antivírus excluíssem a respectiva assinatura dos seus filtros de detecção. De outro modo, o Lanterna Mágica será desde logo detectado pelos destinatários (ou por qualquer outro utilizador) e nunca conseguirá instalar se nos respectivos computadores.

Mas essas empresas é que não estiveram pelos ajustes e as mais conhecidas, da Symantec (editora do Norton AntiVirus) à Network Associates (McAfee), da Trend Micro à Sophos, todas se recusaram a modificar os seus programas de forma a que eles ignorassem o vírus do FBI, o Lanterna Mágica. "O nosso negócio é proporcionarmos, aos nossos utilizadores, um ambiente isento de vírus e não vamos fazer o que quer que seja que possa comprometer essa segurança", declarou Tony Thompson, da Network Associates, citado pelo serviço noticioso SVNS.

"A primeira prioridade da Symantec é proteger os seus utilizadores de ataques ilegais e mal intencionados", afirmou, por seu lado, John Thompson, "chief executive officer" (CEO) da Symantec. "Não temos intenção de criar ou deixar um buraco no nosso 'software' que possa pôr em causa essa segurança."

Mesmo que estivessem dispostas a colaborar, se acedessem à solicitação do FBI, as empresas de programas antivírus estariam não só a comprometer a qualidade dos seus produtos como a degradar a sua imagem e a minar a confiança que os utilizadores poderão depositar nos seus produtos. Por outro lado, sabendo da existência de tal "buraco" no seu "software" antivírus, essas empresas estariam automaticamente a convidar os "hackers" a tentarem explorar essa mesma falha nomeadamente, encontrando formas de tornarem os seus próprios vírus também indetectáveis pelos programas antivírus dessas mesmas empresas.

Entretanto, segundo o SVNS, os responsáveis do FBI teriam ficado tremendamente irritados pelo facto de o projecto Lanterna Mágica ter sido desvendado na imprensa e estariam a tratar de o desmantelar ou de o reorganizar. Conforme noticiou a agência Lusa, estas notícias alarmaram as organizações defensoras da privacidade na Internet, que declararam temer que este projecto venha a propiciar abusos por parte das autoridades. Até agora, o FBI necessitava de uma ordem judicial para instalar tecnologias que permitissem "espiar" a actividade levada a cabo em computadores, como era o caso do badalado programa Carnivore, que tem que ser instalado fisicamente em cada máquina.


"Já me estão a cansar... parem lá com a mania de que digo muitos
palavrões, caralho! Gosto de palavrões! Como gosto de palavras em geral.
Acho os indispensáveis a quem tenha necessidade de dialogar... mas
dialogar com carácter! O que se não deve é aplicar um bom palavrão fora do contexto, quando bem aplicado é como uma narrativa aberta, eu pessoalmente encaro os na perspectiva literária!
Quando se usam palavrões sem ser com o sentido concreto que têm, é como se estivéssemos a desinfectá los, a torná los decentes, a recuperá los para o convívio familiar.

Quando um palavrão é usado literalmente, é repugnante. Dizer "Tenho uma verruga no caralho" é inadmissível. No entanto, dizer que a nova
decoração adoptada para a CBR 900'2000 não lembra o "caralho", não mete nojo a ninguém.
Cada vez que um palavrão é utilizado fora do seu contexto
concreto e significado, é como se fosse reabilitado. Dar nova vida aos
palavrões, libertando os dos constrangimentos estritamente sexuais ou
orgânicos que os sufocam, é simplesmente um exercício de libertação. Quando uma esferográfica não escreve num exame de Estruturas "ah a grande puta" ("... não escreve!"), desagrava se a mulher que se prostitui.

Em Portugal é muito raro usarem se os palavrões literalmente. É
saudável.
Entre amigos, a exortação "Não sejas conas", significa que o parceiro
pode não jogar um caralho de GT2. Nada tem a ver com o calão utilizado para "vulva", palavra horrenda, que se evita a todo o custo nas conversas
diárias. Pessoalmente, gosto da expressão "É fodido..." dito com
satisfação até parece que liberta a alma! Do mesmo modo, quando dizemos
"Foda se!", é raro que a entidade que nos provocou a imprecação seja
passível de ser sexualmente assaltada.
Por ex.: quando o Mário Transalpino "descia" os 8 andares para ir à garagem buscar a moto e verificava que se tinha esquecido de trazer as chaves... "Foda se"!! não existe nada no vocabulário que dê tanta paz ao espírito como um tranquilo "Foda se...!!".
O léxico tem destas coisas, é erudito mas não liberta. Os palavrões
supostamente menos pesados como "chiça" e "porra", escandalizam me. São violentos.

Enquanto um pai, ao não conseguir montar um avião da Lego para o filho, pode suspirar após três quartos de hora, "ai o caralho...", sem que daí venha grande mal à família, um "chiça", sibilino e cheio, pode instalar o terror. Quando o mesmo pai, recém chegado do Kit Market ou do Aki, perde uma peça para a armação do estendal de roupa e se põe, de rabo para o ar, a perguntar "onde é que se meteu a puta da porca...?", está a dignificar tanto as putas como as porcas, como as que acumulam as duas qualidades.

Se há palavras realmente repugnantes, são as decentes como "vagina",
"prepúcio", "glande", "vulva" e "escroto". São palavrões precisamente
porque são demasiadamente inequívocos... para dizer que uma localidade fica fora de mão, não se pode dizer que "fica na vagina da mãe" ou "no ânus de Judas".
Todas as palavras eruditas soam mais porcas que as populares e dão
menos jeito! Quem é que se atreve a propor expressões latinas como
"fellatio" e "cunnilingus"? Tira a vontade a qualquer um! Da mesma maneira, "masturbação" é pesado e maçudo, prestando se pouco ao diálogo, enquanto o equivalente popular "esgaçar um pessegueiro", com a ressonância inocente que tem, de uma treta que se faz com o punho, é agradavelmente infantil.

Os palavrões são palavras multifacetadas, muito mais prestáveis e
jeitosas do que parecem. É preciso é imaginação na entoação que se lhes dá.
Eu faço o que posso."
MIGUEL ESTEVES CARDOSO
(Não sei onde foi publicado este texto)


Internet rouba tempo à televisão

A Internet encontra se de tal forma integrada nos hábitos de vida dos norte americanos que nem mesmo o cenário de colapso generalizado do ebsusiness, anunciado pela sequência de falências de projectos comerciais online a que se assistiu no decorrer de 2001 e pela crescente desconfiança entre os consumidores relativamente à segurança das transacções e pagamentos com cartões de crédito na Rede, se mostra capaz de ameaçar a sua popularidade. Esta a primeira conclusão a retirar de um estudo realizado pelo Center for Communication Policy da UCLA, Universidade de Los Angeles, publicado esta terça feira nos Estados Unidos.
Para além de um significativo aumento do número de utilizadores, por comparação com os indicadores do último ano, os números revelados por este estudo apontam também para um aumento substancial do tempo de utilização. De acordo com o documento, cerca de 73,2 por cento dos norte americanos possuem já acesso próprio à Net, contra 66,9 por cento em 2000, sendo que o tempo médio despendido com a navegação aumentou de 9,4 para 9,8 horas semanais.
Partindo de uma amostra de 2006 indivíduos, igualmente repartida entre utilizadores e não utilizadores, os investigadores da UCLA procuraram identificar as relações entre a utilização da Internet os padrões de comunicação e comportamento, hábitos de consumo e índices de confiança dos sujeitos nos diversos media, bem como os eventuais efeitos psicológicos.
A mais intessante das conclusões alcançadas prende se com a relação que se torna reconhecível entre a utilização da Internet e o tempo dedicado à televisão. Segundo é revelado por este estudo, cada norte americano que navega na Rede gasta em média 4,5 horas menos por semana a ver televisão, enquanto o tempo por si despendido com outras actividades se mantém praticamente inalterado. A única actividade social nos lares americanos que se altera significativamente em resultado do uso da Internet é o tempo gasto a ver televisão confirma Jeff Cole, responsável pela investigação.
São indicadores no mínimo surpreendentes num país em que cada adulto permance, em média, dez horas semanais em frente a um televisor.
("Diário de Notícias"


Segurança e Privacidade
Por ESTHER DYSON
Jornal "Publico" Suplemento "Computadores" 19 de Novembro de 2001

Teremos, depois do 11 de Setembro, que repensar as nossas atitudes face à privacidade? Eu penso que não. Mas certamente temos mais ameaças à privacidade a que dedicar a nossa atenção.

No mês passado, o Congresso dos EUA aprovou legislação contra o terrorismo que inclui medidas para uma maior vigilância sobre os indivíduos e menos protecção legal da privacidade. As autoridades precisam de maiores poderes para nos protegerem reza o argumento. Tudo parece inevitável. E tudo parece inteiramente previsto. No entanto, há algumas coisas que ainda têm que ser mais bem analisadas. Numa próxima crónica, abordarei certas tecnologias que protegem a privacidade de novas formas. Mas, por agora, vamos considerar a crescente prevalência da vigilância electrónica: das autoridades, das grandes empresas e, sim, dos amadores.

Nos EUA, em geral, nós opomo nos violentamente à vigilância das autoridades mas acabamos por aceitar um controlo cada vez maior pelas empresas privadas. A ideia é esta: se não quisermos fazer as nossas compras sob o olhar de uma câmara ou dar os nossos dados a um sítio na Web, somos livres de tentar negociar termos mais convenientes ou simplesmente ir a outro lado.

Na Europa, onde às autoridades cabe proteger as pessoas, uma coisa de que eles protegem as pessoas é do indesejado olhar fixo das impertinentes empresas. Mas as autoridades também esperam que os cidadãos lhes disponibilizem livremente os seus dados.

O Reino Unido, curiosamente, talvez seja a mais vigiada das sociedades modernas, com as suas câmaras de vídeo quase por todo o lado talvez um modelo para o nosso futuro, numa altura em que cada vez mais pessoas se sentem desconfortáveis face à vigilância das autoridades.

Num acutilante artigo no "New York Times Magazine" de 7 de Outubro, Jeffrey Rosen, professor na George Washington University Law School, descreve a rede britânica de câmaras de vigilância instalada e controlada pelas autoridades locais, e o modo como a sociedade britânica a tem encarado. Aparentemente, estas câmaras não têm grande eficácia face ao terrorismo; mas parecem reduzir o crime ou, pelo menos, confinam o crime a espaços menos públicos. E também dão às pessoas a sensação de estarem a ser permanentemente observadas. Elas sentem se mais seguras em relação aos criminosos mas mais vulneráveis face a tudo o resto, desde a reprovação social a uma presença excessiva do Estado.

O pior é que as pessoas que controlam as câmaras poderão representar "o Estado" mas, na prática, elas não podem ser responsabilizadas. Muitas vezes, trata se de pessoas da área que gostam de observar os casais em cenas íntimas nos automóveis, de proprietários de centros comerciais que poderão usar as gravações como provas para manter os indesejáveis longe das suas lojas e, provavelmente, amigos de um amigo de alguém que está a ser observado. Há seis graus de separação não apenas das celebridades mas também das pessoas que controlam as câmaras de vídeo.

Mas qualquer destes exemplos as bases de dados das empresas e a vigilância das autoridades constitui um recuo. Mesmo quando andamos preocupados com os abusos das autoridades e das empresas, o que fazer com o amador da porta ao lado ou da mesma rua? Sim, a Internet confere poder às pessoas; mas ela também lhes confere poder para invadirem a privacidade dos outros.

A Remote i (www.remote i.com), estabelecida no Reino Unido e na Suíça, talvez seja a mais preocupante e, de certo modo, subversiva das empresas que eu vi até agora. A maioria dos fundadores da Remote i está, de algum modo, ligado à Fantastic Corp., uma conhecida empresa de banda larga que, como muitas outras, não conseguiu cumprir as suas promessas tendo as suas acções baixado de 50 euros no ano passado para menos de 50 cêntimos de euro hoje em dia.

Mas a questão não reside nas perspectivas desta empresa em particular. Tal como o serviço de partilha de música da Napster veio mudar irremediavelmente o mundo dos detentores de direitos comerciais de autoria, o conceito em que assenta a Remote i vem pôr em causa as nossas ideias acerca da vigilância ou de quem é que vigia quem. No entanto, de certo modo, eu penso que a questão da privacidade quem somos e o que fazemos é mais fundamental que a questão dos direitos de autor (o que é que possuímos), embora ambos condicionem a liberdade humana.

A Remote i tem uma vasta gama de produtos para a busca, a transacção e a distribuição de conteúdos por banda larga. Uma aplicação que tem vindo a promover é o suporte de clones do tipo Napster ou eBay para conteúdos gerados pelo utilizador. O modelo de negócio da Remote i ainda está em evolução mas o mais provável é que a empresa ou os seus parceiros fornecedores do serviço venham a cobrar por ajudarem os seus clientes a encontrar fornecedores de conteúdos (geralmente, imagens ou vídeos) e por carrearem esse conteúdo de um cliente para outro.

A ideia parece bastante inocente: Juan está a ver um vídeo da Trafalgar Square. Ele tenciona ir lá almoçar mas teme que não haja pombos suficientes ou que haja gente a mais. Alice, que subscreveu o serviço da Remote i, passa pela Trafalgar Square e recebe um alerta: alguém quer comprar uma perspectiva em tempo real da praça. De acordo com a sofisticação deste sistema em particular, Juan poderá oferecer um preço fixo por esta perspectiva ou poderá optar por ofertas inferiores vindas de pessoas que andem a passear junto à coluna de Nelson.

Mas suponhamos agora que, em vez da Trafalgar Square, alguém se mostra interessado por imagens da Britney Spears onde e quando quer que seja. De repente, a pobre Britney transforma se num alvo não apenas para os jornalistas fotográficos e os fãs mas para toda uma legião de mercenários predadores. Não há aqui problemas de direitos de autor, pois trata se de conteúdos personalizados. É claro que as pessoas poderão redistribuir o vídeo de Britney mas haverá sempre procura para novas imagens desta cantora ou de qualquer outro ídolo dos jovens.

A mesma ameaça que o Napster constituiu para os detentores de direitos de autor surge agora, sob a forma deste tipo de serviços, para os detentores de dados pessoais ou seja, para a privacidade dos indivíduos.

Como é que este sistema vai funcionar na realidade? A Reality i ainda não tem tudo planeado mas está a levar a cabo um projecto piloto com a Sonera Corp., da Finlândia, um operador de telefonia móvel. Penso que se trata de um modelo de negócio brilhante mas assustador.

Em princípio, o que é ilegal continua a ser ilegal; nada mudou. Mas repare se nas novas sombras de cinzento. Por exemplo, quando é que o tirar uma fotografia na rua se torna ilegítimo? Qual é a diferença entre um repórter e um indivíduo a colher imagens para os seus amigos através da Remote i?

Os tipos de questões que já conhecemos quanto à distribuição de texto através da Internet tornam se ainda mais preocupantes quando se começa a pensar em termos de conteúdos de imagem por banda larga. Em vez de ser apenas o Estado a vigiar nos, passaremos a ter uma legião de amadores. Como é que queremos encarar isto? Por um lado, é melhor, pois estas pessoas não dispõem de qualquer poder. Mas elas poderão disponibilizar esses conteúdos a pessoas que tenham poder. Em teoria, pelo menos, as autoridades estão sujeitas a limites no que respeita ao que podem fazer com a informação, mas, na prática...

Estamos na iminência de passar a ter uma sociedade totalmente transparente? "Se não se tem nada a esconder, não se tem nada a temer", dizia John Major, o antigo primeiro ministro britânico, cujo governo conservador deu origem a boa parte do actual sistema de vigilância, num artigo da revista "Time". Mas não temos todos a algo a temer a invasão da nossa privacidade, total e permanente, nas 24 horas de cada dia da semana?

Para Michael Stennicke, CEO da Remote i, estas questões mais não fazem do que sublinhar os aspectos mais poderosos da tecnologia da sua empresa. "Isto terá, como o tem a Internet, elementos desconfortáveis, mas, como a Internet, virá sobretudo promover a honestidade, a tolerância e a compreensão, e tornar mais difícil o sermos manipulados", diz ele. "Mas, por vezes, também será perturbador."

Há um antídoto para a vigilância: a "subvigilância" ["sousveillance", como contraponto à "surveillance"], uma ideia lançada por Steve Mann, que ensina engenharia electrotécnica e de computadores na Universidade de Toronto, no Canadá. A vigilância significa observar de cima. A "subvigilância" significa observar a partir de baixo. Steve Mann descreve esta ideia como um "teste ao totalitarismo": estarão os agentes do Estado dispostos a ser fotografados e identificados, mesmo situações insólitas ou de carácter não público como, por exemplo, quando estão a prender alguém ou a conferenciar com um elemento de um "lobby"? Sabemos que, no fundo, não estão dispostos a isso.

Eu já li um número suficiente de histórias de seguranças que confiscam as máquinas fotográficas às pessoas, os computadores portáteis aos repórteres e coisas assim. E se tivermos que ter leis contra coisas como o serviço da Remote i, na prática, elas iriam mais proteger a privacidade dos agentes do Estado que a dos cidadãos. E não tenhamos dúvidas: os agentes do Estado merecem ser escrutinados.

Por isso, a verdadeira resposta talvez seja esta: não conseguiremos barrar o caminho aos que nos observam. Mas, com ferramentas como as da Remote i, os que nos observam não conseguirão deter nos porque não um vídeo acerca do abuso policial em vez de um da Britney Spears? Eles poderão deter nos aqui e além, mas, com câmaras e com a Internet, ser lhes á bem mais difícil levar a melhor sem que ninguém dê por nada. E, então, quando as pessoas derem por isso, precisarão de ter coragem para protestar. E isso depende de cada um de nós.

Esther Dyson (edyson@edventure.com) é analista das TI, edita o boletim "Release 1.0", é presidente da EDventure Holdings (organizadora do PC Fórum) e foi, até Novembro de 2000, presidente da Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN)
Exclusivo New York Times / PÚBLICO


Anunciantes identificam desafios a enfrentar

48º Congresso Mundial da WFA é um sucesso

Realizado em Tóquio, o 48º Congresso da Federacão Mundial de Anunciantes teve um enorme êxito. Os anunciantes identificaram os desafios que se colocam actualmente ao sector publicitário e preparam se para enfrentá los.

A avaliar pelo recente 48º Congresso Mundial da Federação Mundial de Anunciantes (WFA), os anunciantes estão preparados para enfrentar as adversidades que se adivinham no futuro próximo.

Os oradores convidados efectuaram apresentações extremamente pertinentes sobre os desafios que se colocam à indústria publicitária de hoje.

Desde o início de 2001 que as previsões do investimento publicitário são cada vez menos optimistas, o que os trágicos acontecimentos de 11 de Setembro, nos E.U.A., vieram agravar.

As empresas têm menos disponibilidade financeira para investir em comunicação comercial, portanto a publicidade tem de ser mais eficaz e encontrar alternativas à sua forma tradicional de funcionamento.

Perante este panorama de fundo, os profissionais reunidos em Tóquio identificaram quatro grandes desafios que a indústria publicitária terá de suplantar nos próximos anos.

Novas lecnologias

Um deles diz respeito à aplicação das novas tecnologias à comunicação comercial, ou seja, encontrar o mix ideal entre as ferramentas de comunicação tradicionais e os novos instrumentos relacionados com as tecnologias de informação (TI).

0 presidente da DDB Worldwide, Keith Reinhardt, afirmou que cada empresa terá de encontrar a melhor forma de conciliar estas duas realidades, sob duas condições: as barreiras entre novas e velhas ferramentas terão de desaparecer; segundo, isso só será conseguido com um acordo global quanto à forma de remunerar as agências, nomeadamente no pagamento consoante os resultados atingidos.

0 papel social da Publicidade

0 professor Akihiro Kamei, da Universidade de Waseda, focou o importante papel social da publicidade.

Na sua opinião, a era da comunicação de um só sentido entre empresa e consumidores acabou; a única forma de continuar a merecer a confiança e atenção dos consumidores é avançar para uma forma de comunicação bidireccional (com especial enfoque na interactividade), em que a pedra de toque será o fornecimento de informação importante para a vida dos consumidores. Ou seja, a passagem de uma comunicação baseada na verdade do anunciante para a verdade do consumidor.

Complementando esta visão, Yoshiharu Fukuhara, presidente da Associação Japonesa de Anunciantes, e vice presidente regional da Ásia Pacífico pela WFA, afirmou que estamos na era do consumidor elucidado e exigente, pelo que os anunciantes terão de se focar cada vez mais no indivíduo e na satisfação das suas necessidades específicas.

Os aspectos
negativos
da globalização

Uma das questões mais sensíveis actualmente é a percepção que muitos consumidores têm do fenômeno da globalização que, em última análise, tem efeitos colaterias prejudiciais para as marcas mundiais.

Sobre este ponto, Bernhard Adriaensens, director executivo da WFA, referiu que "políticos, industriais e organizações de comércio terão de provar que a globalização não é um jogo sem regras".

Para tal, há que executar três tarefas essenciais: comunicar eficazmente as vantagens e limites da globalização; partilhar os frutos do crescimento mundial; criar organizações de cidadãos.

Por seu lado, Anthony Gortzis, presidente da WFA, sugeriu: "Se formos capazes de controlar o fenômeno da globalização, conseguiremos criar uma oportunidade única para elevar os padrões de vida de todos, tanto no mundo industrializado como nos países em vias de desenvolvimento.

"A globalização pode ser uma força poderosa e controlada que as grandes empresas poderão utilizar em prol da melhoria dos direitos dos consumidores em todo o mundo."

Desenvolvimento
sustentado

A directora geral assistente do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP), Jacqueline Aloisi de Larderel, focou a responsabilidade dos anunciantes na promoçao de um desenvolvimento sustentado.

E não há dúvida de que a indústria tem esse dever: se queremos que os consumidores integrem cada vez mais as questões ambientais como uma das principais condicionantes das suas opções de compras, a indústria publicitária terá de integrar o eixo de comunicação "amigo do ambiente" como um dos mais importantes vectores da estratégia de divulgação comercial dos seus produtos e serviços.

A publicidade desempenha um papel crucial na promoção de um "comportamento sustentado", ao corresponder às crescentes preocupações dos consumidores quanto à protecção do ambiente e desenvolvimento sustentado, bem como ao fomecer lhes as informações necessárias para uma escolha responsável a esse nível. Aspectos a merecerem reflexão.(Transcrito do Boletim "APAN Notícias" de Outubro 2001


Netd@ys reúne Europa na Rede
Susana Leitão (Diário de Notícias)

"Os jovens são a solução para a sociedade de informação, mas a sociedade tem tendência para não aproveitar as suas capacidades. Aliás, os jovens podem ser os agentes de divulgação e promoção das tecnologias de informação. Vamos ter de os incumbir dessa missão", disse ontem Paulo Saraiva, presidente do Instituto Português da Juventude, aquando da abertura oficial da quinta edição da iniciativa Netd@ys Europe.
Em 1997, a Comissão Europeia lançou a iniciativa Netda@ys. O objectivo principal deste evento é promover as potencialidades da tecnologia online no ensino através de intercâmbios "virtuais" entre os países da Europa. De ano para ano o evento europeu tem reunido professores e alunos na descoberta da Internet como ferramenta de ensino/aprendizagem. Em 1999 cinco milhões de cibernautas visitaram o site do Netd@ys e a iniciativa contou com a participação de 35 países.
Como funciona o Netd@ays? São várias as actividades que constituem este projecto, mas a principal é levar os mais novos a descobrirem as tecnologias de informação. As escolas terão de desenvolver projectos em diversas áreas (som, imagem, programas educativos multimédia) e apresentá los online. O Netd@ys 2001 decorrerá entre 19 e 25 de Novembro, na Escola EB 1 Vasco da Gama, em Lisboa.
A coordenação nacional da iniciativa cabe ao Ministério da Educação e ao Ministério da Juventude e do Desporto, através do programa Nónio Século XXI e da Fundação para a Divulgação das Tecnologias de Informação. Lembre se: se quiser participar tem de se inscrever no site www.netdays2001.org.