Coisas Sérias 8  

 
Autores, uni vos!
Encontro de sociedades de autores em Lisboa: os desafios da era digital

SEGUNDO declarações ao EXPRESSO de Luiz Francisco Rebelo, presidente da Sociedade Poítuguesa de Autores, "a situação dos direitos de autor em Portugal não é muito diferente da de outros países. Está profunda transformação A técnica é fundamental, tal como as suas aplicações práticas, as consequências e os reflexos económicos dessas apçicações

Os novos processos obrigam a repensar o direito de autor. Não se trata de alterar os seus princípios fundamentais, mas de adaptá los aos novos condicionalismos. Esse é o grande problema com que se debatem as sociedades de autor. Refiro me à digitalização, que vem pôr em causa os processos de aplicação dos direitos". A declaração foi feita durante o encontro, em Lisboa, da Comissão Técnica da CISAC Confederação Internacional das Sociedades de Autores e Compositores que reuniu, nos dias 14 e 15 deste mês, representantes de associações vindas de 18 países da Europa e América Latina.

É necessária uma resposta jurídica:,"A organização Mundial da Propriedade Intelectual tem de administrar a convenção de Berna sôbre os direitos de autor e em 97 organizou uma conferência com o objectivo de adaptar as regras daquela convenção a este novo desenvolvimento digital", referiu L.F. Rebelo. Quanto ao nosso país, lembra as resistências que teve de enfrentar para que os programas de computador fossem abrangidos pela lei sobre esta matéria em cuja elaboração participou, no Parlamento, em 1985: "Agora acontece a mesma coisa com a cópia. A lei é limitada à cópia analógica, quando agora o problema é a cópia digital. A directiva comunitária que está em vias de ser adoptada já é mais clara no sentido da protecção da cópia digital privada. 0 Parlamento Europeu terá de pronunciar se, depois de várias modificações que foram introduzidas na directiva não tão favoráveis aos interesses dos autores quanto seria desejável. Atendeu se aos interesses das empresas, sobretudo, as das telecomunicações."

Os participantes do encontro abordaram temas como os processos informáticos de sistematização de dados, a gestão dos arquivos audiovisuais ou o impacte das novas tecnologias na produção escrita. . E questões mais antigas, surgidas no caldo de velhos debates, como a, situação dos coreógrafos e dos compositores de peças musicais já existentes e por eles usadas. Se o respeito pela criação de quem concebe os gestos de uma dança é um dado recente a nível institucional, o nosso país dera já aqui um passo em frente. Foi com algum orgulho que L.F. Rebelo afirmou haver um coreógrafo (Fernando Lima) na Direcção da SPA, desde 1990 ou seja, um ano antes de tal suceder em França. Para se avançar nesta matéria, o presidente do CISAC, Philippe Vincent, propôs a criação de um grupo de trabalho.

Registou se uma presença implícita a do velho adágio segundo o qual «a união faz a força». Confirmou o a inglesa S. Dormer, ao falar da luta dos realizadores no seu país pelo reconhecimento dos direitos de autor, face às pressões empresariais. Mas unir interesses ou funções pode ajudar não apenas quem detém os direitos de autor, mas também o utilizador desses direitos.

Exemplos? Um realizador de cinema pode recorrer a obras (escritas, musicais, fílmicas) de autores de versas proveniências Organizar estas situações no quadro dos direitos de autor é uma tarefa pesada. Em Portugal, a existência da SPA, que congrega. a maioria dos criadores. nas mais diversas áreas simplifica as coisas mas noutros, países, a variedade de associações, ligadas aos, diversos ramos da criação, torna tudo mais complexo Têm surgido ins tituições intermediáriasa entre estas e os utilizadores finais (como a SESAM em França e a CMMV para o sector multimédia, na, Alemanha), que podem ter papéis diferentes, resumindo se, às vezes, a centros de informação a tendência, é diversificar as opções de atribuição de licença e conjugar os serviços nos chamados "guichets centralizados". 0 projecto VERDI propõe se facilitar o comércio dos direitos na área mul timédia através da elaboração de uma rede europeia de informação sobre os, direitos e de atribuição de licenças. Nascido na Finlândia, o projecto tem já a participação da França, A1emanha, Espanha e Itália e poderá vir a concretizar se no próximo ano.

Uma nota açucarada: o argentino Agustin Perez Padella propôs se, nesta reunião portuguesa, homenagear Camões através daqueles que, a seu ver, foram os primeiros a reclamar direitos de autor. Bárbara, a mulata que vendia pratos de comida e os oferecia ao poeta, e Autónio, o escravo do autor de "Os Lusíadas", que para ele pedia esmolas.
(Nair Alexandra "Expresso")


Investidores apreensivos

Depois de terem generosamente financiado os sonhos de inúmeros empreendedores "ponto.com", as sociedades de capital de risco estão agora a enfrentar a dura realidade e a apertar os cordões à bolsa.

Primeiro, estes investidores levaram um sem número de empresas para os tops das bolsas, depois, sacrificaram as mais vulneráveis e vêm se agora obrigados a recorrer ao seus próprios financiadores para obter capital fresco. Mas, mesmo estes últimos, tudo fazem para não dilapidar por completo o pouco dinheiro de que ainda dispõem para emprestar. Entre Julho e Setembro, as novas empresas Internet receberam 44,5 por cento dos cerca de 30 mil milhões de dólares investidos por sociedades de capital de risco. Menos cinco por cento que o verificado nos três meses anteriores, e o mesmo que no terceiro trimestre de 1999. Um retrocesso, portanto.

Esta tendência também se aplica aos fornecedores de conteúdos e de correio electrónico. "No decorrer dos últimos meses, a maior parte dos investidores viu se obrigado a reflectir sobre as tendências do mercado e as várias oportunidades do futuro", afirma lesse Reyes, vice presidente da Venture Economics, uma influente empresa de estudos de mercado.

Sobre os milhares de jovens que todos os dias procuram capital para lançar uma original mas nem sempre rentável ideia, Bill Gross, presidente da sociedade de investimentos Idealab, afirma que "são apaparicados como as crianças". Porém, a incapacidade da maior parte destas empresas para ganhar dinheiro e subir à bolsa, a par das reticências das sociedades de capital de risco, está a condená las ao desaparecimento.

No entanto, aquelas que conseguem sobreviver têm, normalmente, o destino traçado. Prescindem da independência e, ou se colocam à venda, ou são completamente controladas, muitas das vezes pelos principais concorrentes.

Parece, porém, que a par da força de vontade, os novos empresários também fazem questão de não ligar às estatísticas. É que a velocidade a que as "dot.com" desaparecem é proporcional àquela a que surgem.
("Diário de Notícias")


Publicitários sentem se ignorados

Governo vai alterar, no ambito do Plano de Acção Contra o Alcoolismo, a legislação do sector, mas não consultou as associações ligadas à publicidade. Profissionais não poupam criíicas ao Executivo
(Cátia Almeida "Diário de Notícias")

Ignoradas. É assim que as associações do sector publicitário se sentem em relação às alterações que o Govemo pretende introduzir no Código da Publicidade (CP), no ambito do Plano de Acção Contra o Alcoolismo. "Tivemos conhecimento do documento através da comunicação social, o que nos deixou muito surpreendidos, para além de nem sequer termos sido consultados", disse ao DN Francisco Amaral, presidente da Associação Portuguesa de Anunciantes (APAN). Esta entidade possui uma Comissão de Bebidas Alcoólicas que se prepara para apresentar um "código de boas práticas e autodisciplina na comunicação comercial de bebidas alcoólicas". "Há alguns pontos em que estamos de acordo com o Govemo e até podíamos ter trabalhado em conjunto", adiantou o interlocutor do DN, sem querer entrar em pormenores, isto porque "hoje (sexta feira) ainda não recebemos qualquer documento por via oficial".

Recorde se que, segundo o diploma aprovado na quinta feira em Conselho de Ministros, a publicidade a bebidas alcoólicas na rádio e na televisão fica proibida até às 22h 30 (uma hora a mais relativamente ao período contemplado no artigo 17.° do CP) e as marcas destes produtos deixam de poder patrocinar eventos desportivos e actividades culturais ou recreativas dirigidas ao público juvenil. Ou seja, o patrocínio da Sagres à selecção nacional de futebol, assim como o apoio da Super Bock a alguns festivais musicais estão em risco de extinção, por exemplo.

O problema torna se mais complicado quando se entra em eventos internacionais como o Europeu de Futebol, que este ano foi "apadrinhado" pela Carlsberg. Será que o Euro 2004, a ser realizado em Portugal, não vai poder contar com úm patrocínio semelhante? E o apoio que uma marca de cerveja alemã dá à Liga dos Campeões deveria acabar? Estas são questões a que os profissionais do sector não conseguem ainda responder, apenas sabem que os "padrinhos" são essenciais às finanças dos eventos.

Em relação à limitação de horários, há também assuntos que suscitam dúvidas. Os anúncios publicitários a bebidas alcoólicas não podem ser transmitidos na televisão entre as 7 horas e as 22h 30. Segundo esta lógica, não devia o patrocínio a programas televisivos otedecer a este restrição? Veja se o caso do "Big Brother", que a qualquer hora exibe imagens dos seus "padrinhos", onde se encontra a marca Ballantines.

Para a Associação Portuguesa de Empresas de Publicidade e Comunicação (APAP), são restrições atrás de restrições que "só vêm tapar o sol com uma peneira". Segundo Luís Rosendo, director executivo da APAP, "não há necessidade de aumentar as limitações à publicidade de bebidas alcoólicas; o actual código já é muito restritivo. Nesta questão a estamos até mais avançados que 5 os outros países da Europa. Além disso, estas medidas vão criar um forte impacte no sector".

"O Código da Publicidade já está a parecer uma manta de retalhos. Elaborado em 1990, esta é a quinta vez que vai ser alterado", comentou Miguel Vaz, secretário geral do Instituto Civil da Autodisciplina da Publicidade.

A Centralcer também acusa o Govemo de "estar a meter todas as bebidas alcoólicas no mesmo saco, quando deveria distingui las face ao seu teor alcoólico".


G8 no combate ao "cibercrime"

Reunidos em Berlim, mais de cem especialistas dos países mais industrializados do mundo (G7 e a Rússia) chegaram, na semana passada, à conclusão de que é indispensavel cnar uma legslação intemacional que permita o combate ao cibercrime.

A partir de agora, cabe aos responsáveis destes países desenvolver as estruturas necessárias para evitar fraudes e lutar contra os piratas informáticos, normalmente desiguados por hackers.

Michael Niebel, o delegado da Alemanha, perito em segurança na informação, tornou público
que se vai passar à acção muito brevemente, estando já prevista a criação, em cada um destes países, de uma autoridade que controle a "cibercriminalidade". Esta entidade terá como principal missão fazer respeitar a lei na Internet. Antes destas declarações, o próprio chanceler Gerard Shroeder, numa conferência de imprensa em Hannover, havia anunciado que a Alemanha vai, também ela, criar as estruturas necessárias a este combate, que deverão ficar ligadas a uma rede internacional. "Trata se de uma medida que consideramos fundamental para que os utilizadores da Internet se sintam seguros durante as operações electrónicas. O cibercrime, em todas as suas formas, exige medidas globais e, fundamentalmente, uma perfeita colaboração a nível internacional", declarou.

Por seu lado, o ministro alemão do Interior, Otto Schily, seguiu as pegadas do chanceler e pediu que se faça o que considera ser indispensável. Neste caso, lutar contra aqueles que utilizam a Net para fazer passar mensagems que incitem ao ódio racial. E, mais uma vez, frisou que a globalização é tanto mais necessária, quando, na Alemanha, estes propósitos são passíveis de acção judicial, mas não são assim consideradas, por exemplo, nos Estados Unidos.

Pensando nos vários pontos negativos decorrentes do cibercrime, o ministro alemão dos Negócios Estangeiros, Joschka Fischer, lembrou que este custa, por ano, mais de 50 mil milhões de euros em prejuízos. Teve, no entanto, a preocupação de ressalvar "que controlo não quer dizer restrição da liberdade ou de outros direitos fundamentais".

A conferência que se realizou em Berlim foi a terceira sobre este tema. A preocupação do G8 com o crime cometido através da Internet surgiu quando em Paris, no ano passado, se organzou um debate em torno da Internet. Depois seguiu se o Japão, em Okinawa. Este último país será, de resto, o que acolherá a próxima cimeira do G8 dedicada ao tema. Os peritos voltarão a encontrar se em Maio de 2001, desta feita em Tóquio.
EDUARDO HÉLDER
Correspondente na Alemanha do "DIário de Notícias"


"E commerce" depende dos ISP

O crescimento do comércio electrónico em Portugal depende, em muito, da concorrência entre os operadores e da intervenção do Estado.
De acordo com um estudo divulgado pelo Obsenatório do Comércio, uma maior concorrência entre fornecedores de serviços de telecomunicações e de acesso à Intemet é essencial para a redução de tarifas e para a massificação do meio.
Segundo o estudo, intitulado "Empresas que em Portugal operam no Domínio do Comércio Electrónico", "prevêse que os operadores portugueses travem uma luta que beneficie empresas e cibernautas e resulte na mas sificação dos acessos à Internet, acompanhada da redução de preços e de uma melhoria nos serviços de acesso".

A intervenção do Estado é, também, considerada preponderante, por causa da necessidade de definição de um enquadramento legislativo que regulamente questões sensíveis, como as formas electrónicas de pagamento, a certificação e autenticação dos intervenientes ou os direitos de propriedade intelectual.
Este quadro "terá de ser suficientemente flexível para permitir a livre iniciativa do sector privado, a quem compete a lideranca desta forma de negócio", referem os técnicos do Laboratório de Informática e Sistemas do Instituto Pedro Nunes, autores do estudo.
A um nível mais particular, sallenta se a necessidade de apostar na funcionalidade e qualidade dos sites, assim como a adequação da oferta às características do mercado electrónico e ao perfl dos cibernautas, considerados pontos decisivos para o desenvolvimento dos projectos.
As recomendações do estudo não ficam por aqui e os lojistas da Internet são aconselhados a usar o mesmo design da sua loja tradicional para que os clientes se sintam familiarizados ao entrar na sua página.
A apresentação do mapa do site e de uma descrição completa dos artigos, recorrendo a fotografias, tal como a acessibilidade constante do "cesto das compras" são outros conselhos avançados.
Os autores do estudo consideram ainda importante a disponibilidade de linis a outros sites com artigos ou informações relacionados com os produtos, tal como a referência e descrição dos mecanismos de segurança utilizados no processo de compra orline.
Na área da personalização, as lojas da Internet devem fornecer serviço de e mail com informação sobre as novidades adequadas ao perfl dos clientes e personalizar zonas da loja, assim como os artigos disponíveis.
Para os serviços de apoio ao cliente, é referida como fundamental a existência de nemsletters e mailing lists para esclarecer dúvidas, de linhas telefónicasgratuitas 24 horas por dia e o direccionamento das questões dos clientes segundo o tipo de dúvida para pessoas com conhecimentos, aptas a responder rapidamente.
Actualmente, os dados disponíveis apontam para cerca de um milhão de portugueses com acesso à Internet, mas somente 30 mil empresas a utilizar este novo meio de forma organizada e ponderada nas suas operações.

A amostra em que se baseou o estudo do Instituto Pedro Nunes é composta por 70 sites de lojas (75 por cento, onde se destacam a cultura e o lazer), centros comerciais (20 por cento) e bancos (12 por cento).
("Diário de Notícias")


São Francisco contra "dotcoms"

As novas empresas na Internet, que de início foram recebidas de braços abertos em São Francisco, EUA, estão hoje a ser acusadas de ter destruído a alma de uma cidade outrora conhecida por ser um refúgio para os marginais.

Mas, tudo pode estar à beira da mudança, uma vez que, à boa maneira americana, os habitantes de São Francisco serão chamados já em Novembro a pronunciar se em referendo sobre as empresas dotcom. Para os activistas que militam por uma limitação do desenvolvimento urbano, São Francisco transformou se num paraíso perdido.

De facto, depois de há poucos meses ter ultrapassado Boston e Nova lorque, esta cidade do Oeste americano tornou se a mais cara dos Estados Unidos. Para estes activistas, um dos factores que mais contribuiu para a explosão do preço do metro quadrado foi a chegada das "empresas Internet", que são quem mais cria emprego mas também quem protagoniza grande parte das transacções imobiliárias, inflacionando os preços.

Agora, o referendo está a chegar, e os habitantes de São Francisco terão que se pronunciar sobre dois aspectos. A primeira pergunta, sugerida pelo presidente da câmara local com o apoio dos promotores, visa o acordo dos cidadãos para que se continue a construir áreas industriais para as empresas electrónicas, mas dentro de certos limites e sob um apertado controlo. A segunda, defendida pelos partidários de um desenvolvimento limitado dessas áreas, interroga sobre a cessação imediata das construções em bairros, onde estas empresas se instalaram a um ritmo alucinante. A proposta prevê ainda o consentimento geral de todas as associações de residentes de cada vez que se quiser edificar qualquer sede fora do bairro financeiro de São Francisco.

Tim Meko, um comerciante de 51 anos, explicou à AFP o ambiente que se vive e a situação que se instalou naquela cidade: "Em pouco tempo, os preços das rendas quadruplicaram e inúmeras empresas de serviços viram se obrigadas a fechar as portas, uma vez que as dotcoms pagaram valores astronómicos apenas para se instalarem nos seus lugares. Neste preciso momento, há cerca de 80 milhões de metros quadrados de espaço reservados ao imobiliário empresarial, quer estejam em construção ou ainda no papel." Com este cenário, as pequenas empresas não conseguem competir com as suas concorrentes electrónicas, nem sequer no processo de encontrar espaço para se instalarem.

Números oficiais indicam que 30 por cento do comércio tradicional que existia há três anos desapareceu e os lojistas simplesmente mudaram de cidade.

Porém, as dotcoms têm um precoso argumento nas mãos. Nos últimos cinco anos criaram riqueza na ordem dos 500 milhões de dólares.
("Diário de Notícias")


Euro 2004 adia museu em Lisboa

APAP e IADE afirmam qua a Camara Municipal de Lisboa lhes cedeu u8m espaço para dedicarem à histórias dos anúncios

O projecto do Museu da Publicidade continua à espera de um espaço fisico na capital para passar do papel à realidade. "O presidente da Câmara de Lisboa cedeu nos, em 1997, um local na Travessa da Memória, Ajuda, mas parece que esse mesmo sítio vai ser utilizado pela organização do Euro 2004", disse ao DN Américo Guerreiro, ex presidente da Associação Portuguesa de Agências de Publicidade e Comunicação (APAP).

Segundo o interlocutor do DN, que assumiu a direcção da APAP até meados deste ano (estando envolvido na iniciativa), João Soares "chegou a afirmar publicamente no IADE (Instituto Superior de Arte e Design e Marketing), junto dos alunos do curso de Marketing e Publicidade, que iriam ter o museu na capital". Isto porque foi naquele instituto superior que nasceu o projecto, "posteriormente apresentado à APAP. Professores e alunos fizeram uma investigação exaustiva sobre a história da publicidade e estudaram a estrutura do museu", afirmou ao DN António Ferro director do IADE.

Contactado diversas vezes pelo DN, João Soares não se mostrou disponível para esclarecer este assunto. Ao seu assessor de imprensa, Luís Miguel Carneiro, o presidente da Camara Municipal de Lisboa afrmou que este caso "é mais um pedido entre os muitos que a camara recebe". No entanto, tanto a APAP como o` IADE afirmam que tudo esteve definido por parte da Câmara, tendo inclusivamente saído uma notícia com a fotografia do local, acompanhada da informação sobre o projecto, no boletim informativo da APAP.

As duas entidades estão há três anos à espera da assinatura dos documentos necessários, a qual tem vindo a ser sucessivamente adiada (o DN teve acesso a uma das cartas que foram trocadas entre a CML e o IADE neste sentido).
Impera ainda a incerteza em relação ao destino do local cedido. Ninguém sabe ao certo se o espaço foi posteriormente disponibilizado à organização do Euro 2004 e nem a própria câmara se quis pronunciar sobre a matéria.

Além de colocar à disposição do público a consulta de dados históricos sobre a publicidade e funcionar como um arquivo das campanhas portuguesas, o museu pretende ser um "espaço interactivo em permanente contacto com as escolas desta área, agências e anunciantes; seria um local de formação", declarou João Carlos Oliveira, presidente da APAP.

Idealmente, o museu da publicidade português teria semelhanças com o seu homólogo francês, recentemente transferido para o Louvre e considerado como um dos melhores a nível europeu. Localizado na prestigiada área da União Central das Artes Decorativas, o museu contem mais de 500 mil posters, desde o século XVIII até à II Guerra Mundial e depois a partir de 1950.

De acordo com Américo Guerreiro, "quase todas as capitais da Europa têm um museu da publicidade, onde se podem tambérn acompanhar as histórias da comunicação e económica de cada nação". António Ferro garantiu que "o projecto do museu português, depois de tanto trabalho, irá para a frente". Resta saber se vai ter ou não o apoio da câmara.
(Cátia Almeida "Diário de Notícias")


SIBS certifica assinaturas digitais

A Sociedade Interbancária de Serviços (SIBS), que gere o sistema multibanco, vai passar a fazer certificação na Intemet, incluindo certificados de atributos, com uma tecnologia desenvolvida pela SIBS e por uma empresa irlandesa.

Filipe Santos, director geral da SIBS, assinalou que os certificados digitais e certificados de atributos dados pela Multicert, da SIBS, estarão disponíveis no início de 2001 para empresas e particulares e serão disponibilizados através dos balcões bancários.

O presidente da SIBS afirmou que a entrada na certificação digital na Internet é mais um passo na actividade da empresa, utilizando a sua experiência no sistema de pagamentos português, um dos mais bem sucedidos a nível mundial.

Filipe Santos salientou, por outro lado, que a SIBS está a aproveitar as suas competências em criptografia, de que dispõe desde o início da actividade e com técnicas avançadas para a época, observando que, após uma fase inicial de compra de tecnologia, a SIBS passou a utilizar um sistema criptográfico desenvolvido em Portugal.

O director geral da SIBS revelou também que, ao longo dos anos, houve várias tentativas de "assalto" ao sistema de segurança da empresa que nunca tiveram êxito.

Os responsáveis da SI BS explicaram que o sistema de segurança do certifcado digital para Internet se baseia em duas chaves, uma pública, que está nos receptores, e uma privada, gerada pelo computador do utilizador ou residente num chip card que se introduz no computador.

A chave pessoal é transmitida e, por meio de algoritmos matemáticos complexos, reconhecida pela chave pública, autenticando o utilizador.

Um problema deste sistema é que, se a pessoa mudar de computador ou formatar o seu disco rígido, terá de ter um novo processo de certificação, caso não tenha optado por um chip card.

Para além deste processo, a SIBS desenvolveu ainda uma aplicação de certificados de atributos que reforça a confiança na identificação do utilizador final.


Tratar os consumidores por "tu".
Com atelevisão interactiva, publicidade terá de encontrar novos caminhos, que passarão inevitavelmente pelas emoções.
CÁTIA ALMEIDA

O "casamento" da Internet com a televisão, do qual resulta uma "descendente" chamada televisão interactiva, vai permitir aos anunciantes o estabelecimento de relações interactivas com os consumidores, dirigidas directamente às suas emoções. Esta é uma das principais conclusões das jornadas sobre "O papel da publicidade na televisão interactiva", organizadas pela agência Grey, na quinta feira.

Anne Browaeys, representante da Grey Interactive na França, destacou o potencial da televisão do futuro (que chega a Portugal dentro de dias), por combinar as oportunidades da Internet com as da televisão. Na prática, a World Wide Web permite um "conhecimento detalhado dos consumidores, o envio de mensagens personalizadas e a venda directa". A estas vantagens juntam se o poder emocional e as audiências de massas da televisão. O grande trunfo da nova plataforma interactiva é aumentar as chamadas compras por impulso, decididas imediatamente após o impacte da imagem do anúncio.

À distancia de um clique, o telespectador pode ver todos os detalhes de um produto e até escolher as especificidades que mais Ihe agradam. Anne Browaeys deu o exemplo da Pantene. Depois de aceder ao site do anúncio, o consumidor era solicitado para responder a nove questões sobre o seu tipo de cabelo. O resultado do questionário permitia a indicação dos produtos mais adequados para cada caso.

A oradora apresentou ainda um estudo sobre os países europeus onde há mais pessoas a ter acesso à televisão interactiva. O primeiro lugar é ocupado pelo Reino Unido, seguindo se a França e a Itália. Em Portugal, só no início de 2001 é que parte da população poderá aderir à televisão do futuro. Mas já em Outubro deste ano será feito um teste com mil pessoas.

Porém, na televisão interactiva nem tudo são rosas. O telespectador vai passar a poder controlar tudo o que quer ver. É lhe dada a possibilidade de ver apenas aquilo que lhe desperte a atenção, evitando, assim, muitos spots publicitários. Esta dificuldade acrescida vai exigir dos publicitários ainda mais criatividade, dando origem a uma nova forma de fazer publicidade, pois haverá mais informação disponível sobre os produtos.

Por último, Browaeys deixou alguns conselhos à audiência, divididos em "do's and dont's" (o que fazer e o que não fazer) quando se anuncia na IV interactiva. No primeiro grupo estão simplicidade, mistura da emoção com a racionalidade e valor acrescentado que cada ecrã deverá ter. Quanto aos "dont's", as marcas não devem ser postas à venda muito cedo, não se devem orientar por modelos rígidos que provem eficiência (cada caso é diferente do outro) e a tecnologia não deve ser a preocupação central das iniciativas.

Os anunciantes terão ainda de encarar os consumidores como telespectadores e, simultaneamente, como internautas. No fundo, com tanta proximidade, como que conseguirão tratar os consumídores por "tu".
(Cátia Almeida "Diário de Notícias")


Eles
andam aí...
O "Big Brother" distrai nos da perigosa realidade: as empresas sabem tudo o que fazemos na "web"

As versões televisivas do "Big Brother" muito em voga entre nós desde que a TVI estreou o programa com sucesso na pantalha, mas constituindo um desaire inacreditável e ainda não explicado em termos de Internet além do título nada mais têm em comum com o romance original.

Nos programas é o público que espia o dia a dia de um grupo de pessoas; no livro era a autoridade que espiava (e portanto controlava) o dia a dia do público.

Enquanto se distrai com as idas à casa de banho do Zé Maria & Companhia, o cidadão incauto vai ficando cada vez mais à mercê da(s) autoridade(s) que, usando a tecnologia às escondidas da lei e do sistema, vai paulatinamente recolhendo informação sobre quem anda pela Internet, como se chama, para quem trabalha, que "sites" visita, quanto tempo passa ligado, que "passwords" usa, a que rede (Internet Service Provider) liga, em que zona geográfica mora, o que comprou "online", etc., etc., etc.

As listas publicadas nos últimos dias são alarmantes: praticamente todos os programas de computador que mais usamos no dia a dia cumprem uma função escondida aos nossos olhos: transmitem para uma base de dados central informação geral sobre o computador onde estão instalados. Desde alguns dos mais populares programas de FTP (File Transfer Protocol) a clientes de IRC e até ao popular "browser" Netscape, o uso do chamado "spyware" é uma realidade incontornável e a sua escalada recente começa a levantar vozes de protesto, não só entre a comunidade cibernauta atenta por dever de ofício (os administradores de sistemas) como entre advogados e defensores dos direitos humanos.

O USA Today dava conta disso mesmo em edição recente. "O Congresso dos Estados Unidos tem de arranjar uma linha de princípios mínimos para proteger a privacidade dos consumidores da Internet", afirma o jornal citando dois congressistas. Políticas claras sobre privacidade são tão fundamentais para os consumidores como as linhas gratuitas de queixas de consumo. Muitos cibemautas se têm queixado e afirmam que não fazem mais compras "on line" por se preocuparem que informação confidencial como os hábitos de consumo, moradas e até datas de nascimento da família seja passada a fontes não autorizadas.

Segundo o estudo da Pew Internet & American Life Project, a maioria dos utilizadores norte americanos da Internet acham mal que as empresas possam obter dados pessoais sem permissão explícita e 86% desejam legislação que os proteja, dando lhes a decisão de deixar esses dados serem ou não tornados públicos.

A preocupação dos legisladores norte americanos tem a ver, sobretudo, com a economia, uma vez que o comércio "online" é estratégico para que o EUA possam manter a liderança económica. Já para o cidadão comum tem mais a ver com princípios.

NET ESPIONAGEM CUSTA MILHÕES. A Bugtraq, "mailing list" dirigida a técnicos de redes, noticiava os malefícios de um daqueles programas que pagam às pessoas para navegarem na Web. Um dos "softwares" instalados pelo cliente da AllAdvantage saca, às escondidas do utilizador, todos os dados já referidos no início deste texto e ainda colecciona informação sobre os programas que o utilizador vai buscar à Internet (mais em http://home.cyberarmy.com/ acecww/advert.txt).

Outro aspecto do "spyware" importa às empresas. Uma notícia desta semana da ZDNet lembrava que, apesar da espionagem industrial ser antiga, a Internet a viera tornar mais fácil, rápida e muito, muito mais anónima e logo difícil de combater (www.zdnet.com). Depois de inventariar casos, a reportagem avaliava em muitos milhões os custos da "net espionagem".

Enquanto se esperam associações que melhor informem o cidadão, visite este "site": http://grc. com/oo/isa.htm. Obterá uma visão correcta da situação e terá acesso a programas de combate ao "spyware".
PAULO QUERIDO ("Expresso")
paulo@querido org


Regras podem ser contraproducentes

Os governos devem desobstruir o caminho e deixar que a revolução electrónica se deseurole sem qualquer tipo de entrave.

O relatório anual de um influente grupo de investigação, o US Internet Council, foi divulgado ontem e revela que a actuação regulamentadora dos governos poderá prejudicar mais a Internet do que propriamente ajudar e incentivar ao seu desenvolvimento.

"O State ofthe Intemet 2000" avisa que a mão pesada utilizada por vários executivos na tentativa de tomarem a Internet um sítio mais seguro, tanto para os consumidores como para as empresas que pretendem entrar no mercado, arrisca se a sufocar o seu crescimento.

Este relatário é um autêntico exame de 60 páginas ao estado da Internet e aos pequenos pommenores que
evdenclam as mudanças que esta está a originar e, o que poderá ser mas preocupante, ao rumo que poderá tomar.

A consideração que mais polémica poderá levantar é aquela que avisa que "os governos necessitam de reconhecer os magníficos benefícios que a Internet produz e não fazer rigorosamente nada para a estrangular". Os potenciais da Internet para as áreas da educação, comunicação e economia, para além do seu indiscutível papel na aproximação social de gentes de vários pontos do mundo, são algo que não pode ser obstruído.

Porém, ao fazerem tudo por tudo para controlar o cibercrime, os governos, muitas vezes inadvertidamente, não conseguem identificar correctamente as fronteiras e afectam zonas que nada têm de negativo.

Ora, de acordo com as previsões do relatório, as consequências poderão ser uma série de políticas restritivas, que desmotivarão as pessoas para se ligarem, em vez de as encorajar a utilizar cada vez mais este meio de comunicação único.

A solução sugerida pelos peritos vai no sentido de serem as próprias entidades regulamentadoras a educar os cibemautas a autoprotegerem se, tanto a si como à informaçao pessoal que inserem na rede.Face ao carácter global da Internet, o relatório avisa, porém, que medidas destas devem ser adoptadas no arnbito internacional, uma vez que a disparidade de leis faz com que atitudes regionais ou nacionais não produzam os resultados esperados.
(Do "Diário de Notícias")


Ciberassalto a banco evitado a tempo

Três pessoas foram ontem detidas no Reino Unido, suspeitas de implicação naquele que parece ser o primeiro assalto a um banco online, o www.egg.com.
A seguradora britanica Prudential confimmou que a sua subsidiária bancária Egg foi vítima de uma tentativa de fraude, mas assegurou tê la detectado a tempo. "Trata se de uma investigação bastante complexa implicando criminosos organizados que terão utilizado a Internet como meio para cometer delitos graves e atacar os relativamente novos bancos em linha", precisou um comunicado da polícia.
A investigação, efectuada sob o nome de código "Operação Skoda" por um serviço especializado da Scotland Yard, a Nacional Crime Squad, durou seis meses.
Os três suspeitos foram detidos no decorrer de buscas em sete casas situadas sobretudo na região de Milton Keynes (Buckinghamshire, norte de Londres). Equipamento infomático, dinheiro e documentos foram também apreendidos. Os três homens foram libertados sob caução.
A Prudential conseguiu fornecer à polícia, "graças aos sistemas aperfeiçoados de detecção de fraudes implementados pelo Egg", infommações que pemmitiram proceder às detenções, indicou a seguradora. "Os sistemas Egg detectaram estas tentativas de fraudes antes de se verificarem prejuízos", fez ainda questão de indicar a Prudential.
O Egg, lançado em 1998, foi o primeiro dos bancos britânicos presentes unicamente na Internet. Tem actualmente 1,2 milhões de clientes.
Estas conclusões surgiram, porém, no final do dia de ontem. Pouco tempo antes, várias comunicações da polícia indicavam que tinha sido levado a cabo 0 primeiro assalto via Intemet, e que uma soma, ainda que mínima, fora parar às mãos dos piratas infommáticos.
Os próprios responsáveis pelo Egg admitiam a perda de alguns milhares de libras, garantindo porém a total segurança do dinheiro dos seus clientes.
No entanto, e embora não tenham sido identificados assaltos a outros bancos, a polícia não põe de parte essa hipótese.
As autoridades informaram os outros bancos, que procedem às investigações de ficheiros e dados dos clientes que utilizam os seus serviços online.
åTalvez seja a primeira fraude cometida a um banco exclusivamente electrónico no Reino Unido. Mas a verdade é que há relativamente pouco tempo toda a segurança electrónica na área da banca foi posta em causa, quando um grande número de códigos de clientes online do Barclays andou a passear na Intemet, ao alcance de qualquer cibemauta com um mínimo de conhecimentos técnicos.
(Do "Diário de Notícias")


Documentos falsos à solta na Net

As autoridades dos Estados Unidos estão preocupadas com o aumento do número de sites que vendem cópias quase perfeitas de vários documentos, inclusivamente bilhetes de identidade.

À distância de alguns cliques no rato, e mediante um pagamento que pode variar entre dois e trezentos contos, é possível encomendar a pequenas oficinas com endereço na Net cópias de cartas de condução, cartões de segurança social, certidões de nascimento ou mesmo diplomas universitários.

De facto, basta escrever "fake ID" identidade falsa , em qualquer motor de busca, para encontrar uma extensa lista de sites, alguns deles bastante complexos, com ilustrações e explicações de todos os produtos disponíveis. Geralmente, pode se fazer encomendas online, havendo mesmo alguns que aceitam pagamento com cartões de crédito.

Proporcional ao aumento deste tipo de sites está o número de pessoas detidas com documentos falsos obtidos através da Internet. Para combater este tipo de crime já foi apresentado ao Senado dos EUA um projecto de lei denominado "Internet False Identification Act of 2000".

James House, inspector geral da Segurança Social dos EUA, apresentou um relatório ao Senado, em que afirmava que "qualquer pessoa com acesso a um computador e a um cartão de crédito pode adquirir, quase que instantaneamente, um cartão de beneficiário, aparentemente autêntico, com o seu nome e um número de identificação".

Para não ultrapassar os limites da legalidade, ou pelo menos para usufruir da ausência de legislação para esta área, os gestores deste tipo de sites costumam abusar de avisos do género "os bilhetes de identidade falsos são exclusivamente para utilização lúdica" e afirmam que não se responsabilizam por actividades ilegais decorrentes do seu uso.

Se é verdade que a maior parte dos documentos é emitida com a palavra "falso" ou "demonstração", também é um facto que a concepção permite que sejam facilmente apagadas. Mediante o pagamento suplementar de 44 dólares, a PCI Systems, empresa sedeada no Canadá, dota os cartões emitidos de um holograma autêntico. Uma outra empresa, desta feita inglesa, envia os cartões sem a fotografia, para que o cliente, munido com um kit também fornecido, possa colocar e retirar a imagem.

Entre os vários documentos de identificação disponibilizados por esta empresa, destacam se a carteira profissional de jornalista, agente do FBI, funcionário da ONU, caçador de prémios, guarda costas, barman ou manequim free lancer.

A maior parte das pessoas identificadas com documentos falsos foram no enquanto abriam contas bancárias, obtiam créditos ou levantavam cheques roubados.
(No "diário de Notícias")


Um "canudo" para "marketeers"
(Cátia Almeida "Diário de Notícias")

O Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) vai iniciar, em Outubro, a primeira licenciatura "estatal" em Marketing, uma das áreas mais solicitadas nos anúncios de emprego."Analisámos a procura de profissionais no sector comercial e de marketing, em 1999, num jornal semanário, e verificámos que correspondem a cerca de 25 % do total da oferta de empregos", afirmou ao DN Vicente Rodrigues, coordenador da nova licenciatura do ISCTE.

O curso, de quatro anos, vai formar 40 marketeers, que, posteriormente,"não irão ter qualquer dificuldade de inserção no mercado de trabalho, ainda que existam diversas escolas privadas com licenciaturas em Marketing", garantiu o interlocutor do DN.

Até agora, quem estivesse interessado em obter formação em Marketing numa universidade do Estado teria de ingressar num curso de Gestão de Empresas ou de Comunicação Social e escolher cadeiras vocacionadas para esta área, no terceiro ano. Era exactamente o que acontecia no ISCTE, que proporcionava uma especialização em Marketing aos estudantes que frequentassem o curso de Organização e Gestão de Empresas.

Mas, devido à crescente solicitação de licenciados em Marketing pelo mercado laboral, "decidimos evoluir da especialização para uma licenciatura autónoma", explicou Vicente Rodrigues.

Relativamente aos cursos das escolas privadas, esta licenciatura apresenta algumas diferenças, começando logo pelas provas específicas: "Um dos exames terá de ser de Matemática, pois o plano curricular do curso apresenta várias disciplinas nesta área", disse.

Além da Matemática, os candidatos podem escolher uma das seguintes disciplinas: Economia/ /IDES (Introdução ao Desenvolvimento Económico e Social), Geografia, Sociologia ou Psicologia.

O curso integra ainda uma "sólida componente prática, que assenta na realização de case studies, estágios em empresas, simuladores de gestão e num projecto de marketing empresarial no final da licenciatura. Além disso, são privilegiados o trabalho em grupo, o treino da tomada de decisões e a formação outdoor".

Para promover a nova licenciatura, fez se uma campanha de divulgação junto de algumas escolas secundárias, localizadas na área da Grande Lisboa, e foram publicados anúncios na Imprensa. "Os alunos que demonstraram interesse nos seis cursos de Gestão do ISCTE (entre os quais está inserido o de Marketing) foram convidados a visitar o instituto, onde está instalada uma banca de informação, que organizou várias visitas guiadas e sessões de esclarecimento", afirmou Elisa Silva, aluna finalista do ISCTE, e da equipa de promoção do curso de Marketing.

"O objectivo é que se candidatem às diferentes licenciaturas de Gestão, que têm alguma proximidade entre si, alunos que se sintam realmente vocacionados. Por isso, foi enviada informação detalhada às escolas secundárias", salientou ao DN.

Paralelamente à licenciatura, foram lançados três pós graduações e um mestrado relacionados com a área de Marketing: Gestão da Comunicação, Gestão de Produtos Turísticos, Gestão.com e o mestrado em Consumo, Mercados e Consumidores.
A Escola de Gestão do ISCTE oferece ainda uma pós graduação em Marketing e Negócios Internacionais. Todos os cursos terão inicio em Outubro, à excepção da Gestão da Comunicação, devido ao escasso número de inscrições.

"A procura de mestrados e pós graduações tem crescido muito, especialmente por parte de quadros de empresas", adiantou o coordenador da licenciatura em Marketing. Isto porque "as empresas começam a dar importância à constante formação dos seus empregados".

Questionado sobre a situação do ensino no estrangeiro,Vicente Rodrigues disse que "na Europa há poucas universidades que apostam em licenciaturas em Marketing, mas of erecem formação pós académica nesta temática".

Já nos EUA "existem mais licenciaturas". À semelhança do que acontece em Portugal, "existe uma grande procura, tanto na Europa como nos EUA, de profissionais de marketing Trata se de um mercado muito dinamico e em forte evolução".

Refira se que, no caso de se optar pelo ensino politécnico, a Escola Superior de Comunicação Social oferece, há alguns anos, um curso em Marketing e Publicidade.
(Cátia Almeida "Diário de Notícias")


Governo lança portal inteligente

O Governo tenciona atingir em 2003 taxas médias de penetração da Intemet de 50 por cento, com pelo menos metade das casas portuguesas ligadas à rede, ao passo que será promovido o acesso público, com postos da Net em todas as freguesias e em estações de correios, segundo um diploma que deverá ser aprovado hoje em Conselho de Ministros, denominado Iniciativa Intemet. Aliás, o primeiro posto do género será inaugurado, esta tarde, no Estoril, pelo primeiro ministro e pelos ministros do Equipamento e da Ciência e Tecnologia. Outro projecto, que também hoje deverá ser aprovado, visa o enquadramento institucional da actividade do Governo em matéria de sociedade de infommação.

A Iniciativa Internet enquadra se, segundo o projecto do Ministério da Ciência, na política de desenvolvimento da sociedade de infommação, que tem vindo a ser desenvolvida desde 1995, considerando se que "o incremento acelerado do uso da Intemet em Portugal" constitui "uma prioridade estratégica", na qual se insere o conjunto de medidas que hoje será objecto de apreciação.

O projecto de ligar pelo menos metade das casas portuguesas à Intemet, em 2003, será concretizado através de acessos em banda larga e tarifas únicas, disponíveis por três meios (tv por cabo, adsl e Intemet móvel), ao passo que os acessos a baixa velocidade serão gratuitos ou a preço simbólico, no que é considerado o "acesso de cidadania".

A Iniciativa Internet prevê, também, que todas as escolas tenham ligação à Intemet no próximo ano e, numa perspectiva mais ambiciosa, que todos os estudantes do ensino secundário e superior tenham acesso a computadores individuais em 2003, com idêntica medida para todos os professores em 2004.

Por outro lado, com esta iniciativa pretende se multiplicar por, pelo menos, dez vezes ao ano os conteúdos portugueses na Net, nos próximos três anos, e multiplicar por cem o volume do comércio electrónico das empresas portuguesas no mesmo período. Aliás, e neste ambito, um outro diploma a debater hoje no Conselho de Ministros regulamenta a facturação electrónica, ao passo que outro define a entidade supervisionadora da certificação das assinaturas digitais.

No que diz respeito às relações do cidadão com a Administração, a Iniciativa Intemet prevê, ainda, que todos os formulários oficiais estejam online em 2002, com possibilidade de preenchimento e entrega electrónica generalizada no ano seguinte, com assinatura digital sempre que necessário. Além disso, prevê se que todos os serviços públicos estejam online em 2005.

Para que isto seja possível, o diploma aponta para a criação de um portal inteligente de toda a administração pública, um guichet único digital onde o cidadão poderá obter as informações de que necessita e resolver aí boa parte dos seus problemas, sem necessidade de perder tempo em filas nas diversas repartições do Estado. Como parte integrante do processo, será criado um apontador, denominado "res publica".