Coisas Sérias 9  

 

"Mais um prego no caixão da liberdade individual"

Até onde pode a polícia investigar sistematicamente inocentes na procura aleatória de culpados? A pergunta é muito mais pertinente desde que se soube que os cem mil espectadores que assistiram à final do Superbow1 entre os Ravens e os Giants no estádio Raymond James de Tampa, Florida, foram fotografados, sendo as suas fotografias comparadas com as de terroristas e criminosos perigosos.

A polícia diz ter identificado 19 espectadores como pessoas com historial criminal. Mas, os defensores das liberdades civis, que lutam contra a preliferação indiscriminada e não controlada de câmaras de vigilância, atacaram a nova prática como inaceitável.

0 chefe da polícia de Tampa, Joe Durkin, diz que a sua principal preocupação eram os carteiristas e outros vigaristas que aproveitam as concentrações para actuar, e só em segundo lugar a possibilidade de um acontecimento mediático como o Superbow1 ser utilizado por grupos terroristas para desencadearem uma acção. Por isso, quando a empresa Grapho Teclinologies, Inc., lhe fez uma proposta para experimentar a nova tecnologia, aceitou: "É apenas mais uma ferramenta de alta tecnologia que está agora ao nosso dispôr. Usámo la durante uma semana para testes, e gostámos." Quem não gostou foi Bruce Schneider, especialista em vigilância electrónica e autor do livro Segredos e Mentiras: Segurança Digital num Mundo Interligado. Para Sclmeider, a operação em Tampa foi "mais um prego no caixão da liberdade individual. É mais uma manifestação da sociedade de vigilância, que nos diz que nos,vai ter sempre sob observação". Mas será legal?

Erwin Chemerinsky, professor de direito constitucional, diz que "o direito à privacidade não é extensivo a lugares tão públicos como o Superbow1. Perturba me a utilização extensiva de câmaras para nos vigiarem em locais públicos, mas isso não significa que seja ilegal ou inconstitucional. As pessoas não podem esperar que quando estão em público não possam ser fotografadas". Mas é o que acontece se o sistema identificar erroneamente alguém como sendo um criminoso perigoso. Entretanto, está já a ser estudada a aplicação do sistema aos Jogos Olímpicos de Inverno de Salt Lake City em 2002, e mesmo a extensão do processo à vigilância das caixas Multibanco.
(Manuel Ricardo Ferreira Correspondente do "DIário de Notícias" em Nova Iorque)


Anúncios infantis ameaçados

Suécia não conseguiu convencer Estados membros a banir a publicidade para crianças, mas promete voltar ao assunto

 Os anunciantes e publicitários podem respirar de alívio, pelo menos por enquanto. A Suécia não conseguiu convencer os Estados da União Europeia a banir a publicidade para menores de 12 anos na televisão (medida já adoptada naquele país desde 1991) no seminário A infância e a juventude e os novos media, realizado em Estocolmo.

0 tema foi definido como uma das áreas prioritárias da presidência da UE pela Suécia, sendo a sua posição temida por profissionais da maioria dos demais Estados membros.

Segundo disse ao DN Teresa Ribeiro, presidente do Instituto da Comunicação Social e única participante portuguesa no encontro, "nenhum país apoiou fortemente a Suécia. Apenas a Grécia se mostrou simpatizante. Portugal não tomou nenhuma posição, não era esse o objectivo, era apenas um debate. No entanto, a legislação nacional não vai no sentido das restrições".

Do encontro resultaram duas condições para que o modelo sueco seja alargado a toda a UE. Em primeiro lugar, "os países que querem proibir a publicidade infantil na televisão devem demonstrar que essa interdição parte de factos cientificamente comprováveis", tal como indicou Jean Eric de Cockborne director da divisão audiovisual da Comissão de Bruxelas. Em segundo lugar, "esses países não poderão banir a publicidade dirigida a crianças somente na televisão, mas também na Internet e nos jogos de vídeo". "Se novas regras forem aprovadas em nome do interesse das crianças, é necessário que tenham igualmente em conta a liberdade do comércio", acrescentou. Marita Ulvskog, ministra sueca da Cultura, explicou a razão da proibição da publicidade dirigida a menores de 12 anos no seu país: "Ao contrário dos adultos, as crianças são incapazes de distinguir um anúncio publicitário de um programa. Os spots não devem por isso atingir jovens que não entendem o que vêem e o que ouvem. Só quando as crianças chegam à idade em que compreendem os objectos escondidos da publicidade é que devem ser expostas a estas mensagens, as quais devem obedecer a regras éticas estabelecidas pelos próprios profissonais".

Para comprovar as suas afirmações, Marita Ulvskog apresentou, aos 230 participantes no seminário, um estudo que conclui que as crianças antes dos 10 12 anos não entendem os objectivos da publicidade. "As crianças só desenvolvem uma "habilidade" para compreender os spots a partir desta faixa etária", garantiu.

Para os publicitários, uma legislação comunitária mais restritiva irá estancar o mercado da publicidade infantil, estimado em 31 mil milhões de euros pelo European Group of Television Advertising (EGTA). Este grupo fez notar que 94 % das receitas dos anúncios para crianças são reinvestidas na produção de programas para elas próprias. "Limitar a publicidade dirigida às crianças representa uma ameaça à indústria audiovisual europeia. Privadas de uma importante fonte de receitas, as cadeias de televisão vão produzir menos programas originais, sendo obrigadas a importá los do Japão ou Estados Unidos", sublinhou a ECTA.

Apoiado neste argumento, Stépliane Martin, do Sindicato Francês da Publicidade Televisiva, afirmou que "interditar a publicidade para crianças é ir contra a vontade dos próprios interesses dos jovens". Para Martin, a solução reside na autodisciplina dos profissionais e no diálogo com as associações de consumidores. "É preciso é que a auto regulação funcione", respondeu lhe Ulvskog, acrescentando que esta deve ser acompanhada de sanções no caso de infracções".

A temática vai ser debatida novamente em Maio, na Suécia, e em junho, no Luxemburgo.
(Cátia Almeida "Diário de Notícias")


Terràvista demite 20 funcionarios

Vinte empregados do Terràvista foram, ontem, despedidos. Os membros da direcção do portal incluem se neste grupo de funcionários dispensados.

Um dos visados no processo, que falou ao DN sob anonimato, referiu que a reestruturação se deve "à nova estratégia da empresa", que terá sido adoptada após a compra, em Novembro, do Terràvista pelo portal espanhol Ya.com. Este pertence ao grupo da T Online, um dos mais importantes fornecedores de acesso à Internet da Europa, que, por sua vez, é propriedade da Deusche Telekom, a maior empresa do sector da Alemanha.

Instado a comentar o despedimento de um terço da equipa do Terràvista trabalhavam para o portal cerca de 60 pessoas o novo director geral, o espanhol Antonio Sariz, recusou prestar qualquer esclarecimento.

0 DN soube que a anterior direcção, presidida por Rui Marques, foi, na sua totalidade, dispensada. De acordo com a mesma fonte, "a necessidade de mudar a gestão do produto", bem como a de "reduzir os custos" foram os motivos apresentados pela administração para o despedimento das vinte pessoas.

Como explicou ao DN um dos funcionários dispensados, "entrámos, agora, em fase de negociações: a administração quer que nós saiamos; eu quero sair, mas com uma indemnização justa".

0 Terràvista, criado pelo Ministério da Cultura há cerca de cinco anos, com o intuito de promover a língua portuguesa na Net, foi posteriormente cedido a uma associação, na sequência do célebre caso das páginas pornográficas. Depois, foi vendido ao Grupo Jazztel, onde se manteve até ao passado mês de Novembro, altura em que foi adquirido pelo Ya.com, portal e motor de busca que ocupa um dos lugares cimeiros nas tabelas de audiências relativas à Internet, em Espanha.
* Com Márcio Alves Candoso
(João Costeira Varela "Diário de Notícias")


Net acelera entrada em vigor das leis

0 Conselho de Ministros aprovou ontem uma proposta de lei que acelera a entrada em vigor das leis e decretos lei através da sua publicação na Internet.

0 diploma, que será submetido à apreciação do Parlamento, determina que as leis entram em vigor na data da publicação electrónica do Diário da República, simultânea para todo o país, e não na edição de papel.

A aprovação parlamentar da proposta acabará com a chamada "vacatio legis", existente há centenas de anos, que implica que a data da entrada em vigor das leis seja diferente consoante as parcelas do território nacional.

0 Governo decidiu também criar um site com especificação obrigatória de todos os concursos de pessoal por parte de organismos públicos. Será criado um outro endereço com informações sobre a oferta de emprego científico e tecnológico.

Foi ainda aprovado um decreto lei que obriga as empresas a comunicarem à Segurança Social, via Net, os ordenados dos seus empregados. 0 diploma vai aplicar se a partir de Julho às empresas com mais de 100 empregados, a partir de Abril do próximo ano às que têm entre 20 e 100 e, a partir de julho de 2002, às que tiverem entre 10 e 20 trabalhadores.

Na reunião do Conselho de Ministros, largamente dedicada à Sociedade da Informação, foi também aprovado um decreto lei visando promover, no quadro do reequipamento informático dos organismos públicos, a doação do equipamento informático antigo a entidades com actuação relevante nos campos da educação, social, cultural ou científico. 0 Conselho aprovou um decreto lei que cria o Diploma de Competências Básicas em Tecnologias da informação, que será conferido a pessoas independentemente do grau acadêmico que possuírem.

Durante a reunião, o executivo decidiu ainda publicitar e promover a discussão pública do relatório sobre a aquisição de bens por via electrónica pela Administração Pública, elaborado pelo grupo de trabalho constituído na sequência da aprovação de uma resolução do Conselho de Ministros de Setembro último.
("Diário de Notícias")


Venda agressiva a troco de um colchão

Com o isco do prémio, a pessoa "compra" o que não quer. E fica com uma dívida de 600 contos

"A senhora vai receber um prémio". Recebi, mas porquê? "Foi sorteada". Tenho de pagar alguma coisa? "Não, só tem que ir à seguinte morada". É assim, que a maioria das vendas agressivas começam. Seja para vender um produto ou um serviço. Em tempos foi o tíme sharing, agora, são os colchões "milagrosos". Com o isco do prêmio, a pessoa desloca se ao local e acaba por "comprar" o que não queria. E fica com uma dívida de 400 a 600 contos.

Teresa recebeu o telefonema e deslocou se a um escritório da Columagnetic (outra das empresa é a Nikomagnetic). Três horas e meia de monólogo do vendedor convenceram na a comprar um colchão e uma almofada. Só depois lhe disseram o preço, cerca de 500 contos. Argumentou que não estava dentro das suas possibilidades financeiras. Falaram lhe em tantas facilidades que cedeu mais uma vez. Quando chegou a casa fez de novo as contas e viu que era mesmo impossível. Logo no dia seguinte, foi à empresa para anular o contrato, só que o responsável nunca estava. Depois de muitas tentivas sem êxito, acabou por fazer o pedido por escrito. Entretanto, cancelou os pagamentos no banco.

Esta consumidora não sabe é que o cancelamento do pagamento bancário lhe pode trazer problemas. É que desde a assinatura do contrato de compra até ao envio da carta a pedir a anulação passaram mais de sete dias úteis, o prazo exigido pela lei para anular um contrato de compra e venda. E terá de provar que não teve culpa no atraso da anulação. A seu favor tem o facto da empresa ser conhecida por praticar a "venda forçada", o que é proibido por lei, violando um princípio básico: o dever de informar.

Os mais desprevenidos, muitas vezes pessoas idosas, acabam por assinar dois contratos, um de compra e venda e outro de crédito ao consumo. E não tem consciência do que acabaram de assinar.
C.N. "Diário de Notícias"


Um serviço para idosos e isolados

Antônio Lourenço não sabia como legalizar a sua vinha. Aos 76 anos, o agricultor transmontano acabou por encontrar auxílio no posto de Internet instalado na sua aldeia no ano passado. Mas precisou do auxílio de uma das intermediárias que trabalham no Gabinete de Apoio ao Cidadão (GAC) de Carlão, a aldeia do concelho de Alijá onde reside.

É que, se não se entendera a carta que o Instituto da Vinha e do Vinho lhe enviara a explicar como registar a vinha, mais dificil seria sentar se ao computador e buscar na rede global a informação necessária.

Parecida é a história de António Magalhães, outro morador de CarIão, de 76 anos, que desconhecia quais as licenças necessárias para erguer um muro na sua propriedade. Foi também no GAC da aldeia um dos 20 existentes nos distritos de Vila Real, Bragança, Viseu e Guarda que obteve a informação que necessitava, evitando deslocar se a Alijó.

Como estes dois septuagenários, a maioria das pessoas que recorre aos serviços Internet do GAC de CarIão, uma aldeia com 1500 habitantes, são idosos que procuram obter informaçõés sobre o sector agrícola, explicou Manuela Pereira, uma das intermediárias deste posto localizado na junta de freguesia.

Os assuntos que levam a população idosa, muita dela analfabeta, a recorrer à ajuda das novas tecnologias são, na sua maioria, relacionados com os sectores agrícola, pecuário, vitivinícola, florestal e segurança social.

Licenças de caça e pesca, pareceres técnicos, bolsas de emprego e a consulta de legislação vária são outros motivos que levam os utentes a recorrer ao GAC de CarIão, que funciona diariamente.

Também os jovens se deslocam ao GAC, mas neste caso, maioritariamente, para navegar na Internet e recolher informação sobre música e livros.

Confrontadas com o balanço do trabalho desenvolvido há seis meses, as intermediárias dos GAC não escondem a sua satisfação. Uma satisfação aparentemente não afectada pelo facto de não receberem salário desde Novembro e continuarem sem saber quando voltarão a recebê lo.

Isto, porque a primeira fase do projecto terminou no final de Novembro e a segunda fase não chegou a avançar, o que não assegurou a renovação dos contratos.

Os GAC estão instalados nas 20 aldeias dos distritos de Vila Real, Bragança, Viseu e Guarda que já aderiram ao Serviço Cooperativo de Extensão da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro (UTAD), um projecto apoiado pelo programa do Ministério da Ciência e Tecnologia, no âmbito das Cidades Digitais.

Bulas Cruz, responsável pelo projecto, explicou à Agência Lusa que, como a segunda fase do programa ainda não foi aprovada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, ainda não existe verba para pagar aos intermediários.
("Diário de Notícias")


Holanda: sistema de "escuta" eletrônica Echelon existe

CNN Brasil 23 de janeiro, 2001
Às 8:23 PM hora de Nova York (0123 GMT)

AMSTERDÃ O Parlamento holandês está discutindo o sistema de 'escuta' eletrônica Echelon, que muitos acreditam monitorar clandestinamente o tráfego global de telecomunicações sob comando dos Estados Unidos e outros países de língua inglesa.

Alguns países têm manifestado preocupação de que o sistema esteja sendo usado para espionagem industrial, alegações que os governos dos Estados Unidos e Grã Bretanha rejeitam.

Uma carta do ministro de Defesa da Holanda ao Parlamento reconheceu efetivamente a existência do sistema, embora nenhum governo dos países tidos como envolvidos, incluindo os Estados Unidos, Grã Bretanha, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, tenha admitido oficialmente sua existência.

"O Governo holandês não tem acesso à informação confirmada sobre a existência do Echelon por parte dos governos apontados como envolvidos no sistema; contudo, isso pode ser deduzido em vista de informação disponível, estudos e fontes públicas," disse o ministro em declaração.

O ministro referia se, segundo Rick Perera da publicação Inforworld, às investigações sobre Echelon realizadas pelos parlamentos belga e francês, assim como a uma comissão especial temporária criada no ano passado pelo Parlamento Europeu.

A carta do ministro holandês alertou, ainda, que as redes de comunicação estão sujeitas a monitorização não só por parte de agências estatais, como também de pessoas, empresas e crime organizado.


Adultos contra anúncios infantis

Estados membros vão debater publicidade dirigida a menores. Associações portuguesas opõem se a intenções suecas

(Cátia Almeida "Diário de Notícias")

Publicidade e crianças. 0 tema está na ordem do dia entre os anunciantes e profissionais da comunicação. A intenção da Suécia que assumiu a presidência da União Europeia no início do mês em banir os anúncios dirigidos a menores de 12 anos na televisão (medida já em vigor naquele país) não foi recebida de bom grado por alguns Estados membros. Mas só em Fevereiro poderão ser conhecidas as opiniões oficiais nesta matéria, altura em que será debatido o tema da "Protecção de menores perante conteúdos divulgados nos media".

Em Portugal, as associações do sector têm vindo a reunir se com o intuíto de arranjar mecanismos e argumentos que contrariem as opiniões suecas. Em declarações ao DN, Barata Simões, secretário geral da Associação Portuguesa de Anunciantes (APAN), afirmou que "nunca em Portugal transitaram nos tribunais processos sobre publicidade para crianças. A legislação nesta matéria já é bastante restritiva e não carece de ser modificada". Mas ainda que aqueles anúncios venham a ser banidos, "como é que se distingue um produto/serviço para menores de 12 anos?", questionou.

Por outro lado, acrescentou Barata Simões, "a Suécia proíbe a publicidade para crianças apenas na televisão terrestre, o que não faz sentido numa altura em que se está a expandir a televisão digital". 0 interlocutor do DN não tem conhecimento de que a Suécia conte com fortes apoios na UE, "embora haja países que adoptaram restrições menos radicais nesta matéria". Na semana passada, o Governo norueguês anunciou que está a estudar a possibilidade de banir a publicidade nos livros escolares e regular o patrocínio de actividades escolares. Na zona da Flandres (Bélgica) é interdita a publicidade televisiva dirigida a jovens cinco minutos antes, durante e após qualquer programa infantil.

Mas até mesmo a própria Suécia mostra sinais de recuo nas posições defendidas anteriormente.
Segundo a Associação Portuguesa das Empresas de Publicidade e Comunicação (APAP), o responsável pelos estudos nos quais o Governo sueco se baseou para banir os anúncios "infantis" afirmou publicamente que é incorrecto inferir do seu trabalho que as crianças menores de 12 anos não compreendem a publicidade. Erling Bjurstrom chegou mesmo a dizer que a não compreensão de algumas mensagens publicitárias acontece tanto com o grupo etário abaixo dos 12 anos como com adultos de 25 anos.

Também a comissária europeia para a Educação e Cultura, Viviane Reding, proferiu recentemente um discurso, nos termos do qual questionou a iniciativa sueca, acrescentando que esta tem de obedecer a determinados parâmetros. Sinais que deixam esperançadas as associações do sector, que garantem: "A proibição não resolve os problemas."

0 secretário de Estado da Defesa dos Consumidores, Acácio Barreiros, deixou igualmente palavras de apoio aos anunciantes durante as jornadas técnicas da APAN, em Novembro de 1999, mas, até agora, o último debate público sobre o tema. "Hoje já há uma maturidade, quer na sociedade portuguesa, quer na própria UE, que perceberá que o radicalismo nestas matérias pode conduzir exactamente aos efeitos contrários daqueles que, muitas vezes, são propagados por quem defende essas posições."

Quanto à legislação vigente no País, o Código da Publicidade estabelece, no artigo 14., diversas restrições não só nos anúncios dirigidos a menores como nos anúncios com menores. Neste último caso, "os menores só podem ser intervenientes principais nas mensagens publicitárias em que se verifique existir uma relação directa entre eles e o produto ou serviço veiculados".


A angústia financeira do Yahoo!

0 Yahoo!, a maior empresa de Internet do mundo, anunciou, na passada quarta feira, após o fecho dos mercados, que o lucro e as vendas, em 2001, vão ficar aquém das expectativas dos analistas, devido ao abrandamento da economia norte americana.

A empresa espera um lucro entre os 1,2 e os 1,3 mil milhões de dólares (entre 256 mil e 277 mil milhões de contos), abaixo da média esperada de 1,42 mil milhões de dólares (mais de 302 mil milhões de contos).

0 Yahoo! anunciou, ao mesmo tempo, lucros de 310,9 milhões de dólares (cerca de 66,2 mil milhões de contos), no quarto trimestre, cerca de 5 milhões de dólares (1,075 milhões de contos) abaixo das previsões dos analistas.

A perda de receitas de publicidade, devido às dificuldades sentidas pelas empresas electrónicas, e o abrandamento da economia mundial são apontadas como as principais razões da queda.

Holly Becker, uma analista de mercado do reputado banco Leliman Brothers, esclareceu que estes "são números piores de que todos aqueles que alguma vez equacionámos". Acrescentou ainda que "para uma empresa cujo campo de acção é assim tão alargado, um crescimento de 14 por cento não é simplesmente suficiente. Perspectivo uma transição muito, muito severa".

Esta é mais uma notícia que demonstra a complexidade do mercado electrónico. A falta de lucros contrasta de forma flagrante com os índices de audiência e notoriedade. 0 portal Yahoo!, que através do reputado motor de busca com o mesmo nome, disponibílíza serviços de comércio electrónico, mensagens e leilões, goza de uma popularidade impressionante. Por dia, o motor de busca do Yahoo! procura mais de 900 milhões de páginas. Este sucesso, atingido em apenas cinco anos, valeu lhe uma projecção fenomenal na bolsa, mas que. também não sobreviveu ao colapso da nova economia verificado na Primavera do ano passado.

Hoje, é um portal demasiado dependente das receitas publicitárias, mal que atinje igualmente os seus concorrentes. Para ultrapassar esta deficiência estão a ser criados serviços direccionados às empresas, como videoconferências e portais personalizados.
("Diário de Notícias")


Televisões com publicidade a mais

A lei que limita o tempo de transmissão de anúncios publicitários na televisão foi constantemente violada ao longo do ano pela RTP1, S IC e TVI. Pior: as estatísticas indicam que os valores têm vindo a aumentar.

Até Agosto de 2000, foram instaurados 15 autos de notícia (podendo cada um conter várias infracções) pelo Instituto da Comunicação Social (ICS), entidade a quem compete a fiscalização neste domínio.

Os processos seguem para o Instituto do Consumidor (IC), aos quais se juntam queixas de particulares e infracções detectadas pelo próprio IC. Este instituto tinha, em finais de Novembro, 50 processos de contra ordenaçã? em matéria de publicidade televisiva.

Os números são, no entanto, muito inferiores às situações de não cumprimento da legislação.

Com um limite de 12 minutos de mensagens publicitárias por hora, a SIC chegou a transmitir uma média de 21,7 minutos (em Outubro), segundo dados fornecidos ao DN pela Carat Portugal.

Embora não se desvie tanto do limite estabelecido pela lei, a TV1 ultrapassou os 12 minutos mais de 50 vezes em Novembro.

Tal como se pode observar no gráfico apresentado, a estação de Queluz é também a que mais evoluiu em termos de saturação publicitária.

Na tabela da Marktest do mesmo mês, verifica se que a estação de Camaxide apresenta 35 situações dê inserção de mais de 12 minutos de publicidade por hora.

Nos termos do artigo 32.0 da Lei da Televisão, nos canais de cobertura nacional o tempo reservado aos anúncios publicitários não pode exceder os 20 % do período diário de emissão (o que corresponde a 12 minutos por hora). São excluídas deste limite as mensagens de autopromoção e de patro,cínios.

A RTP1 está ainda mais limitada, conforme o Contrato de Concessão de Serviço Público, não podendo ultrapassar sete minutos e 30 segundos. Ainda assim, o canal estatal chegou a tingir os 16 minutos por hora em Junho e Novembro.

Segundo afirmou ao DN fonte do ICS, "é ao secretário de Estado da Comunicação Social que compete a fiscalização do Contrato de Serviço Público. Tal como para as outras estações, só elaboramos um auto de notícia da RTP1 quando esta transmite mais de 12 minutos".

As coimas nesta matéria podem chegar aos 20 mil contos, sendo o seu valor mínimo de dois mil.

Para o ICS, trata se de um "valor justo. 0 problema só se consegue resolver com o reforço da fiscalização e com exercícios de pedagogia junto das estações. Outra medida seria a auto regulação, ou seja, serem os próprios canais a criarem regras e códigos de procedimentos para que não fosse necessária a intervenção do Estado».

No entanto, de acordo com José Faísca, chefe de divisão do IC, "as televisões são membros do ICAP Instituto Civil da Autodisciplina da Publicidade , que promove a auto regulação".

Em relação aos valores médios de cada mês (à excepção de Dezembro, por falta de dados), verifica se que junho foi o "melhor" período para a RTPl: 20,5 % do total da sua programação foi preenchido com spots publicitários.

No caso da SIC, foram transmitidos 21,3 % de anúncios em Maio.

A maior saturação da TV1 verificou se em Novembro, com 26%.

Em termos globais, de Janeiro a Novembro, a TV1 apresentou um total de 22,2 % de publicidade em relação à sua programação. Seguem se a SIC com 19,3 % e a RTP1 (18,1 %).

Nos investimentos publicitários nos 11 meses em análise, é a SIC que lidera o rankíng, com 90 milhões de contos. A TVI consegiu 74 milhões e a RTP1 50 milhões.
(Cátia Almeida "Diário de Notícias")


Compras "online" crescem devagar

As vitrinas virtuais ganharam terreno na Europa à medida que se aproximava a época festiva do Natal e o consequente aumento das visitas aos sites comerciais. A verdade é que os resultados financeiros demonstram que uma visita ao endereço não implica forçosamente a compra do produto.

De facto, os cibernautas que adquirem bens directamente pela Internet são muito menos do que aqueles que utilizam a rede global para "procurar" eventuais originalidades para oferecer de presente, e que de imediato se deslocam aos endereços fisicos das lojas para aí comprar o bem. Estas são conclusões de um estudo elaborado à escala europeia pela MNIXI, uma empresa de audiometria na Internet especializada na relação entre comércio electrónico e tradicional. A audiência dos sites europeus de venda de CD, livros, vestuário e alimentação registou aumentos na ordem dos 14 por cento en Novembro, comparada com o mês anterior. França é um exemplo à parte, uma vez que os endereços mais utilizados são os que vendem produtos exclusivamente culturais.

Calcula se que até ao fim do ano o volume de negócios nas lojas tradicionais atinja os 1,5 mil milhões de contos, ao passo que na Internet o comércio significará transacções de cerca de um quinto deste valor. Embora a diferença pareça substancial, deve se atentar ao facto de este "mero" quinto equivaler a um terço dos valores verificados ao longo de todo o ano.

No que toca aos países que mais compram pela Internet na altura do Natal, a Grã Bretanha é o vencedor destacado, com 120 milhões de contos dispensados. De seguida surge a Alemanha com 100 milhões e a França e a Suécia com 20 milhões cada.

Dos cibernautas questionados pela empresa de estudos, 58 por cento afirmaram comprar pela Net para evitar as enchentes nas lojas, 38 por cento pela comodidade. Um quarto fez questão de destacar a informação disponível online como factor decisivo para tomar a decisão de efectuar as aquisições.
("Diário de Notícias")


Há 100 anos ("Diário de Notícias)

E comprar, senhorias, e comprar

A publicidade no começo do século XX era assim: pretendendo transmitir uma imagem objectiva, séria, discreta, digna de confiança. Não havia ainda lugar para a fantasia, o humor, a surpresa ou o escândalo.

/// Theatro da Avenida Companhia Sousa Bastos. 3.ª representação da notabilissima opera comica em 3 actos, 0 POMPON. Novo e grandiosos successo da actriz Palmira Bastos.

/// Bilhares Antonio Sampaio tendo voltado de Paris onde esteve trinta e dois dias e estudou a construcção dos bilhares francezes, acha se novamente à testa dos seus depositos e officinas no largo da Graça, e travessa do Monte, onde espera as ordens dos seus numerosos clientes.

/// Kalendarios Chromos de novidade. Malas para senhora. Carteiras com monogrammas em prata e ouro, diversos artigos para brindes. Estevão & Nunes. Rua Aurea, 58.

/// Loteria do Natal Os cambistas Campião & C.ª convidam para a loteria de dia 22, cujo premio maior é de 150:000$000 réis. Cautelas e dezenas de todos os preços. Rua do Amparo, 118.

/// Papel Rainha D. Amelia Papelaria Palhares. Rua do Ouro.

/// Contra a debilidade Farinha peitoral ferruginosa da pharmacia Franco, Filhos.

/// Coroas Casa de novidades. Rua do Ouro.


0 anunciado fim das "borlas"

Milhões de pessoas ficaram estupefactas quando, na semana passada, correu mundo a notícia de que o Napster se havia aliado a um dos seus principais inimigos, o grupo editorial Bertelsinarin, para tomar o seu serviço legal e rentável.

Porém, vários especialistas afirmam que este é o futuro incontornável de tudo o que agora é grátis na Internet. A curto prazo, os cibemautas serão obrigados a pagar por muitos dos serviços, como por exemplo as caixas de correio. Num cenário em que nos deparamos com um mercado publicitário manifestamente incapaz de suportar todo o universo digital, a par do lançamento de serviços cada vez mais sofisticados, como por exemplo as chamadas de longa distância que permitem poupar imenso dinheiro, muitos dos maiores e mais importantes sites estão a considerar passar do modelo grátis para outro, tipo mensalidade ou assinatura.
Dan Campi, presidenteda Punch Networks, uma empresa especializada na concepção de software de partilha de ficheiros pela Internet, não duvida de que "as pessoas têm que perceber que o grátis está a acabar". Além disso, afirma que um estudo elaborado pela sua empresa permitiu concluir que a maior parte dos cibemautas nem se importará de pagar.

É que, ao contrário do Napster, que concordou em ter sempre ficheiros gratuitos para partilha, de modo a manter o espírito que o caracteriza, o Yahoo e a America Online estão a pensar em aplicar tarifários. Apenas porque podem.

De facto, desde a Microsoft, com o seu MSN Hotmail, até outros fornecedores de acesso e correio electrónico, todos querem encontrar uma forma de rentabilizar a gigantesca base de dados de clientes que possuem. Os cerca de 210 milhões de utilizadores do Hotmail são um trunfo precioso para qualquer empresa que queira aplicar um preço. Mesmo que alguns dos cibemautas abandonem este serviço, mais cedo ou mais tarde perceberão que a tendência é generalizante.

Neste momento, o serviço que mais atrai os cibemautas é aquele que maiores possibilidades tem de vir a ser pago. Trata se da conversação por voz, já disponível no Yahoo e na America Onfine, e que, por enquanto, ainda é grátis. A grande questão reside, portanto, no facto de, mesmo que passem a ser pagos, não continuarão os serviços a gozar de grande sucesso? É que, qualquer que seja o preço, será sempre infinitamente mais baixo que pelas vias tradicionais como o telefone ou o fax.

Parece ser esta a premissa que tranquiliza os próprios fornecedores de serviços. Quando começarem a exigir dinheiro, as empresas Internet adoptarão uma estratégia de Marketing centrada na mensagem "ganhe dinheiro". Ou, como afirma Bob Visse, da MSN, pelo menos mostrar que ao gastar aqui continuam a poupar bastante.


Fim das "dotcoms" é um mito?

Há pouco mais de seis meses, em São Francisco, nos EUA, trabalhar numa empresa Internet, uma "dotcom", era algo fantástico. Estava na moda, e os investidores inundavam nas de dólares.

Hoje, as vítimas apertam se como sardinhas no já vulgarmente conhecido "cemitério dotcom" e alguns dos mais conceituados peritos já chegaram a anunciar o fim do estado de graça e da "exuberância irracional" da maior parte dos investidores. Mas esta opinião não é consensual. Outra vertente de conceituados analistas considera que a indústria da Internet está de muito boa saúde e recomenda se.

Uma coisa é certa. Furniture.com, Stamps.com, garden.com, Eve.com, mortage.com, Beautyjungle.com ou ainda a Pets.com, todas elas mais que conhecidas e utilizadas nos Estados Unidos, já figuram na longa lista daquelas que fecharam as portas, apenas nas últimas duas ou três semanas. Nenhuma conseguiu convencer os invetidores a depositar mais capital, apenas porque esta seria já a segunda ou, em alguns casos, a terceira tentativa de revitalização de algo completamente falido. Nalgumas situações, as empresas de capital de risco recusaram se mesmo a "investir em mais aventuras".

Um testemunho, algo emotivo mas bastante esclarecedor, é o de Andy Kessler, sócio da Velocity Capital, uma empresa gestora de fundos de investimentos em tecnologias e comunicações na Califórnia. Este analista considera que "ainda temos à nossa frente entre seis e nove meses de epidemia e de mortes estúpidas. Mas, assim que desaparecer o próximo dot stupid, um maravilhoso período chegará". Quer isto dizer que só as mais fortes sobreviverão. É a lógica da Natureza aplicada ao universo electrónico.
De acordo com um estudo publicado a semana passada pela Webmergers, empresa de estudos de mercado, 130 start up fecharam desde janeiro e o ritmo tende a aumentar progressivamente. Na primeira metade de Novembro, 22 portas encerraram e colocaram duas mil pessoas no desemprego, o mesmo número que se verificou durante todo o mês de Outubro.

Dentro das categorias dos desaparecidos, o comércio electrónico leva grande vantagem, registando 60 por cento dos casos. Mesmo com o aproximar do Natal não se prevê nenhuma melhoria.
Há, no entanto, algo que pode servir de elemento de consolação. Os técnicos da Webmergers consideram que estes rumores são alarmistas, e que a evolução ditará precisamente o contrário. É preciso é que as empresas electrónicas percebam que não basta apenas um ideia inovadora e dinheiro para começar a actividade. É preciso espírito de iniciativa, capacidades de gestão e profissionalismo na cedência de serviços e produtos. Afinal, os consumidores electrónicos são tanto ou mais exigentes que os tradicionais.
(Diário de Notícias)


Os novos desafios da publicidade

V Congresso Português de Marketing debateu a comunicação publicitária massificada em oposição à segmentada. Grupos Lusomundo e Impresa rejeitam morte anunciada dos meios impressos
Cátia Almeida ("Diário de Notícias")

 Anunciar para as massas num meio de comunicação tradicional ou apostar na promoção segmentada através das novas tecnologias? Em 2003, apenas 4 % do investimento global em publicidade será canalizado para a Internet, mas há quem defenda que os meios tradicionais (imprensa, rádio e televisão) têm os dias contados.

Esta foi uma das temáticas debatidas no V Congresso Português de Marketing, organizado pela Associação Portuguesa dos Profissionais do Marketing (APPM), que decorreu no Parque das Nações, em Lisboa.

Luciano Patrão, presidente do Conselho de Administração da Lusomundo, expressou uma visão optimista: "0 futuro será diferente, mas será marcado por uma evolução dos meios de comunicação tradicionais e não pela sua extinção". Quem defende a ameaça à "velha" comunicação social de massas apoia se na expansão do marketing one to one, ou seja, uma segmentação até à sua exaustão.

Segundo Francisco Maria Balsemão, é preciso ter cuidado om esta nova técnica de marketing, pois "corre se o risco de passar de uma multisegmentação para uma pulverização, o que acaba por não tomar os negócios rentáveis". Respondendo às "provoções" relativas à morte anunciada da imprensa, o responsável do grupo Impresa sublinhou: "Com a Internet, a produção de papel aumentou 8 %. Significa isto a morte dos jornais?"

Francisco Maria Balsemão chegou mesmo a questionar se a Internet não devia ser considerada como mais um canal de distribuição, ao invés de um novo meio de comunicação. Isto porque muitos jornais e rádios, assim como empresas, utilizam a Internet como meio de divulgação daquilo que existe no mundo "fisico".

Do outro lado, os defensores das novas tecnologias "puxam a brasa à sua sardinha". Segundo Carlos Lacerda, director de marketing da Microsoft, a televisão interactiva (que resulta da junção da Internet e da televisão) vai possibilitar a transmissão de anúncios apenas em determinadas zonas do País.

"Por exemplo, os spots de automóveis topo de gama poderão ser apenas divulgados nas zonas de maior poder econômico", explicou.

Além disso, os consumidores vão poder comprar no momento em que vêem o anúncio, o que poderá aumentar as transacções on Iine. 0 comércio electrónico tem ainda a vantagem de dar a conhecer aos anunciantes o perfil do consumidor, uma ferramenta muito útil aos profissionais de marketing.

Também os telemóveis de terceira geração prometem aumentar as compras na World Wide Web. Bob Grace, vice presidente da Nokia, garantiu que o comércio electrónico traz vantagem para os consumidores. Uma delas é obviamente a comodidade e a radidez, a outra prende se "com uma maior informação sobre os produtos na Internet".

Tal como disse ao DN Elsa Veloso, directora da APPM, o período de mudança que as agências de publicidade enfrentam foi igualmente debatido. Vera Nobre da Costa salientou as novas duplas criativas essencias às novas tecnologias: um programador e um designer, ao contrário do tradicional copy writer e art director. A rapidez assume uma importância crucial na publicidade na Internet, já que ninguém costuma ficar num banner mais de segundos.

Subordinado ao tema "E marketing 2000", o evento teve como objectivo "acompanhar as preocupações actuais e dar respostaàs inquietações dos marketeers de hoje". 0 congresso integrou se no programa da Semana Nacional de Marketing, o maior evento da sector em Portugal.

A abertura do congresso esteve a cargo de Louis Delcart, presidente da Confederação Europeia de Marketing.