COISAS SÉRIAS 14

 

INTERNET  
 Visita guiada a Casal da Burra
 
 Entre os projectos de conteúdos nacionais resistentes na Web destaca se um hino ao humor alentejano: a Trombeta de Casal da Burra
 Texto de Paulo Querido
 
"Maré Negra: Trombeta conta lhe toda a verdade sobre o naufrágio". O título promete e a entrada aguça mais o apetite: "Duas semanas depois da tragédia, a Trombeta mostra lhe, em exclusivo, como aconteceu o naufrágio que deu origem à Maré Negra que está a invadir as nossas praias. São fotos inéditas recolhidas no momento do acidente". "Abrindo" a hiperligação, temos uma hilariante versão dos acontecimentos, contada sob a forma de uma foto reportagem.

As imagens são montadas com fotografias reais do afundamento do "Prestige" e outras fotos e imagens, numa colagem de dois afundamentos, o do petroleiro e o do... Benfica de Jesualdo Ferreira, abalroado pela traineira "Gondomar".

O efeito é hilariante como seria de esperar da Trombeta de Casal da Burra, sítio de humor que faz rir meio Portugal já lá vão mais de dois anos.

Numa época particularmente fraca em termos de projectos de conteúdos nacionais, com alguns sítios a fecharem portas e outros com cortes drásticos, o sítio de humor Trombeta de Casal da Burra (www.trombeta.com) ganhou um novo estatuto. Não só resistiu aos ventos gelados da recessão como conquistou um novo espaço e se preparou para iniciar 2003 com esperanças renovadas. Projecto a solo de Paulo Jorge Dias, começou a germinar na sua cabeça com o advento da Internet em Portugal, mas foi preciso um acontecimento extraordinário para que visse a luz dos bits: "Costumo dizer que ia ao volante do meu Aston Martin DB7, com uma nórdica silicónica ao meu lado, a caminho de um jantar de gala no Palácio de Buckingham quando... bati com a mão na mesa de cabeceira e acordei. Depois, desatei a escrever disparates! Mas a verdade é que a história é mais simples do que isso e conta se em duas ou três linhas", diz um bem humorado Dias, mais conhecido por Jorgino Cascante, o director da Trombeta.

O conceito da Trombeta já existia na sua cabeça há meia dúzia de anos: "Quando comecei a usar a Internet e o 'e mail', em 1995, passei a enviar as primeiras piadas aos amigos. Em 2000, na brincadeira, decidi colocar algumas piadas "on line" quando estava a criar um sítio para a minha empresa e a experimentar programas, como o FrontPage e o Photoshop. A coisa era de tal forma levada a brincar que o sítio foi desenhado em meia hora no meu portátil". Segundo Dias, algum "spam" e muito entusiasmo dos amigos fizeram o resto. "Em dois dias choveram visitas e o 'e mail' entupiu com mensagens de parabéns. Depois disso, a bolade neve começou a rolar e nunca mais parou de crescer".

Além de proporcionar ao leitor a votação para o "Burro do Ano 2002", a última edição da Trombeta dá nos conta da actualidade desse local imaginário algures no Baixo Alentejo, cujos personagens nos parecem familiares. É pura coincidência, claro, que lá existam uma Fátima Escalopes (apresentadora de televisão que foi considerada por Emídio Ranger como uma "Bomba... de mau cheio") ou Felipa Farnel (ex guarda costas de Emídio Ranger e apresentadora de TV).

No entanto, a actividade de humorista na Internet tem as suas dificuldades. Os obstáculos foram muitos: "A falta de conhecimentos técnicos para desenvolver o sítio, a falta de tempo para novas piadas e o excesso de disparates da nossa comunidade política".

Outro dos problemas é a pilhagem de ideias. Não é novidade, mas a Internet facilita a cópia e, "além dos casos clássicos da cópia de imagens e textos sem autorização ou referência do autor, houve situações muito graves de apropriação ou adaptação dos nossos conteúdos de forma ilegal", lembra Paulo Jorge Dias. "Na Internet os direitos de autor são apenas uma coisa que se põe no final da página, em letras pequeninas. No nosso caso, até mesmo grandes senhores da televisão e da rádio vieram à Trombeta fazer 'copy paste' dos nossos textos para depois divertirem multidões à custa da nossa criatividade".

Em termos financeiros, a Trombeta foi rentável até 2001. Depois deixou de o ser, mas Paulo Jorge Dias espera que o próximo ano sorria ao projecto: "Esperamos novamente equilibrar as contas com o lançamento do livro em Fevereiro, com o fornecimento de conteúdos a outras publicações e com a abertura da loja 'on line' do 'merchandising' Trombeta".

O futuro modelo de negócio está gizado. "Vamos continuar a lançar novos conteúdos, como por exemplo um cartoon e um projecto de 'webradio', uma área de vendas e eventualmente um espectáculo de comédia ao vivo com a marca 'Trombeta'. E é importante que comecemos desde já a preparar o leitor para o surgimento dos conteúdos pagos, um processo inevitável ao nível dos conteúdos 'on line'", explica o autor.

Aliás, a nova versão do sítio já inclui uma área de conteúdos pagos, por encomenda, uma ideia inovadora. Trata se do serviço "Veneno", lançado em 25 de Novembro, que "permite ao leitor encomendar um jornal de humor, semelhante à Trombeta, mas com os seus amigos, familiares e colegas como personagens principais", explica Paulo Jorge Dias, adiantando que "em duas semanas tivemos onze encomendas concretizadas e a época de Natal (com jantares de empresas e de amigos) faz antever um aumento dos pedidos nas próximas semanas". Depois surgirão os conteúdos pagos pelo próprio leitor, a introduzir gradualmente nos próximos tempos. Optimista, Paulo Jorge Dias diz se "convencido que dentro de quatro a cinco anos o acesso à Trombeta será efectuado exclusivamente por assinatura".
(Texto de Paulo Querido no Suplemento "Vidas" do "Expresso")
piadas@pauloquerido.com


UNESCO premeia Museu de Arqueologia
Sítio português é melhor do mundo
 
 O sítio da Internet do Museu Nacional de Arqueologia foi classificado como o melhor do mundo pela UNESCO, entre várias centenas de candidaturas apresentadas este ano, recebendo o «Web Art d'OR 2002», anunciou ontem a direcção do museu português. Além da atribuição da medalha de ouro, equivalente ao primeiro lugar, ao Museu Nacional de Arqueologia de Portugal, ficou em segundo (prata) o sítio do Museu das Civilizações, no Canadá, e em terceiro (bronze), o do Museu do Hermitage, na Rússia.
 Os prémios são atribuídos pelo Comité Internacional dos Museus para o Audiovisual e as Tecnologias da Imagem e do Som (Avicom), uma das entidades especializadas do ICOM (International Council of Museums), a agência da UNESCO para os museus.
 O site premiado do Museu Nacional de Arqueologia apresenta se ao cibernauta a negro e castanho, integrando variada informação sobre os seus serviços e actividades, nomeadamente a biblioteca, iniciativas dos amigos do museu, serviço educativo, investigadores e laboratório.
 O visitante do sítio pode também conhecer a história, exposições abertas ao público, colecções e reservas dos acervos em sua posse.
 Há ainda a possibilidade de o cibernauta realizar uma visita virtual do museu, caso não se possa lá deslocar. Pode começar com uma vista panorâmica exterior do museu, depois um passeio por várias salas reveladas através de fotos e também ter acesso à descrição de peças do acervo.
 O Avicom foi criado em 1991 e integra actualmente 480 membros provenientes de 50 países, entre conservadores, cientistas, técnicos e encarregados de colecções, responsáveis de serviços que utilizam o audiovisual e as novas tecnologias da informação nos museus e nas instituições patrimoniais e culturais em geral.
 No ano passado, os vencedores deste galardão foram o Rijksmuseum de Amesterdão (ouro), o Museu do Louvre de Paris (prata) e o Museu do Palácio Nacional de Taipe, na Formosa (bronze).
  (Expresso)


A falácia da comunicação

O leitor recorda se de qual foi a última campanha de comunicação feita em Portugal em torno de problemas sociais? A avaliar pelos resultados de um inquérito do INDEG/ISCTE, no qual constava esta questão, por certo não se lembra ou nem sequer reparou. Este estudo, concluído em Junho deste ano, sobre comportamentos rodoviários, revela uma realidade preocupante: apenas 14% dos inquiridos disseram lembrar se da iniciativa mais recente (sobre paraplégicos). Mais grave, 97% dos entrevistados admitiram que as campanhas de prevenção rodoviária não provocaram alteração de comportamentos na estrada. E, ainda, só 25% acreditam que as campanhas são eficazes. Ou seja, vivemos num mundo centrado na comunicação e na informação, mas as mensagens raramente chegam aos destinatários. É a chamada "falácia mediática".

Os resultados da pesquisa, da autoria de Luís Reto e Jorge de Sá, serão apresentados amanhã pelo investigador do INDEG Instituto para o Desenvolvimento da Gestão Empresarial do ISCTE, Carlos Oliveira Santos, durante o seminário sobre"Marketing contra a pobreza", que hoje tem início em Lisboa.

Há muito que os especialistas denunciam a ineficácia da grande maioria das campanhas de marketing social, baseadas em mensagens que visam alterar atitudes dos cidadãos em áreas tão diversas como a saúde, o ambiente, a deficiência ou a conduta nas estradas. Avaliadas algumas delas noutros países, chegou se à conclusão de que a adesão não ultrapassava os 30%. Os custos destas campanhas são extremamente elevados, mas a verdade é que, apesar do insucesso, tanto organismos estatais como privados continuam a recorrer sistematicamente a estas iniciativas.

Afinal, o que falha nas acções, frequentemente sofisticadas e atractivas, de prevenção contra a toxicodependência, a sida, o cancro, os acidentes na estrada? "Pensar que podemos intervir nas questões sociais apenas por mera comunicação e que as pessoas têm capacidade para a interpretar e alterar o seu comportamento é uma ilusão." Qualquer cidadão, independentemente da sua cultura ou do seu nível socioeconómico, "é resistente à mudança, por ignorância ou por oposição pura e simples".

A estes factores junta se um outro: a desconfiança nas instituições. Verifica se nas sociedades actuais, e Portugal é hoje um caso exemplar, "um recuo cada vez maior na confiança nas instituições, mas também na intervenção e cultura cívicas e no espírito societário", consequências do "desenvolvimento económico, mediático, do grau de complexidade das sociedades , mobilidade social e internacional".

Então, o que fazer em sociedades cuja sobrevivência e desenvolvimento parece dependente da comunicação? Há não só que aprofundar o efeito persuasivo das campanhas de marketing, mas associá las a outros dois instrumentos: a regulamentação e a fiscalização. É o chamado modelo francês dos três C: convencer, constranger e controlar."Se a persuasão atinge patamares limitados, temos então de associá la a normas também elas devidamente divulgadas e à fiscalização, traduzida em consciência cívica, controlo por parte das comunidades, mas também em acções policiais."

Portugal encontra se ainda "na pré história" destas novas ideias. "Já entrámos na fase comunicativa, mas ainda não reflectimos sobre esta falácia mediática", sublinha Carlos Oliveira Santos.

E para que não se levantem suspeitas, o investigador interroga: "Isto é coarctar a liberdade do cidadão?", para logo responder: "Não, isto é responsabilidade. Quanto maior for a responsabilidade, maior será a liberdade."
HELENA MENDONÇA "Diário de Notícias"


Novas tecnologias

Deu já entrada na alfandega de Lisboa urna parte do material electro encommendado na Inglaterra pelo regimento de engenharia para as experiencias da telegraphia sem fio que vão recomeçar em breve no quartel de sapadores. Consta de um motor de petroleo de 612 cavalos vapor, urna bateria de 51 acumuladores de 330 ampires hora, uma dynamo de l kilowatts, de alguns galvanometros, etc., isto é, appareihos para a producção de energia e para a medição de diversos phenomenos electricos. Em quanto ao material de estação propriamente dito, nenhum veiu até agora, nem virá, porque nas novas expenencias se tenciona ensaiar uns appareihos que estão sendo consiruidos pelos nossos sapadores sob plano dos respectivos officiaes. 0 sr. Conselheiro. Pimentel Pinto que tem dedicado á questão da telegraphia sem fio especial attenção pelos grandes recursos que tal meio de communicação pode offerecer, principalmente aos commandos superiores do exercito, desejou dotar o nosso com o que de mais perfeito houvesse no genero. Impunha se a acquisição dos apparelhos Marconi; mas, as condições morosissimas que a companhia ingleza exploradora dos previlegios Marconi impunha, fizeram com que se desistisse de tal projecto...
(Texto publicado no "Diário de Notícias" há...100 anos!)


Em defesa da música portuguesa
(N. G "Diário de Notícias").

A rádio e a sua relação com a difusão de música portuguesa é a principal visada de um documento assinado por músicos e editores com posição de relevo no panorama da indústria discográfica nacional. David Fonseca (dos Silence 4), João Nobre (dos Da Weasel), Luís Represas, Rui Veloso, Tozé Brito (administrador da editora Universal) e David Ferreira (administrador da EMI VC) afirmam, logo na primeira linha do texto, que "as rádios têm medo de tocar música portuguesa". E insistem: "as rádios têm medo de tocar discos novos. Nas rádios os programadores, parece, têm medo dos consultores americanos. As editoras, diz se, têm medo das principais rádios. Em lugar da música é o Medo o que está na ordem do dia".

O documento aponta que a passagem da música na rádio "é afectada por uma política que reduz ao mínimo a entrada de novidades por vezes tão pouca como duas por quinzena ou menos". Refere ainda que "há uma lei da rádio que não é cumprida. Que nunca foi cumprida".

O texto recolhe dados da revista Fono, que revela valores de passagem de música portuguesa na ordem dos 3,1 por cento (um quinto do share de vendas de música portuguesa, acrescentam os subscritores). Lembra ainda que 60 por cento da música que se escuta na rádio portuguesa é americana, numa altura em que a mesma percentagem na média europeia ronda os 37 por cento... Sobre uma posição que muitos programadores de rádio defendem, afirmando que os portugueses não gostam de escutar música portuguesa no éter, o documento afirma que "dos discos de artistas que conseguiram, até ao ano 2000, quatro ou mais discos de platina autenticados pela AFP (Associação Fonográfica Portuguesa), mais de 55 por cento são portugueses".

Pedro Tojal, o homem forte das rádios do grupo Media Capital (que inclui a Rádio Comercial) afirmou ao DN que o problema que este documento aflora é mais complexo que o que o texto indicia. "A rádio é aqui apenas uma vertente de um problema global... E há aqui muito daquela maneira de pensar de quem tem um problema e diz que a culpa não é sua!" e que "se apontam culpas, mas sem fazer nada de objectivo"... Acrescenta ainda que "há que ter em conta factores como a crise da música em geral, a crise do mercado discográfico, as limitações do rendimento per capita dos portugueses e as próprias editoras não apoiam os discos portugueses em relação aos dos artistas anglo saxónicos". Defende ainda que há outras formas de agir, e que está disposto a contribuir para a resolução das questões, afirmando que às rádios se deve ainda juntar uma reflexão nos jornais e televisão. E remata lembrando que este discurso reflecte o "interesse de editoras que têm escritórios e que querem defendê los".

Henrique Amaro, da Antena 3, comentou que "a rádio não pode ser o bode expiatório desta situação toda". Continuou: "se partirmos do apontar do valor do share das vendas de discos portugueses para definir uma quota para a música portuguesa na rádio, esse parece ser um bom princípio, com alguma justiça. Mas assim sendo, a Antena 3, neste momento, está três vezes acima dessa quota, explorando a música portuguesa não só pela inclusão na playlist mas também em programas de autor, na produção de concertos pela rádio e no próprio Quinta dos Portugueses Ao Vivo". Comentando os "estímulos" estatais que o documento levanta, Henrique Amaro deixa claro que "o Estado deve ser cúmplice de uma nova geração de músicos, não numa perspectiva de os auxiliar na gravação de fonogramas, mas fomentando a criação de locais de exposição e até mesmo salas de ensaio".
(Diário de Notícias"


Websites inspiram grafismos

O grafismo dos jornais tende a aproximar se dos formatos dos websites. Especialmente o dos jornais em formato tablóide ou de pequena dimensão. Mesmo os de referência. Esta é uma das conclusões do congresso organizado pela Society for News Designs (SND), que decorreu recentemente em Savannah, nos Estados Unidos. Uma dos exemplos mais radicais foi apresentado por Mario Garcia, designer que já trabalhou na reformulação gráfica do DN em 1992 e que prepara agora o novo Líbération (França), depois das alterações que introduziu no The Wall Street Journal. Uma dessas consequências, advertiu Garcia, poderá ser a colocação da publicidade à cabeça do jornal, ainda que a dimensão dessa opção possa variar de país para país, reflectindo as respectivas diferenças culturais. Enquanto na Alemanha os jornais tendem a ter uma única foto predominante por página, em França o caminho passa por sacrificar texto, em função da imagem gráfica geral.

Opinião sensivelmente diferente foi apresentada por Antoni Cases, responsável pelo grafismo do DNA, para quem não há design que resista à pouca percepção do conteúdo de um jornal ou de uma revista. O que significa, em termos práticos, que o grafismo de uma publicação deve reflectir o conteúdo e as opções dessa publicação.

Foi o que fizeram os brasileiros Flavio Sales e Chico Amaral, responsáveis pelo grafismo do Correio Braziliense, um jornal de referência que tenta romper tabus. Um dos exemplos apresentados foi o das «causas» que têm sido, regularmente, adoptadas por este título, como foi recentemente o caso dos acidentes de viação, o que o levou a dedicar _ integralmente _ uma das suas primeiras páginas aos nomes de todas as vítimas registadas na capital brasileira. Uma ideia que seria repetida por um jornal norte americano no primeiro aniversário dos atentados de Nova Iorque.

No congresso da SND, que junta profissionais de 50 países, e onde foram abordados temas como a tipografia e a infografia, coube a Roger Black, que está a reformular o Los Angeles Times, destacar a importância do tipo e do corpo de letra numa publicação: Tudo porque o antigo director gráfico da Rolling Stone do The New York Times está fascinado com a Web, apesar de manter a sua máxima: um bom designer (de jornais e revistas)é um advogado dos leitores.
(ARMANDO RAFAEL "Diário de Notícias")


Audiências afastam se da TV

"Os operadores de televisão generalista deviam olhar não apenas para eventuais falhas de audimetria mas para a sua própria televisão". A afirmação é do crítico de TV Eduardo Cintra Torres, dando como exemplo a frase do presidente da Walt Disney: "sempre que tive um problema no negócio de entretenimento, o caminho para sair dele foi oferecer conteúdos fortes".

Durante o seminário "O Futuro das Audiências", que terminou ontem em Lisboa, o crítico afirmou ainda que "a TV generalista vive do target comercial, mas é feita para os pobres e velhos" e que, apesar do negócio se baseiar no contacto com esse público, os contratos publicitários fazem se com base nas audiências totais.

Além disso, defendeu, as televisões generalistas terão de se adaptar a uma nova realidade: hoje em dia as audiências são difusas, porque a oferta é cada vez maior. "Somos audiência de manhã à noite a televisão é apenas uma parte o que corresponde a um desmembramento do eu". Se, por um lado, há uma maior disponibilidade para os tempos livres, há também uma maior diversidade de oferta, "os lares são autênticos centros de entretenimento".

A diminuição do consumo total da televisão, que tem levado os operadores a contestar o sistema de audimetria, é, desta forma, explicada por duas tendências: uma diminuição das audiências de televisão em favor de outras alternativas, e uma diminuição ainda mais acentuada das audiências das televisões generalistas que revertem para as televisões temáticas _ conseguindo captar os targets mais dinâmicos, que se situam acima da média do país. "Hoje em dia a própria audimetria vem mostar que as audiências não são uma massa anónima, mas um conjunto de pessoas com escolhas individuais. É a passagem da televisão do nós para a televisão do eu", defendeu.

Por seu lado, Ana Marquilhas, da Media Planning, chamou a atenção para o facto de o actual audímetro ser aceitável para a medição dos canais tradicionais, mas não em relação ao cabo e à televisão digital. Para estas duas plataformas existem quatro hipóteses: audímetro incorporado no descodificador, aparelhos de reconhecimento dos sinais de audio ou de vídeo ou codificação do sinal de origem. Todos estes métodos têm a vantagem de fornecer dados multimédia, mas são mais caros e necessitam de amostras maiores.
Rute Araújo "Diário de Notícias"


Rede reproduz conflitos políticos

Os ataques a países que apoiam os americanos na luta contra o terrorismo e contra o Iraque têm conhecido um aumento significativo. Além disso, o vírus Bugbear e a sua última aparição mostram que os cibervilões continuam activos e empenhados em fazer profundos estragos.

A empresa britânica de segurança informática mi2g não hesita em considerar Outubro como o pior mês em termos de ataques pela Internet, desde 1995, altura em que iniciou este registo. As estimativas para operações desenvolvidas contra sistemas de Internet e web sites registam 16 559 casos.

As motivações dos ataques centram se em questões políticas e atingem bancos, seguradoras ou empresas de segurança, segundo adverte a empresa.

"Temos reparado que, cada vez mais, os grupos islâmicos de hackers começam a agrupar se numa frente comum contra os Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Índia e Israel", afirma a empresa de segurança britânica.

Dean White, responsável para a Ásia do Institute Internet Storm Center, acredita que algo está para acontecer nas malhas da Net. De acordo com declarações proferidas à Agência Reuters, Dean White considera que «devemos estar preparados, porque a Rede tem andado calma há muito tempo e alguma coisa espreita ao virar da esquina».

De acordo com a base de dados do site independente Zone H, que mede a intensidade da actividade hacking na Net, os ataques desencadeados por motivações políticas constituem agora 11 por cento do total. Uma ameaça real e cada vez mais perigosa.
(Diário de Notícias)


Terra Lycos bane "sites" pedófilos
Fernando Barciela Correspondente em Madrid do "Diário de Notícias".

O Terra Lycos, portal internacional da espanhola Telefónica, registou, em Espanha, uma queda de audiências depois de se ter visto obrigado a adoptar a lei para eliminar os sites pedófilos que se alojavam no seu ISP.

A decisão de expulsar estes sites, cuja existência a empresa poderia ter eventualmente ignorado, deveu se a várias razões. Em primeiro lugar, foram feitas diversas denúncias contra o portal por parte de organizações ligadas à Internet e Organizações não governamentais de defesa das crianças.

Por outro lado, a recente entrada em vigor da LSSI (Lei de Serviços da Sociedade da Informação), que responsabiliza e penaliza até um máximo de 600 mil euros os ISP pelos conteúdos ali albergados. Se até à entrada em vigor da nova Lei espanhola, muitos ISP (Terra é portal e ISP ao mesmo tempo) podiam argumentar desconhecimento dos conteúdos, com a nova normativa o governo de Madrid obriga a estas empresas a fiscalizarem a existência de portais que não respeitem a Lei.

Tudo indica que nos últimos anos a Terra Lycos se tornou num dos portais mais populares entre as comunidades pedófilas, ao ponto de o número de visitas por este público ter chegado a atingir os 30% do total de acessos.

A decisão de eliminar estes conteúdos coincidiu _ ou provocou _ com uma forte queda de audiência da Terra Lycos. O portal, que em Dezembro do ano passado, e segundo a OJD, registava um total de 1002 milhões de páginas vistas desceu para 793 milhões em Julho, perdendo a sua posição de liderança no mercado espanhol a favor do seu rival eresMas (Auna).

Recentemente, Terra Lycos decidiu renunciar às medições efectuadas por OJD sob o argumento de que o sistema de contabilização de audiência efectuado por esta empresa não é útil para os seus objectivos comerciais preferindo outro que, em lugar de visitas controle aspectos como a segmentação da audiência, o seu perfil e hábitos e o impacto da publicidade. Nos últimos meses, as denuncias contra Terra Lycos vinham se acumulando. Antes do Verão, a organização Todos son Inocentes, dirigida por Miguel Serrano, apresentou duas acções penais contra o presidente do Portal em vários tribunais espanhóis por «corrupção de menores e pornografia infantil» baseado no facto do Portal albergar conteúdos pedófilos. Serrano explicou que tinha enviado as imagens ao Senado e acusou a Terra Lycos de nada ter feito para impedir a propagação desses conteúdos. A estas acusações o Portal espanhol respondeu que sempre lutou «com determinação contra este tipo de práticas» e que nunca deixara de colaborar com as autoridades nesse objectivo. A denuncia de Serrano não foi a única. A organização A.I.H (Asociación para la Información de Hackers) fez diversas queixas, com a difewrença que admitia que a propagação de estas páginas poderia ter se realizado sem o conhecimento dos responsáveis do site. Os denunciantes de A.I.H. davam mesmo as direcções concretas e área doTerra na qual se podiam aceder a estes conteúdos.
Fernando Barciela Correspondente em Madrid do "Diário de Notícias"


A videocomunicação chega à TV
Manuela Paixão (Correspondente em Roma do "Diário de Notícias")

A Fastweb, operador de telecomunicações de banda larga do Grupo italiano e.Biscom, apresentou em Roma o primeiro serviço mundial de videocomunicação através de televisão. Com o novo serviço, já em funcionamento, os residentes de Milão, Roma, Génova, Turim, Nápoles e Bolonha, dotados de ligações por fibra óptica Fastweb, podem realizar videotelefonemas, transmitindo ao mesmo tempo som e imagem em tempo real: para tal basta possuir um aparelho de televisão, um telefone digital e uma pequena telecâmara Fastweb TvCam, posicionada sobre a televisão.

«A televisão torna se num instrumento sempre mais central na vida familiar e social, com uma qualidade de imagem mil vezes superior aquela das videoconferências. Os preços são orientados para as famílias, e nos primeiros seis meses o preço será o mesmo de um telemóvel», explicou ao DN, em Roma, o presidente do Concelho de Administração da Fastweb, Silvio Scaglia.

Para efectuar a videochamada com a TvCam, basta premir a tecla «*» do telefone, antes de introduzir o número que se deseja chamar. A TVcam da pessoa chamada começa imediatamente a tocar e tudo prossegue como numa normal chamada telefónica.

Quem responde à chamada tem a possibilidade de escolher se deseja ou não ser visto: no caso de premir a tecla «*», ser lhe á possível falar, ouvir, ver e ser visto, num grande ou pequeno ecrã, sentado numa cadeira. Se, pelo contrário, premir a tecla «0», optando pela modalidade privacy, quem responde, vê quem a chama, mas não será vista: razões pessoais ou privadas...

Existe também a modalidade de receber ou efectuar chamadas através do serviço banda larga da Fastweb, mas para um computador, através da Internet com Webcam, videotelefones ou posições de videoconferências ISDN.

«Além de ampliar a possibilidade de desenvolver as relações pessoais, a videocomunicação permite abrir horizontes, até aqui impensáveis, para aplicações de utilidade pública, como ligações entre sedes diversas e distantes da administração pública, de hospitais, estruturas escolares. Pode ainda desenvolver se nos campos da teledidáctica e Internet, teletrabalho, teleassistência sanitária para idosos e inválidos, consultas a doentes impossíveis de se mexerem, assim como para fazer ver os dossiers sanitários, radiografias e resultados de exames à distância», declarou ao DN em Roma, Silvio Scaglia, presidente do conselho de administração da e.Biscom e da Fastweb.

Para quem assinar o contrato de subscrição do serviço até 30 de Novembro de 2002, as videochamadas e o aluguer da TvCam são gratuitos durante os primeiros seis meses. Findo esse período, as chamadas passam a custar 25 cêntimos por minuto, sendo anda necessário pagar 11 euros mensais pelo aluguer da TvCam.
Manuela Paixão (Correspondente em Roma do "Diário de Notícias")


China enfrenta ciberepidemia

Mais de 80 por cento dos computadores pessoais chineses foram afectados por vírus informáticos, devido à falta de programas de protecção, noticiou a imprensa oficial.

"Apenas 16 por cento dos computadores estão protegidos contra vírus informáticos. No ano passado, esse número era de um em cada três", assinalou Zhang Jian, engenheiro chefe no Centro Nacional de Resposta de Emergência contra o Ataque de Vírus Informáticos.

Segundo a versão electrónica do jornal " China Daily, metade dos computadores afectados registou perdas repentinas de informação, dificuldade de acesso à World Wide Web e bloqueio de programas.

"Os vírus informáticos, agora que a Internet se transformou numa ferramenta de trabalho fundamental na China, são a principal ameaça à segurança das comunicações no nosso país", admitiu Zhang, co autor de uma sondagem realizada a nível nacional durante um mês e meio.

Zhang disse que, ao contrário do que aconteceu no ano passado, quando os vírus se expandiam através de disquetes ou do correio electrónico, este ano a World Wide Web transformou se no principal canal de difusão dos vírus informáticos. A única medida efectiva contra o ataque dos vírus informáticos é estar alerta, tomar precauções e desconfiar de algumas mensagens de correio electrónico.

A China tem mais de 50 milhões de utilizadores da Internet e cerca de 170 milhões de proprietários de computador, número que transforma este país no segundo mercado informático mundial, a escassa distância dos Estados Unidos e à frente do Japão. Mas, apesar da grande percentagem de PC contaminados a verdade é que o mais recente verme informático "Bugbear" parece não ter optado pelos computadores chineses, garante a imprensa local, adiantando que apenas uma minoria foi atingida.
"Diário de Notícias"


Aproveitar o mercado em baixa
ILÍDIA PINTO "Diário de Notícias"

Este é o momento certo para as empresas apostarem no negócio electrónico. Quem o garante é Rui Teixeira, um dos autores do estudo "Os e marketplaces Estratégias de selecção de portais B2B" , que ontem foi apresentado na Escola de Gestão do Porto.

Rui Teixeira estabelece um paralelo com a Bolsa: "O mercado está em baixa, o que constitui uma oportunidade a aproveitar por quem ainda não realizou os investimentos necessários nesta área. Poderão, assim, ganhar mais facilmente uma vantagem competitiva. Quando o mercado subir já têm o trabalho de casa feito e estarão em condições de tirar pleno partido dos investimentos".

Apesar do número de empresas que já investiram no negócio electrónico ser ainda muito "incipiente", Rui Teixeira defende que se está a viver uma "revolução silenciosa". Isto porque "há muitas iniciativas a serem desenvolvidas sem o alarido da primeira fase dos portais B2B. As utilizações que as empresas fazem destas tecnologias vão no sentido de aprofundar o relacionamento com os seus parceiros tradicionais fornecedores e clientes , quer através de portais quer de extranet, que lhes garantem uma maior confidencialidade na informação", assegura este responsável. Mas, adianta, essa começa também a ser uma preocupação crescente das próprias plataformas de e market, que já proporcionam às empresas esses espaços de relacionamento privado.

Rui Teixeira garante que a integração das tecnologias de internet no mundo dos negócios "é um processo irreversível". A sua única preocupação é que muitas empresas "despertem demasiado tarde para esta realidade". Aliás, o estudo conclui que "estão todos à espera uns dos outros", o que leva Rui Teixeira a defender que "a pressão do mercado será um dos factores determinantes para o desenvolvimento do negócio electrónico".

Assegurado está que, de acordo com o trabalho elaborado em parceria pela Escola de Gestão do Porto e pela Digitalpartners, a pedido do IAMPEI (Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento) , todos os sectores podem tirar vantagens das soluções do negócio electrónico, desde que estas sejam "enquadradas em estratégias bem definidas e com clara orientação para as necessidades dos clientes". Fundamental, também, é "identificar em que fase da cadeia de valor é que estas soluções poderão ser aplicadas, trazendo uma mais valia real às empresas".

Das recomendações que ficaram no ar, destaque para a necessidade das empresas "definirem primeiro a sua estratégia empresarial global e só depois seleccionarem as soluções de negócio electrónico que melhor a potenciem e de procederem a uma revolução de mentalidades, investindo nos recursos humanos".
ILÍDIA PINTO "Diário de Notícias"


A linguagem digital no feminino

Que os adeptos da Internet são cada vez mais ferrenhos, ninguém tem dúvidas. Mas quando se diz que a adesão das pequenas empresas às novas tecnologias da informação e comunicação deve rondar os cem por cento, já o caso assume contornos diferentes. Mais delineados. De grandes proporções. E a verdade é mesmo essa.
"Em 2001, 65 por cento das empresas nacionais utilizavam a Internet. Hoje, a penetração anda muito próxima dos 100, o que só vem provar o grande impacto da Net ao nível empresarial", afirmou Helena Alves, directora de informação do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento (IAPMEI).

O debate Internet Para Quê?, promovido em Lisboa pela Associção Portuguesa de Mulheres Empresárias (APME), estava lançado. Assim como lançado estava o repto para que as presentes mergulhassem a fundo nos meandros dia nova ferramenta de trabalho, cheia de potencialidades nos mais variados domínios.
"O que temos hoje, quando falamos: de mercado são várias iniciativas comunitarias como a eEurope e a Go Digital (para dinamizar a Net nas empresas e aproximar a economia digital europeia da dos EUA), que depois acabam por dar origem a iniciativas nacionais", explica Helena Alves. E sublinha: "Aos poucos, vão sendo definidos os quadros legais, nacionais e comunitários, para o combate ao cibercrime, a protecção de copyright, o registo dos nomes de domínios e tantos outros relacionados com a questão."
Também a fazer a apologia das empresas na Rede, nomeadamente da Intranet, esteve a responsável pelo Departamento de Comunicação Interna da IBM. "A Intranet foi desenhada tendo em conta as necessidades de cada um e é a ferramenta por excelência da companhia", contou Rita Soares.
0 objectivo? "Acabar com o papel e permitir o acesso fácil e directo aos vários conteúdos, com unia nova linguagem, fidelizando ao máximo as relações dentro da empresa."
O senhor que se seguiu e fechou uma noite quase exclusivamente feminina foi Heitor Fox, (sócio gerente da empresa de tecnologia empresarial CON.PRO.SITE), alertando para o facto de que "navegar na Net é ter as portas abertas ao mundo". Como quem diz que convém ter um antivírus no computador, sob pena de "termos alguém a formatar nos o disco ou a copiar nos ficheiros importantes sem nos darmos conta".
Algumas dicas? "Instale software de protecção antivírus no PC.
Não abra e apague e mails desconhecidos. Tenha atenção aos downloads que fizer da Net...enfim...bá toda uma série de precauções fáceis, que lhe podem salvar a máquina", conclui.
Basta segui Ias e (ab)usar (d)a Net. Nas empresas e não só.
Ana Pago (Diário de Notícias)


Internet ajuda eleitores indecisos

O número dos que ainda não decidiram em que partido vão votar nas eleições legislativas de domingo, na Alemanha, é calculado em cerca de 20 por cento dos 60 milhões de pessoas que podem exercer esse direito cívico. Para ajudar os indecisos, os responsáveis da Agência Federal para a Educação Cívica e um grupo de estudantes de Ciências Políticas da Universidade Livre de Berlim decidiram criar uma página na Internet.

Basta escrever www.wahlomat.de para aceder a um questionário com 27 perguntas que tem como objectivo aferir a sensibilidade política do subscritor. Completado o questonário, é feita uma comparação com os programas dos partidos políticos com representação no Parlamento federal, Bundestag e obtém se a resposta.

Apesar de a página só ter sido aberta há poucos dias, ontem foi visitada por 430 982 internautas, sendo que 29 por cento dos indecisos ficaram a saber que as suas tendências políticas os aproximam do Partido Social Democrata, SPD, cujo o candidato é o actual chanceler federal, Gerhard Schroder.

A formação política que ficou em segundo lugar, com 26 por cento, foi o Partido Liberal FDP, que mais tem defendido programas alargados que permitam aos jovens aderir às novas tecnologias. A oposição cristã democrata, com os dois partidos centristas CDU/CSU, cujo candidato é Edmund Stoiber, ministro presidente da Baviera, ficou na terceira posição. Os responsáveis pela página alertam para o facto deste resultado não ser uma sondagem, na verdadeira acepção da palavra, embora as respostas sejam o reflexo do que pensam os indecisos. Se o número de visitas à página tivesse atingido um milhão, seria possível ter uma ideia mais aproximada do que poderá ser a votação de domingo, num acto eleitoral que é já considerado como o mais incerto na Alemanha do pós guerra. Depois, de durante meses, Edmundo Stoiber ter comandado as sondagens, chegou a ter sete pontos percentuais a seu favor, nas duas últimas semanas assistiu se a uma recuperação de Schroder, que está agora ou empatado com o seu adversário ou com ligeira vantagem.
EDUARDO HÉLDER CORRESPONDENTE DO "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"NA ALEMANHA


Número de cibernautas diminui (www.nielsen netratings.com)
SUSANA LEITÃO

Uma em cada cinco crianças acede à Internet através de casa. Vinte por cento da população online são pequenos cibernautas, com idades compreendidas entre os 2 e os 17 anos, que, em Julho, navegaram durante mais de nove horas e iniciaram, pelo menos, 16 sessões por dia, revelou um estudo da Nielsen/NetRatings.

Os serviços de mensagens instantâneas, como o MSN, atraem muitos destes pequenos utilizadores às malhas da Rede (num total de 11,5 milhões, um quarto são menores). "Os cibernautas mais novos são geralmente mais dados à tecnologia, por isso adoptam a Internet como parte integrante do seu dia a dia, quer para actividades lúdicas quer para a escola", afiançou T. S. Kelly, director da Nielsen/NetRatings. Acrescentou que "a aptidão dos mais novos para as novas tecnologias é o que faz com que este tipo de serviços evolua".

Mas por onde andam estes jovens utilizadores? No top dos sites visitados está o Coloryourprofyle.com, com 86 por cento de audiência. Esta página permite aos cibernautas descarregarem cores e diferentes tipos de letras para animar as mensagens instantâneas. Aliás, a maioria dos portais mais visitados está ligada ao envio de mensagens. Esta forma de comunicação tornou se numa prática comum na comunidade cibernética mais nova.

Em média, cada cibernauta visitou durante Julho aproximadamente 1333 portais, isto é, mais cinco por cento do que no mês anterior. O número de páginas visitadas aumentou apenas três por cento e o tempo dispensado diariamente à World Wide Web é de 33 minutos, o que significa um acréscimo de 2,5 por cento. No entanto, e ao contrário do que seria de esperar, o número de internautas desceu um por cento entre Junho e Julho.
(Susana Leitão "Diário de Notícias")


Bill Gates levantou a "ponta do véu" da versão do Windows Media 9, um novo software multimedia da Microsoft em Hollywood, que será utilizado como a ferramenta central do entretenimento no lar digital do futuro.
Esta versão deverá trazer melhorias técnicas, nomeadamente na qualidade do vídeo online, permitindo que este se assemelhe mais à televisão, e áudio.
"Isto é um grande marco para nós", disse Gates perante várias centenas de convidados, acrescentando que a empresa levou três anos a desenvolver o novo software, num investimento de 500 milhões de euros.
O lançamento constitui a última jogada de uma batalha cada vez mais difícil pelo controlo do mercado dos leitores multimedia, o software que corre e organiza ficheiros de entretenimento nos computadores pessoais.
O produto representa a última tentativa da Microsoft para obter o apoio da indústria do entretenimento e destronar a RealNetworks, a empresa de Seattle líder no fornecimento de software leitor de ficheiros multimedia.
A RealNetworks mantém uma curta vantagem neste mercado que contava em Junho com 30,8 milhões de utilizadores. Enquanto a Microsoft registava no mesmo período 30,1 milhões de utilizadores, segundo a empresa de sondagens Media Metrix.
Os números não contabilizam os leitores multimedia que integram os navegadores de Internet.
"Este é um lançamento altamente significativo, mas o jogo ainda não está ganho por nenhuma das partes", disse Michael Gartenberg, director de pesquisa da Jupiter Research.
Rob Glaser, chefe executivo da RealNetworks, disse numa entrevista que o software multimedia da Microsoft "não satisfaz emocionalmente", uma vez que lê apenas conteúdos concebidos para a norma Windows.
O novo produto da RealNetworks, o RealPlayer, lê todas as normas, incluindo Microsoft e Apple, sublinhou.
"É claro que aquilo que o consumidor quer é um leitor que leia tudo", acrescentou Glaser.
Michael Aldridge, gestor de produto da Microsoft, contra argumentou que a tecnologia Microsoft fornece melhor som e imagem com recurso a menos largura de banda que duas normas da indústria, MPEG2 e MPEG4.
"Não são necessários vários formatos, o que as pessoas querem é melhor qualidade ao menor preço", disse Aldridge.
A Microsoft não faz dinheiro directamente junto dos consumidores com o seu leitor multimedia, a companhia dá o software incluindo o no seu sistema operativo Windows.
Mas a empresa de Bill Gates espera que o Windows Media 9 abra novas perspectivas ao seu sistema operativo, para lá da utilização doméstica.
Analistas dizem que a oferta Microsoft continua sem rival em matéria de segurança, tendo atraído a atenção de Hollywood, que está a lutar para encontrar maneiras de satisfazer a procura de conteúdos online sem perder o seu controlo.
O grande dilema de Hollywood é como proteger os lançamentos de obras digitais que a tecnologia disponível permite piratear.
James Cameron, o realizador vencedor de um Óscar pelo filme Titanic, apareceu no palco com Gates para dizer que a tecnologia da Microsoft está a ajudar a liderar a nova era da realização cinematográfica completamente digital.
O novo leitor multimedia da companhia oferece vários progressos relativamente a versões anteriores, até porque o programa acaba com a maioria dos atrasos que ocorrem quando um ficheiro de música ou vídeo se prepara para ser lido na Internet.
O Windows Media 9 integra vários serviços de subscrição de conteúdos online, incluindo o CinemaNow, um site de vídeo através da Internet propriedade do distribuidor Lions Gate Entertainment.
(Diário de Notícias)


Novo Netscape desafia Explorer (www.websidestory.com)
JOÃO PEDRO OLIVEIRA

O Internet Explorer continua a conquistar utilizadores a nível mundial, enquanto o Netscape, o browser concorrente produzido pela American Online (AOL), persiste numa tendência de quebra, indica um estudo realizado pelos consultores da empresa Websidestory. Coincidência ou não, o estudo chega a público esta semana, precisamente no momento em que é lançada no mercado a nova versão do Netscape.
De acordo com o documento, o Explorer é hoje utilizado por cerca de 96 por cento dos utilizadores da Internet, mais nove por cento do que o número registado há um ano, enquanto o Netscape perdeu, em igual período, 13 por cento do mercado global, sendo agora a escolha de apenas de 3,4 por cento dos internautas de todo o mundo. Desde o início de 1999, acrescenta se, a utilização do software da AOL quebrou cerca de 32 por cento.
"A guerra dos browsers é na realidade um massacre", comenta Geoff Johnston, responsável do centro de estudos da Websidestory. "As novas versões do Netscape mostraram se incapazes de cativar novos utilizadores", acrescenta o analista, sentenciando que, "apesar de subsistirem bolsas de resistência em alguns países", este navegador poderá ficar condenado a lutar por apenas uma fatia de um ou dois por cento do mercado, a menos que a AOL actue rapidamente.
A nova versão do Netscape que agora chega ao mercado, comercializada sob a designação 7.0, é apresentada como uma refrescada ofensiva contra o reinado quase absoluto do browser produzido pela companhia de Bill Gates, adoptado massivamente como o programa standard de acesso à Rede. Coincidência ou não, o novo Nestscape chega ao mercado uma semana após a Microsoft ter sido forçada a reconhecer publicamente a existência de graves falhas de segurança nas últimas três versões do seu browser (Explorer 5.5, 6.0 e 6.5)
Para essa conquista galopante do mercado, que levou o Internet Explorer a roubar directamente ao seu concorrente quase um terço do mercado global em apenas três anos, contribuiu em muito a estratégia da Microsoft de apresentar o browser como parte integrante das diversas versões do sistema operativo Windows, que actualmente equipa mais de 90 por cento dos computadores pessoais em todo o mundo. Uma estratégia que, de resto, esteve na origem das acusações de abuso de posição dominante e violação da legislação antitrust que lançaram a Microsoft numa contenda jurídica contra 18 estados norte americanos em 1998. Quatro anos volvidos, e apesar do acordo assinado com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos que evitou a ameaça de cisão que pendia sobre a empresa, o caso ainda se arrasta nos tribunais.
(João Pedro Oliveira "Diário de Notícias"


UE relativiza alerta da Statewatch (http://europa.int)

A União Europeia (UE) esclareceu que foi para salvaguardar a privacidade dos cidadãos que arquitectou uma proposta obrigando os operadores de telecomunicações a armazenarem dados relativos ao tráfego de comunicações pessoais por um período de 12 a 24 meses. De acordo com um comunicado ontem divulgado pela presidência da UE, actualmente assegurada pela Dinamarca, a reacção da organização europeia de defesa dos direitos civis Statewatch "baseia se num mal entendido"
O alerta lançado pela organização, de que fizeram eco vários meios de comunicação um pouco por toda a Europa, denunciava o facto da UE estar neste momento a elaborar um plano que obrigará os operadores de telecomunicações e servidores de acesso à Internet a reter os dados do tráfego de comunicações pessoais por redes móveis ou fixas, correio electrónico e acesso à Rede, mantendo os disponíveis às forças de segurança por um período 12 a 24 meses.
Procurando demonstrar que não existem razões para quaisquer receios face a eventuais perigos de violação de direitos e liberdades, a Presidência recorda que apresentou em Junho ao Conselho de Ministros uma proposta, já conhecida, sobre medidas relativas às tecnologias da informação para a perseguição e investigação do crime organizado. De facto, a proposta sugere que, "num futuro próximo", se deve contar com normas comuns sobre a obrigação dos fornecedores de serviços de telecomunicações guardarem dados relativos a particulares, por forma a garantir que tal informação possa ser escrutinada sempre que tal se revele importante para uma investigação criminal. Porém, argumenta se, o único propósito de tal medida é exactamente a protecção dos cidadãos.
A Presidência nota que a proposta não contém qualquer indicação detalhada sobre quais terão deser as referidas normas comuns, destacando que elas devem esclarecer se "tendo em conta a protecção da privacidade e dos dados pessoais reconhecidos na legislação comunitária".
A proposta dinamarquesa está a ser estudada por um grupo de peritos do Conselho e não é provável que esteja concluída para aprovação antes de Novembro, refere uma nota da presidência.
(Diário de Notícias)