Tio Olavo 2
por Edson Athaíde
 

 

www.milionaire.com

O tema da crónica de hoje é muito rico. Na verdade, o tema são os próprios ricos. Vamos falar de marketing para milionários.
J. Paul Gett, (talvez o homem mais rico que já tenha vivido no sistema solar) declarou uma vez que "todo o milionário é infeliz. Se torra o seu dinheiro, é chamado de insensível e exibicionista. Se leva uma vida discreta e reclusa, é acusado de sovina".
Pois há milionários que resolvem este dilema frequentando o site da revista "Milionaire".
Há um consenso geral de que a Internet (e as novas tecnologias em geral) é o negócio do futuro. Muita gente quer ficar rica investindo na Web. Mas há também quem invista na Web para gente rica.
É o caso da versão on line da revista "Milionaire", uma publicação americana dedicada aos interesses dos (como o nome indica) milionários deste planeta. Tal como a Maria é a revista da dona de casa amiga, a "Milionaire" quer ser a revista ideal para quem tem muito dinheiro no banco (se é que não é dono do próprio banco) e deseja gastá lo um bocadinho a comprar coisinhas básicas como iates de 20 milhões de dólares ou mesmo um Rolls Royce.
A "Milionaire" conta neste momento com quase 500 mil assinantes divididos mais ou menos assim: cerca de 400 bilionários, sete mil multimilionários e 430 mil milionários. O dono da publicação é, também ele, rico. Chama se Robert White (ou simplesmente Rusty para os amigos de fortuna). Começou este negócio por acaso, quando resolveu vender o seu Rolls Royce e teve para isso de fazer uns cartazes à mão para colar nas paredes de um automóvel clube. O tipo achou isto uma maçada. E imaginou uma revista onde pessoas como ele poderiam publicar anúncios para vender os seus Picassos excedentes ou encontrar ofertas de jactos particulares de segunda mão.
O site "www.milionaire.com" não é diferente. Com a vantagem de ser uma verdadeira montra de objectos de arte, carrões, aviões e jóias. Há também leilões "on line" o que facilita a compra. Já foram comercializadas através do site coisas como assinaturas de gente famosa (como a do Presidente John Kennedy), moedas antigas, quadros de Van Gogh, armaduras, diamantes, terrenos em lugares paradisíacos, armas medievais e muito mais. De tudo isto, o objecto mais caro já vendido até hoje pelo site foi um colar que pertenceu à família real russa e que custou a bagatela de 30 milhões de dólares. Ninguém sabe o nome do comprador, pois ele exigiu sigilo. Coisas de milionário.
A "Milionaire" e o seu site é mais uma prova de que o futuro do marketing é a segmentação radical. Pelo menos na Internet vai ser cada vez mais assim. Cada intemauta é também um ávido consumidor. O próprio acto de navegar na rede em busca de informação já traduz uma predisposição para o consumo. Um site bem formatado a pensar nas intenções específicas de um determinado tipo de consumidor é o primeiro passo para possibilitar um momento de compra.
A Internet precisa de mais gente como o nosso amigo Rusty. Precisa de projectos de conteúdo consistente e bem direccionado. A Internet precisa, enfim, de marketing. De bom marketing Só assim os novos milionários vão aparecer.
Ou como diria 0 meu Tio Olavo: "Um milionário deve sempre viver um pouco além das suas posses. Isto ajuda a manter a sua credibilidade."

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A grande marca americana

Aqui em Portugal chamam se gangas. No Brasil (americanófilo como sempre) tratamo las hoje simplesmente por jeans. Mas quando miúdo, os nomes de guerra delas eram tão simplórios como brim coringa ou calças faroeste.
De qualquer maneira, há um jeito de se referir a este tipo de calças no mundo inteiro há 150 anos: Levi 's.
Mas a Levi's não é só uma peça de vestuário, não é só uma empresa. É um ícone deste nosso quase finado milénio. Poucas marcas conseguiram atingir um olimpo tão grande de reconhecimento. A Coca Cola de certeza, talvez a Nike, provavelmente a Marlboro. Todos nós já tivemos umas Levis . Mas, segundo uma recente edição da revista Fortune, talvez os nossos netos não venham a ter
O que se passa é simples: a Levi's parece ter perdido a fórmula de como se perpetuar no tempo. E os jeans estão a deixar de ser a roupa preferida dos jovens.
O sinal de alerta foi dado (e não ouvido pelos executivos da Levi's) no início dos anos 90. Os putos americanos decidiram que queriam calças largas, muito largas, principalmente na zona dos joelhos, porque assim poderiam praticar melhor o skate ou, pelo menos, utilizar trajes coerentes com a moda dos skatistas. A Levi's foi surda a esta reivindicação. E perdeu toda uma geração de consumidores. Em 1994, cerca de 20 % dos miúdos americanos achavam a Levis uma marca cool. Hoje não chegam a 7 % os que partilham esta opinião.
Por outro lado, apareceram marcas como a Gap, a Calvin Klein e a Wrangler que passaram a roubar mercado (e imagem de moda) no topo da piramide de consumo. Passou a ser mais chique usar uma Gap do que umas Levis's e no mercado de roupa este detalhe pode ser assassino.
A Levi's ainda tentou reagir ao criar a submarca Dockers. E investiu o que pôde na moda das calças caquis. De certa maneira deu certo. Cerca de 75 % dos homens americanos têm hoje um par de Dockers em casa. O problema é que isto representou uma canibaliza,cão das suas próprias vendas. Para se ter uma ideia do tamanho do buraco, em 1990 as calças Levi's representavam cerca de 50 % do mercado de jeans americano. Hoje representam 25 %. A Lee e a Wrangler cresceram quase 10 % neste período e já representam juntas 32 % do mercado. E, este sim, é um dado assustador, as outras marcas pularam dos inexpressivos 3 % para 21% de todas as vendas.
Umas das razões apontadas para a actual situação é o facto de a Levi's ser uma empresa tradicionalmente voltada para a produção. Ou seja, uma empresa dominada por financeiros e engenheiros pouco sensíveis às sinalizações de um mercado tão fútil e volátil como o da moda. Tudo bem que durante mais de um século a fórmula tenha funcionado. Mas nada é eterno na vida. A premissa de que o seu modelo 501 era eterno fez com que a Levi's menosprezasse os efeitos de estratégias de marketing bem esgalhadas como as da Gap. Podemos dizer que o mercado da Levi's foi sendo comido pelas beiradas. Dia a dia, passo a passo, outras marcas foram se aproximando do ideal de liberdade, informabilidade e juventude que foram património da Levis durante uma eternidade.
Claro que a Levi's ainda vai a tempo de recuperar. A Levi Strauss é um gigante. Tem todo o dinheiro do mundo para reverter este quadro. A questão é se vai saber como fazer. As primeiras medidas empresariais já foram tomadas. A Levi Strauss anda a fechar fábricas em todo o mundo para reduzir despesas e ganhar fôlego. O problema é que mais uma vez esta é apenas uma decisão de gestão. E enquanto os números da empresa melhoram, a marca da companhia continua à espera da volta dos velhos bons tempos.
Ou como diria o meu Tio Olavo:"Em marketing só o imprevisível é certo."

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Manual do achismo l I l

Na semana passada publiquei a segunda parte do manual do achsmo, uma obra dedicada ao nobre desporto do achar. Pois eu não achava que faria tanto sucesso. Recebi dezenas de e mails de gente de todas as partes do País e alguns do Brasil. A sugerir novas frases e citacões que são verdadeiros achados.
Em homenagem a estes meus leitores achistas, dedico mais esta crónica a alguns grandes achistas do mundo.
Por exemplo:

"Eu acho que qualquer idiota é capaz de pintar um quadro. Mas só um génio é capaz de vendê lo" (Samuel Butler).

"Eu acho que felicidade é ter uma família grande, amorosa e bem unida, só que em outra cidade" (George Burn).

"Eu acho que nenhum homem rico é feio" (Zsa Zsa Gabor).

"Eu acho que nada vem do nada" (Lucrécio).

"Eu acho que ela herdou essa beleza natural do pai, ele é cirurgião plástico" (Grouxo Marx).

"Eu acho que os tempos mudaram. Hoje em dia, há muitos príncipes encantados que andam por aí atrás de outros príncipes encantados" (Vasco Leite).

"Eu acho que certas mulheres gostam tanto, tanto dos seus maridos que, para não gastá los, usam os das suas amigas" (Sérgio Leite).

"Eu acho que nem tudo o que se enfrenta pode ser modificado, mas nada pode ser modificado até ser enfrentado" (James Baldvvyn)

"Eu acho que quero um homem que seja gentil e compreensivo. Será que é pedir de mais de um milionário?" (Zsa Zsa Gabor).

"Eu acho que quem inventou o trabalho não tinha o que fazer" (Frederico Saldanha).

"Eu acho que nunca se deve convidar uma mulher que diz a sua verdadeira idade. Se ela diz isso, é capaz de dizer qualquer coisa" (Oscar Wilde).

"Eu acho que cada um deve defender se como pode. Os cães mordem. Os bois chifram. Os deputados da oposição votam contra" (Frase de um deputado brasileiro).

"Eu acho que não adianta ponderar muito tempo em quem votar. Não importa que você escolha. Irá ganhar sempre um político" (Sérgio Leite)

"Eu acho que uma mulher inteligente é aquela que sabe como recusar um beijo sem se privar dele" (Gabriela Saldanha).

"Eu acho que no dia em que me conhecer de verdade vou sair correndo" (Bruno Pinhal).

"Eu acho que não somos um país especialmente corrupto. Somos é mal auditados" (Stephen Kanits).

"Eu acho que a tirania é sem pre melhor organizada que a liberdade" (Charles Peguy).

"Eu acho que a fé move montanhas. Mas não se esqueça de ficar empurrando enquanto reza" (Mason Cooley).

"Eu acho que quero viver até à minha morte" (Cotte).

Ou como dizia o meu Tio Olavo: "Eu acho que não se deve emprestar nem livros nem mulheres aos amigos. Os livros nunca são devolvidos. As mulheres sempre."