André Breton
BIOGRAFIA
 

 André Breton nasceu em Tinchebray, Orne, em 1896.
É considerado pai e fundador do movimento surrealista. Por exigência da família, estudou medicina e prestou serviço durante a Primeira Guerra Mundial, nos centros de psiquiatria do exército, onde entrou em contacto com a obra de Freud e se interessou pelo mundo do inconsciente. Em 1919 ligou se ao movimento dadaísta e já sob a influência de Rimbaud, Apollinaire e Mallarmé, publicou o livro de poemas "Mont de piété" (Montepio), cuja violência verbal antecipava obras posteriores. A "alucinada" abordagem de Breton com a poesia surgiu como uma reacção contra as acomodadas convenções literárias de Paris nos anos 20. Mais tarde, abandonou o dadaísmo para experimentar novas formas de expressão e, em colaboração com Philippe Soupault e Louis Aragon, fundou a revista Littérature, (de cujo programa constava a revisão de certos valores estabelecidos, a procura das causas da criação poética, o valor do destino humano do poeta) que acolheu nas páginas o primeiro texto surrealista, (onde testava a escrita automática) "Les Champs magnétiques" (1920; "Os campos magnéticos"), escrito por Breton e Soupault.
Em 1924, auxiliado por outros dadaístas dissidentes, escreveu o "Manifeste du surréalisme" (Manifesto do Surrealismo), reunindo à sua volta, entre outros, Eluard, Aragon, Péret, Picasso, Soupault, Artaud, Narville, e Cicon; e tendo como órgão próprio a revista La Révolution Surrealiste. O Manifesto do Surrealismo surge como crítica dos valores estéticos e éticos tradicionais, em que Breton proclamava a primazia dos componentes oníricos sobre os racionais e, como meio de verbalizar a subjectividade psíquica, defendia a escrita automática, a liberdade formal e a exploração literária do inconsciente, onde o autor podia expressar o que lhe vinha à mente sem pensar no seu significado. Com este Manifesto, Breton e os seus colegas pretendiam transformar o caos e a desordem em formas de expressão. O seu objectivo poético consistia no "puro automatismo psíquico", como foi evidenciado pela obra "Pour un art revolutionnaire independent" (Por uma arte revolucionária independente), que escreveu em 1938 em co autoria com Leon Trotsky. Do ponto de vista de Breton, arte e política eram indissociáveis.
Este manifesto resultou numa transformação radical na arte e na cultura francesa da época. Breton aplicou essas concepções a livros de poemas como "Clair de terre" (1923; Claridade de terra, título neologista a partir da expressão francesa clair de lune, luar), e a narrativas como "Nadja" (1928) inspirada na sua primeira mulher, assim como a textos teóricos, entre os quais o célebre "Les Pas perdus" (1924; Os passos perdidos).
Em 1937 publicou o conto "L'Amour fou" (O amor louco), verdadeira síntese da sua obra.
Perante a crise ideológica de 1929, que ameaçava dividir o movimento, André Breton, publica o "2º Manifeste du Surréalisme", onde precisa a sua posição e a do grupo, procurando fundamentá la filosoficamente, e dizendo se contra qualquer pressão exterior de carácter político, rompendo depois com o Partido Comunista, mas mantendo se sempre marxista. As críticas acerbas a Autaurd, Delteil, Gérard, Soupault, e outros, levaram os mesmos à publicação de um violento panfleto contra Breton que, entretanto, continuou o seu trabalho no campo sobre realista fundando a nova revista Le Surréalisme au Service de la Révolution, pondo a ao serviço das agitações políticas e sociais e publicando o panfleto Position politique du Surréalisme.
Fugindo à Segunda Guerra Mundial, com Jacqueline Lamba – sua segunda mulher e musa – Breton exila se nos Estados Unidos. Jacqueline e André, nessa fuga, foram hóspedes de artistas como Gordon Onslow Ford e Picasso. Graças ao trotskista Victor Serge, puderam fugir de França ocupada, através da Martinica e Santo Domingo, onde estiveram na casa de Eugenio Granell. Com o apoio de Peggy Guggenheim, viajaram acompanhados de Serge, Goldberg, o antropólogo Levy Strauss e Wifredo Lam até Nova Iorque, local onde Jacqueline obteve reconhecimento público na pintura.
Depois da segunda guerra mundial, Breton regressou a França e ainda líder do surrealismo, cuja evolução se reflectiu em muitos trabalhos seus, dedicou se a prodigalizar censuras e ânimos aos seus jovens discípulos.
Em 1965 reuniu as suas principais obras teóricas em "Manifestes du surréalisme", imprescindível para a compreensão do movimento.
André Breton, preocupado principalmente com a eliminação das barreiras existentes entre o sonho e a realidade, a razão e a loucura, tornou se o principal mentor do movimento surrealista e mais valioso do seu incessante trabalho é que contribuiu para fazer do surrealismo o encontro do aspecto temporal do mundo com os valores eternos: o amor, a liberdade e a poesia.
"Tudo nos leva a acreditar que existe um certo estado da mente em que vida e morte, o real e o imaginário, passado e futuro, o comunicável e o incomunicável, altura e profundidade não são mais percebidos como contraditórios" André Breton, Segundo Manifesto do Surrealismo (1929)
André Breton faleceu em Paris, em 1966.

Outras obras importantes:
"Mont de piété" (1919) Poesia
"Clair de Terre" (1923) Poesia
"Les Pas Perdus" (1924)
"Nadja" (1928)
"Ralentir Travaux" (1930)
"L'Union Libre" (1931)
"Le Revolver à Cheveux Blancs" (1932)
"Les Vases Communicantes" (1932) Poesia
"Point du Jour" (1934)
"L'Amour Fou" (1937)
"Pour un art revolutionnaire independent" (1938)
"Arcane 17" (1945)
"Poèmes" (1948) Poesia
"La Clé des Champs" (1953)
"À Dieu ne Plaise" (1954)