Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva nasceu nos Açores (Ilha terceira) em 1901. Em 1916 fundou a revista literária "Estrela d’Alva". Em 1921, em Lisboa, foi redactor dos jornais "A Pátria", ?A Imprensa de Lisboa? e "Última Hora". Em 1922 concluiu o liceu em Coimbra, ingressou na Faculdade de Direito e no ano seguinte começou a colaborar na revista "Bizâncio" de Coimbra. Nesse ano viajou para Espanha pela primeira vez, com o Orfeão Académico e em Salamanca conheceu Unamuno. Em 1924 abandonou o curso de Direito e matriculou se na Faculdade de Letras, em Ciências Histórico Geográficas. Com Afonso Duarte, António de Sousa, Branquinho da Fonseca e Gaspar Simões (entre outros), fundou a revista "Tríptico". Em 1925 optou definitivamente pelo curso de Filologia Românica e foi nesse ano que surgiu o jornal "Humanidade" (quinzenário de Estudantes de Coimbra), tendo sido Nemésio o seu redactor principal. Nesse jornal colaboraram, entre outros, José Régio, João Gaspar Simões e António de Sousa. Em 1926, fundou e dirigiu com Paulo Quintela, Cal Brandão e Sílvio Lima, o jornal "Gente Nova" (jornal republicano académico) e a partir de 1928 passou a colaborar na revista "Seara Nova".
Nesse mesmo ano, começou a corresponder se com Miguel de Unamuno. Em 1930 colaborou na revista "Presença", com textos poéticos e transferiu se para a Faculdade de Letras de Lisboa, começando a pesquisa sobre Herculano (que o ocupou até ao fim da vida). Licenciou se na Faculdade de letras de Lisboa em 1931 e ali iniciou o magistério, leccionando Literatura Italiana e dois anos depois, também Literatura Espanhola. Em 1934 começou a corresponder se com Valery Larbaud. No mesmo ano começou a desempenhar funções de chargé de cours na Universidade de Montpellier. Ainda em 1934, doutorou se em Letras, com "A Mocidade de Herculano até à Volta do Exílio". Em 1935 colaborou no jornal "O Diabo" com vários poemas. Em 1937 fundou e dirigiu, em Coimbra, a "Revista de Portugal". No mesmo ano, partiu para a Bélgica, e leccionou na Universidade Livre de Bruxelas durante dois anos, regressando a Portugal em 1939 para leccionar na faculdade de Letras de Lisboa. Colaborou nos "Cadernos de Poesia", na revista "Variante", na revista "Aventura? e na revista "Litoral". Em 1944 foi editada a primeira edição de "O Mau Tempo no Canal", que recebeu no ano seguinte o Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências. Em 1946 iniciou a sua colaboração no jornal "Diário Popular" e na revista "Vértice". Em 1952 viajou pela primeira vez para o Brasil, que depois se tornou um destino frequente. De 1956 a 1958 foi director da Faculdade de Letras de Lisboa e a partir de 1958, começou a leccionar no Brasil (Baía, Ceará, Rio de Janeiro, etc.). Em 1960 interveio na reforma dos planos de estudos das Faculdades de Letras então projectada e viajou para África por causa dos cursos de extensão universitária em Luanda e Lourenço Marques. Em 1965 foi doutorado honoris causa pela Universidade Paul Valery, de Montpellier, e no mesmo ano recebeu o Prémio Nacional de Literatura, pelo conjunto da sua obra. Iniciou em 1969 uma colaboração regular na RTP com o programa "Se bem me lembro". Em 1970 inaugurou as comemorações do centenário da "Geração de 70" no Centro Cultural Português de Paris, da Fundação Calouste Gulbenkian. Iniciou em 1971 a sua colaboração regular na revista "Observador" e no mesmo ano, em 12 de Dezembro, proferiu a sua "Última Lição" na Faculdade de Letras de Lisboa, onde ensinara durante quase quarenta anos. Em 1974 recebeu o Prémio Montagine, da Fundação Freiherr von Stein/Friedrich von Schiller, de Hamburgo. No mesmo ano, a Bertrand lançou a primeira colectânea de estudos sobre a obra de Nemésio. Em 1975 colaborou na homenagem ao Prof. Aurélio Quintanilha, a quem dedicou "Limite de Idade". Em Dezembro, assumiu a direcção do jornal "O Dia". Em 1977 foi coordenador nacional do centenário de Herculano. Vitorino Nemésio faleceu em Lisboa, em 1978, e foi sepultado em Coimbra. No mesmo ano foi publicado o primeiro estudo em livro que lhe é exclusivamente consagrado: ?Vitorino Nemésio, a Obra e o Homem?, de José Martins Garcia. Vitorino Nemésio tem as suas obras traduzidas em italiano, francês, inglês e alemão, entre outras.
Bibliografia:
Poesia
"Canto Matinal". Angra do Heroísmo, 1916.
"Nave Etérea". Coimbra, 1922.
"La Voyelle Promise". Coimbra, 1935.
"O Bicho Harmonioso". Coimbra, 1938.
"Eu, Comovido a oeste". Coimbra, 1940.
"Festa Redonda Décimas &icom; Cantigas de Terreiro Oferecidas ao Povo da Ilha Terceira por Vitorino Nemésio, Natural da Dita Ilha". Lisboa, 1950.
"Nem Toda a Noite a Vida". Ática. Lisboa, 1953.
"O Pão e a Culpa". Lisboa, 1955.
"O Verbo e a Morte". Colecção Círculo de Poesia. Lisboa, 1959.
"Poesia (1935 1940)". Colecção Círculo de Poesia. Lisboa, 1961.
"O Cavalo Encantado". Colecção Círculo de Poesia. Lisboa, 1963.
"Andamento Holandês e Poemas Graves". Lisboa, 1964.
"Ode ao Rio, ABC do Rio de Janeiro". Rio de Janeiro, 1965.
"Vesperais (1916 1918)". Angra do Heroísmo, 1966.
"Canto de Véspera". Colecção Poesia e Verdade. Lisboa, 1966.
"Violão do Morro (...) Seguido de Nove Romances da Bahia". Lisboa. 1968.
"Limite de Idade". Colecção Auditorium (Livro e Disco). Lisboa, 1972.
"Poemas Brasileiros" Lisboa, 1972.
"Sapateia Açoriana", Lisboa, 1976.
Teatro
"Amor de nunca mais?, Angra do Heroísmo, 1920.
Ficção
"Paço do Milhafre". Contos. Coimbra, 1924.
"Varanda de Pilatos". Romance. Lisboa, 1926.
"A Casa Fechada". Novelas. Coimbra, 1937.
"Mau Tempo no Canal". Romance. Lisboa, 1944.
"O Mistério do Paço do Milhafre". Contos. Lisboa, 1949.
Crónica e Viagens
"O Segredo de Ouro Preto e Outros Caminhos", Lisboa, 1954.
"Corsário das Ilhas Notas de Viagens às Ilhas dos Açores". Lisboa, 1956.
"Viagens ao Pé da Porta". Lisboa, 1965.
"Caatinga e Terra Caída Viagens no Nordeste e no Amazonas". Lisboa, 1968.
"Jornal do Observador". Lisboa, 1973.
"Era do Átomo Crise do Homem". Lisboa, 1976.
Biografia e Crítica
"Sob os Signos de agora Temas Portugueses e Brasileiros". Coimbra, 1932.
"A Mocidade de Herculano até à Volta do Exílio (1810 1832)". Lisboa, 1934.
"Isabel Aragão, Rainha Santa", Coimbra, 1936.
"Relações Francesas do Romantismo Português". Coimbra, 1936.
"Études Portugais Gil Vicente. Herculano. Antero de Quental, le Symbolisme". Lisboa, 1938.
"Gil Vicente, Floresta de Enganos". Lisboa, 1941.
"Vida de Bocage". Lisboa, 1943.
"Moniz Barreto Ensaios de Crítica". Lisboa, 1944.
"Pequena Antologia da Poesia Brasileira nos Séculos XVII e XVIII". Coimbra, 1944.
"Ondas Médias Biografia e Literatura". Lisboa, 1945.
"Perfil de Adolfo Coelho". Lisboa. 1948.
"Destino de Gomes Leal Poesias Escolhidas". Lisboa, 1952.
"Portugal e o Brasil no Processo da História Universal". Rio de Janeiro, 1952.
"Perfil do Prof. Sousa Júnior". Porto, 1953.
"O Campo de São Paulo A Companhia de Jesus e o Plano Português do Brasil (1528 1563)". Lisboa, 1954.
"Vida e Obra do Infante D. Henrique". Lisboa, 1959.
"Problemas Universitários Luso Brasileiros". Lisboa, 1955.
"Conhecimento da Poesia". Bahia, 1958, e Lisboa, 1970.
"O Retrato do Semeador". Lisboa, 1958.
"Almirantado e Portos de Quatrocentos". Lisboa, 1961.
"Romance, Existência e Visão do Mundo". Lisboa, 1964.
"Elogio Histórico de Júlio Dantas". Lisboa, 1965.
"La Génération Portugaise de 1870". Paris, 1971.
"Quase Que os Vi Viver", Lisboa, 1985.
Traduções
Traduziu, entre outras obras, a "História da Arte", de Henri Faure, e "O Que É Vivo e o Que É Morto na Filosofia de Hegel", de Benedetto Croce.