Estúdio Raposa

História nº 116
"A Mulher que não come"

 

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Vamos ouvir uma história que fui buscar ao livro de Xavier Ataíde de Oliveira, “Contos Tradicionais do Algarve”, intitulada “A Mulher que não come”

MÚSICA

Um fidalgo tinha uma filha que nunca comia. Esta notícia criou em redor da filha do fidalgo uma atmosfera de mistério. Ninguém a pedia em casamento.
Um rapaz pobre, mas bem educado, foi pedir ao pai a mão de sua filha. Admirou-se o fidalgo do pedido e foi comunicá-lo à filha. Esta declarou que casava com o rapaz. E casaram.
Efectivamente ninguém ainda tinha visto a fidalga comer. Eram passados quinze dias e nunca o marido vira que sua esposa comesse a coisa mais insignificante. Uma tarde foi ele visitar uma quinta onde trazia trabalhadores e ouviu-os falar de sua esposa. O marido escondeu-se.
Ninguém punha em dúvida que a fidalga não comesse; no entanto um dos trabalhadores dizia: se fosse a minha mulher espreitava-a.
Esta dúvida do trabalhador assaltou também o espírito do marido.
Foi para casa, disse à mulher que ia fazer no dia seguinte uma jornada, e pôs-se em lugar de onde ele pudesse ver tudo o que se fazia no quarto de sua mulher. Escolheu para esconderijo uma casa velha, onde ninguém entrava.
Logo de manhã ouviu o marido entrar a criada no quarto de sua esposa e perguntar-lhe o que queria para o almoço. - Uns miolinhos de porco, respondeu ela.
Ao meio-dia foi a criada perguntar-lhe o que queria jantar. - Basta-me um bolo grande com manteiga. À noite voltou a criada a perguntar-lhe o que queria cear. - Um franganito com ovos.
O nosso homem saiu do esconderijo, ensopou a roupa em água, e entrou no quarto da esposa.
- Vens molhado? Aqui não choveu, disse-lhe a mulher.
- Eu te digo: quando voltava para casa apanhei água de pedra do tamanho dos miolinhos de porco do teu almoço; corri a amparar-me a um carro do tamanho do bolo do teu jantar e fiquei molhadíssimo como o pintainho da tua ceia.
A mulher daí em diante emendou-se da toleima.

MÚSICA

Acabámos de ouvir a história da mulher que não comia. Fui buscá-la ao livro de Xavier Ataíde de Oliveira

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