Estúdio Raposa

História 121
A Raposa e o Gaio

 

INDICATIVO

Voltamos hoje a ouvir uma história recolhida por Ataíde de Oliveira intitulada “ A Raposa e o Gaio”

MÚSICA

Formara o gaio seu ninho nos ramos altos de uma carvalheira. Passou perto a raposa velha e ouviu o pipilar das avezinhas implumes. Disse a raposa cá de baixo:
Dá-me um dos teus filhos ou deito a árvore abaixo e como-os todos.
O gaio assustou-se e atirou à raposa um dos filhos.
No dia seguinte voltou a raposa com idêntica proposta. O gaio respondeu:
- Pois deita a árvore abaixo.
A raposa foi à próxima ribeira, molhou a cauda, e veio com esta empavesada, semelhando ao longe a uma navalha afiada. Bateu com a cauda no tronco saltando do embate algumas pingas para os olhos do gaio, que se supôs ferido.
- Basta, basta: aí vai outro.
E o gaio lançou à raposa outro filho. Nessa tarde foi o gaio consultar o dr. mocho e expôs-lhe os seus tormentos e angústias. O mocho respondeu:
- Não tenhas medo: nunca ouvi dizer que o rabo de uma raposa cortasse o tronco de uma árvore.
Voltou a raposa no dia seguinte, e logo o gaio disse:
- Não tenho medo: nunca ouvi dizer que o rabo de uma raposa cortasse troncos de árvores.
- Já sei: foram conselhos do dr. mocho; ele mo pagará, respondeu a raposa velha.
Dias depois foi o dr. mocho advogar uma causa, montado num jumento. Chovera e os caminhos estavam intransitáveis. O burro caiu e o mocho ficou atascado no lamaçal. A raposa, escondida debaixo de uns ramos, saltou sobre o mocho e filou-o.
- Bravo, minha raposa, - disse o dr. Mocho desta vez mostraste habilidade e valor; é pena que seja desconhecida esta tua proeza; grita e com razão: comi o mocho.
Cheia de vaidade pôs-se a raposa a gritar: - Comi o mocho.
O mocho aproveitou o momento da raposa abrir a boca e escapou-se-lhe, gritando:
A outro sim
Mas nunca a mim.

MÚSICA

Ouvimos uma história tradicional portuguesa que recolhi do livro de Ataíde de Oliveira “Contos Tradicionais do Algarve.

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