Estúdio Raposa

História 134
A Moura de Qurença

 

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Vamos ouvir uma lenda do Algarve recolhida por Fernanda Frazão na sua obra “Lendas Portuguesas”.

MÚSICA

Querença é uma pequena e antiga freguesia algarvia. Segundo uma velha crença da região, passou-se ali, em tempos recuados, uma história com uma moura encantada.
No sítio da Castelhana, para os lados da ribeira da Tôr, havia uma casa de pequeno lavrador onde aparecia, diariamente, ao meio-dia em ponto, uma senhora formosa que pedia à lavradora alguma coisa do seu almoço. A mulher, sempre cortês, satisfazia-lhe a fome sem mais perguntas.
Um dia, porém, depois de repetidas visitas, decidiu saber quem era ela, donde vinha e onde morava. A senhora, com simplicidade, respondeu:
- Moro aqui pertinho. Olhe, venha comigo e mostrar-Ihe-ei a minha casa!
A lavradora, cheia de curiosidade, aceitou e lá foram ambas pelos caminhos. Teriam andado um quilómetro, a senhora meteu por uma furna e instantes depois desembocavam num terreiro onde estava um belo palácio. Aberta a porta a dama convidou a outra a entrar.
Uma vez lá dentro, quando conseguiu desviar os olhos das riquezas que a espantavam, encontrou-se rodeada por várias pessoas dos dois sexos que à sua chegada se tinham levantado de vários cantos obscurecidos e tentavam abraçá-la, roubar-lhe um beijo. Tomada por um frémito desconhecido, a lavradora percebeu, de súbito, que aquela gente eram mouras e mouros encantados, dispostos a roubar-lhe os santos óleos por intermédio daquele beijo fatal.
E negou, foi negando enquanto podia. Até que, quase submersa por aquela onda de gente, gritou aflita: - Valha-me a Santa Virgem da Piedade! - enquanto fazia um gesto largo para afastar a multidão de mouros.
O impulso dos seus braços foi tal que fez cair no chão as pessoas que lhe estavam mais próximas. Correu para a rua e ao transpor a porta olhou para trás e viu, com espanto, que todos os mouros e mouras se tinham transformado em diversos animais. A senhora a quem costumava dar almoço estava transformada numa bezerrinha gorda e simpática.
A mulher viu-se, então, numa estrada e por aí se dirigiu para casa.

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Ouvimos uma lenda recolhida por Fernanda Frazão. Até à próxima história,

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