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Vamos, hoje, ouvir uma história que se passa, imaginem, no céu! Teremos notícias da família de S. Pedro e das ordens que o porteiro do Paraíso recebia de Cristo e de Deus, Uma história muito divertida que vai explicar como nasceu uma frase que ainda se usa em alguns lugares.
MÚSICA
S. Pedro tinha mãe e três irmãs. A mãe era bruxa e invejosa; a irmã
mais velha muito rica e muito dura do coração: nunca rezava nem dava
esmolas aos pobres; a do meio não era tão rica nem tão má, e a mais nova era muito frágil e de fácil sedução, por isso tinha mais de um namorado.
Quando Cristo subiu ao céu encarregou S. Pedro das chaves do Paraíso, mas não abria as portas celestes às almas que chegavam sem que Cristo lhe desse licença.
Quando a irmã mais velha de S. Pedro morreu, a que não rezava nem dava esmolas aos pobres, foi bater às portas do céu, S. Pedro correu a prevenir o Divino Mestre dizendo:
- Bate às portas a minha irmã rica, que quer entrar no céu. Apressa-te em dar licença que eu abra as portas para que eu a não faça esperar.
- Não, Pedro; tua irmã nunca pensou em Deus nem nos pobres.
Então, S. Pedro disse:
- Pois então terá a irmã do porteiro celeste de ir para o inferno?
- Não irá para o inferno, mas andará perdida nos espaços celestes até que eu ordene o contrário.
S. Pedro ficou muito triste.
Tempos depois morreu a irmã do meio, a que era assim-assim e esta teve primeiro de estar cem anos no Purgatório, por ordem divina.
E S. Pedro ficou também muito triste.
Alguns dias depois bateu às portas do céu a irmã mais nova, que
sempre fora pobrezinha e muito fácil, mas dotada de grande caridade para os pobrezinhos. S. Pedro por ordem divina recebeu a irmã.
Mais tarde bateu às portas do céu a mãe de S. Pedro.
S. Pedro estava sentado e sentado ficou.
- Abre a porta a tua mãe - ordenou Cristo.
- Mas, minha mãe ... - ia o S. Pedro a dizer mas Cristo fez-lhe sinal para se calar e disse:
- É tua mãe: abre.
Ora não era somente a mãe de S. Pedro que batia às portas do céu:
vinha acompanhada de outras almas. Logo que S. Pedro abriu as portas do céu, sua mãe, invejosa de que as suas companheiras gozassem com ela da visão beatífica, empurrou-as para trás. As pobres almas queriam entrar à força e a mãe de S. Pedro, para oferecer maior resistência abriu os braços e fincou as mãos nas ombreiras.
Então Cristo fez com que as almas entrassem por baixo dos braços da invejosa e deixou-a ficar por séculos sem fim naquela posição.
É daqui que nasceu a frase: ficar entre portas como a mãe de S. Pedro.
MÚSICA
Ouvimos uma história chamada A Família de S. Pedro e fui buscá-la ao segundo volume dos Contos Tradicionais do Algarve de Xavier Ataíde de Oliveira.
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