Os Postais do Oscar 3

 

O Director de Produção de cinema Oscar Cruz emprestou me os seus albuns de postais antigos. Pouco a pouco, para fazer render o peixe, aqui vão aparecendo para nosso gozo.

Não há dúvida que a menina a quem foram dirigidos estes dois postais tinha um cão. Ambos escritos no início do século passado. Um selo ainda é da Monarquia e outro da República embora os primeiros ainda fossem usados nos primeiros anos da República


Ora aqui temos os barquinhos na berlinda.
O primeiro postal de Novembro de 1909 assinala as saudades que as primas têm da prima Maria. "Os dias têm estado bonitos e por isso temos podido brincar".
No segundo postal o texto não condiz com o boculismo da imagem uma vez que se trata de protestar pelo facto de uma determinada coisa não ter sido entregue. Talvez venha a caminho...de barco. Este segundo postal foi escrito no dia 22 de Dezembro de 1911.


Cestinhos! Cestinhos! O da esquerda foi escrito em 1911 e o outro não lhe fica atrás.
Os dourados são em relevo e a destinatária é a mesma. Num uma prima agradeçe a visita e no outro o texto desapareceu...violentamente.


Os meninos pobres e os meninos ricos? O campo e a labuta ou a facilidade de encher os baldes de moedas (de ouro, claro) na fonte da abundância?
De destacas o "Gentil menina" de um dos postais escritos, respectivamente em 1910 e dois anos depois. Curiosa a preocupação da escrita por linhas direitas no postal escrito pela "prima". Não sendo visível aqui, no original podem ver se linhas desenhadas a lápis para ajudar ao rigor da escrita.



Meninas, meninas!


Pena é que scaner não dê toda a textura destes dois postais. No da esquerda o corpo e o pescoço (que já não consta) do passarão é feito de penas verdadeiras e no da direita, todos os elementos são em relevo. Note se, neste postal a introdução de uma fotografia transportada no bico da ave. Dois postais dos primeiros anos do Sec. XX.


Era assim a Parede em 1918. Os dois postais são dirigidos à Maria, num lamentando um outro postal que se perdeu e noutro a desculpa pela ausência de notícias com a particularidade de se escrever em duas direcções, hábito que transformava o texto numa adivinha!


Voltamos a apresentar postais que mostram pintura portuguesa. No postal de cima temos "Milho ao Sol" de José Malhoa (1855 1933), obra exposta no Museu de Grão Vasco em Viseu.
O segundo postal exibe uma obra de Marques de Oliveira(1853 1927), "À espera dos barcos". Está em Lisboa no Museu Nacional de Arte Contemporânea.


É verdade! Estes dois postais foram enviados ao menino Oscar Cruz pelo seu 8º aniversário. Inconfidências? Desculpa, oh, Oscar! 8 de Janeiro, para quem lhe queira mandar os parabéns!


Um desenho de Zé Dalmeida numa edição da União dos Sindicatos de Lisboa.
Aqui, hoje, primeiro porque faz parte da colecção do Oscar e depois porque ainda ontem...


Os selos dizem tudo. D. Carlos e D. Manuel. Escritos, pois, antes de 1910. As varandas eram, por esta altura, tema muito em moda


Basta reparar nos selos para nos atirar estes postais para antes de 1910. D. Carlos e D. Manuel.


Abrir portas é uma exelente aprendisagem. E tanto pode ser ao cãozinho como ao...carteiro. Que para mim tenho que, pelo menos desde que existem carteiros, sempre houve gentis senhoras a abrir portas aos carteiros!
Estes postais foram escritos poucos meses antes da implantação da República. O que não adinate nada à história. Há, porém, uma frase do primeiro postal cujo sentido eu gostaria de perceber: "O teu camarote vai amanhã para arranjar". "Camarote"?


Há muito tempo que não incluía exemplares desta colecção de postais: pintados por artistas deficientes, isto é, sem mãos. Daí estes trabalhos terem sido feitos com a boca ou com os pés.
Não sei se estes postais continuam a verder se. Há anos (não sei exactamente quantos) eram vendidos por "Edgar Edições de Artistas Mutilados Lisboa" uma entidade mais ou menos desconhecida. A natureza morta, lê se no verso do postal é de autoria de Anick e o "Vamos cantando" por Arnulf.
Sempre tive as minhas dúvidas, apesar de ter visto muitas fotografias destes artistas em plena actividade artística. Estes ou outros...


Quinze anos separam estes postais. O da esquerda é de 1935. Os símbolos do amor (...ai, amor...amor...) são os mesmos e só os selos são diferentes. Apresento o selo do postal da direita, de 1952. Com um selo célebre: cinquenta centavos. Na altura o preço de um jornal. Curiosamente, hoje o jornal é mais caro que o selo!


Postais da transição da Monarquia para a República. O que não deve ter nada a ver com as caricaturas. Digo eu, porque nos postais não há qualquer indicação que nos ajude a identificar as caricaturas. O texto "Chorando pela Micas" pode levar a pensar que estes postais poderiam se usados como sinal de troça.


Não, senhor, não são fotografias retiradas de um qualquer album familiar. São, de facto, postais que se vendiam em 1920. Pelo menos.
Mais tarde, não muito mais tarde, bebés destes passaram a figurar no famoso concurso dos "Bebés Nestlé".
Temos um colega publicitário que foi um desses bebés mas não me lembro quem é ele. Que se acuse a vítima, por favor.


Postais de cinema! Na imagem de cima uma raridade: Marlon Brando no filme de Mankiewicz (1955) "Guys and Dolls" (Eles e Elas).
No postal seguinte uma das mais famosas parelhas de dançarinos do cinema americano: Ginger Rogers e Fred Astaire. Aqui no "Top Hat" (Chapéu Alto). O filme é de Mark Sandrich e remonta a 1935!!!


Dois postais com a imagem de Marilyn Monroe. A da direita, de autoria de Frank Powolny, é de 1951. A fotografia da esquerda é do Studio Portrait e é de 1954. As duas pertencem à Kobal Collection.

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A curiosidade: o corpo do pássaro do primeiro postal (será um pavão?) é feito de tecido!
O segundo mostra umas pombinhas navegando num mais leve do que o ar...
Não falta a âncora.
Postais escritos em 1909.

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E das imagens destes postais que foram escritos na primeira década do século passado podemos tirar uma conclusão simplista: a menina que estuda tem um ar triste (a Menina Triste) e a outra, na caminha acompanhada da boneca tem um ar feliz (a Menina Contente). Outros tempos...outros tempos...

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Estes dois postasi são dos mais antigos que temos apresentado. Foram escritos em 1904 e dirigidos à mesma pessoa. A Menina Maria. O postal da direita foi escrito pelo pai da Maria que lhe pede para dar um recado à mamã. Que o Tio António vai chegar. As pequenas flores que rodeiam o coração são em relevo.
No segundo postal o primo Francisco dá os perabéns à Maria por ter passado no seu exame. A Maria tinha duas casas: uma em Lisboa na Rua das Picôas e um 2chalet" na Parede, já nessa altura a "Linha de Cascais".

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O fado e o cinema. Tinha de ser. Repare se no cartaz de "A Severa" o carimbo da Comissão de Sencura". Nem um cartaz escpava ao olhos dos coronéis. O carimbo está em cima, à direita por cima da frase "O mais português dos filmes portugueses"

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Uma homenagem ao "Primeiro filme português feito por portugueses"!

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Foram de tal modo entusiastas as palavras que recebi por ter mostrado dois postais que se referem ao cinema português que repito a dose, agora com dois filmes mais conhecidos

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A colecção do Oscar Cruz é rica em postais de filmes portuguese. Nas próximas semanas vamos apresentar alguns, de filmes menos conhecidos do grande público pela simples razão que...não passam na televisão. Talvez um dia...

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Nos textos nada de novo. A Maria escreve à mãe, D. Ermelinda,desejando que os progenitores estejam de boa saúde. Isto em Setembro de 1918. Informação especial: a Maria está a bordar num lenço creme, uma rosa. A letra é cuidada e bem feitinha o que prova que a Maria era uma menina prendada.
Agora o romantismo das fotografias...
Será que escondem a existência de um namoro da jovem Maria com, sabe se lá quem!

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Fotografia da Vila Santos na falésia da praia do Estoril. Dá par a creditar? Se pensarmos que a foto foi tirada nos primeiros anos do Sec. XX!
Neste postal o João escreve à Maria dizendo que após a segunda radiografia se saberá se há ou não operação. Na altura, pois, já temos radiografias em Portugal!

No segundo postal vemos as rochas e o "pharol" da Guia em Cascais
O primo António escreve à prima Maria (a mesma do postal anterior) e pergunta lhe se gosta de estar "ahi", referindo se à Ericeira. Sem dizer onde está informa a priminha que tem ido à caça e à pesca com resultados satisfatóriios.
"Já tenho 10 banhos e vou me às vezes deitar a nado a 200 metros da praia".
Portanto um rapaz valente!
Esta "recebe um beijo deste teu primo..." corresponderá a namorico?

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"Milho ao Sol" de José Malhoa. Obra no Museu de Grão Vasco em Vizeu.
Em segundo lugar: "Aproveitando o Tempo" de Alves Cardoso. Esta obra está no Museu Nacional de Arte Contemporânea.

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Desde logo uma curiosidade: o texto estende se pelos dois postais. Parece claro que a destinatária era apreciadora de gatos!
Foram escritos em 22 de Fevereiro de 1918 e o afilhado queixa se à tia madrinha da falta de notícias. Chega a perguntar se tal se deve à revolução. Será que se está a referir àquela que acontecera oito anos antes?

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Postais editados pelo Museu Nacional de Arte Antiga exibindo o Mestre dos Painéis de S. Vicente de Fora. No da esquerda um pormenos do Painel dos Frades e no da direita uotro pormenor do Painel da Relíquia. Não foram escritos, os postais, e destinavam se, pois, à coleccção.

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Houve tempo (hoje não sei) em que se venderam como pãezinhos postais pintados com a boca ou com os pés, por artistas deficientes. O dinheiro obtido, dizia se que era para os ditos autores. Não sei porquê, sempre desconfiei um bocado destas vendas.
Aqui temos dois exemplares pintados com a boca.

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Os dois postais são enviados a aniversariantes mas separa os perto de 50 anos. O primeiro, entregue em mão, ainda é colorido manualmente. Um e outro assinalam os enlevos do amor. Mais musical o antigo, mas como alguns "cotas" se lembrarão, nesse tempo, não havia televisão. Telemóveis? Não sei, custa me a crer que tivesse havido um tempo sem telemóveis!


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