Walt Whitman nasceu no dia 31 de Maio de 1819, em West Hills, Long Island. Criança solitária, era neto de camponeses e filho de um carpinteiro de Brooklyn, então uma simples aldeia dos arredores de Nova Iorque.
Exerceu várias profissões: tipógrafo, professor, jornalista, operário agrícola, enfermeiro, empregado de escritório...
Percorreu Nova Iorque ao lado de um cocheiro da Broadway, e aí, curioso de tudo, descobriu a multidão, o music-hall, o teatro popular e a ópera italiana. Leu Dante em plena floresta e a Ilíada a bordo, em pleno Atlântico. Recebeu a influência de Robert Owen, de Fanny Wright, de Ralph Waldo Emerson, e do movimento Quaker. Deu conferências, frequentou a boémia literária, o meio dos operários das docas. Desceu o Ohio e o Mississipi, contactou índios no mercado francês de Nova Orleães, teve breves e fogosos amores na Louisiana...
De regresso ao norte, em 1854, definiu num longo e permanentemente inacabado poema, aquilo que pretendia vir a ser a bandeira de um novo espírito. Sentindo-se na posse de novas verdades que queria comunicar ao mundo, em 1855 publicou, pagando a edição do seu próprio bolso, a primeira versão de Leaves of Grass (Folhas de Erva), oitocentos exemplares que na altura não conseguiu vender e que lhe valeram a maledicência e o repúdio da crítica: o tom era demasiado livre, demasiado novo, insuportável para a sensibilidade dominante. A obra introduzia o verso livre e dava tratamento poético a coisas quotidianas, como o progresso técnico ou o sexo. Esta primeira edição não mencionava o nome do autor e continha apenas 12 poemas e um prefácio.
A segunda edição (1856) já ostentava na capa o nome do seu autor e foi recebida com entusiasmo por poucos críticos, a grande maioria continuaria e repudiar a obra. Esta segunda edição tinha 32 poemas.
Em 1871 (depois de já ter publicado 5 edições de Leaves of Grass, a última já com 71 poemas) expôs os seus pontos de vista políticos no ensaio Democratic Vistas, que teve grande repercussão.
Durante anos, Leaves of Grass foi aumentando constantemente. Whitman cantou nele a natureza, o futuro, a democracia, os barcos de Brooklyn, os índios, as cidades, as estradas, os grandes espaços, a América...
Em 1873 uma doença vascular deixou-o parcialmente paralítico. Foi viver para Camden, Nova Jersey, com a família, continuando a escrever, sempre obcecado pela sua única obra (a sua edição definitiva, a nona, contém muitos milhares de poemas), até ao fim da vida. Provavelmente sem suspeitar do impacto que esta viria a ter no novo século que se aproximava.
Em fins de 1891 publicou essa última edição de “Leaves of Grass” e morreu poucos meses depois (em 26 de Março de 1892).
Cinco anos depois foi publicada a décima edição de Leaves of Grass, onde se juntaram os poemas póstumos "Old Age Echoes".
A influência de Walt Whitman, um corajoso experimentalista tanto na vida pessoal como na sua arte, tem sido imensa, quer na prática de muitos activistas sociais quer na obra de numerosos poetas e de outros escritores do século XX.
Revolucionário na forma e na temática da sua poesia, defendia a abolição da escravatura, os direitos da mulher, o amor livre e o desenvolvimento tecnológico.
Walt Whitman foi um dos maiores poetas da América e considerado um bardo ao serviço da democracia. Ninguém como ele até então tinha enaltecido, com versos soberbos, o regime dos Estados Unidos da América, além de ter iniciado a emancipação da literatura do seu país, acostumado a imitar os europeus.
O poeta exerceu um profundo e merecido fascínio em Fernando Pessoa (que lhe dedicou a «Saudação a Walt Whitman»).