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Vamos, hoje, ouvir uma história de um maroto que roubou os salpicões ao senhor Padre. Não sei onde fui descobrir esta história, mas isso não é motivo para que a não conte, não é verdade?
SOBE MÚSICA
Noutros tempos em algumas paróquias era obrigatória a confissão na Semana Santa. Chegado o Domingo de Páscoa, havia mesmo padres que se recusavam a visitar as casas onde morasse alguém que não cumprira essa obrigação.
Muitos sacerdotes, já com bastante idade ou cansados de tantas confissões em tão pouco tempo, por vezes optavam por confessar os paroquianos na sua própria casa, nalguns casos quando já estavam deitados na cama.
Assim aconteceu em certa aldeia transmontana, onde um velho padre recebeu um paroquiano pouco dado às regras da igreja, e que só mesmo no fim se resolveu a ir cumprir essa obrigação.
O sacerdote tratou por isso de lhe aplicar um longo sermão:
- Não faças isto, não faças aquilo... - e por aí fora.
O homem, enquanto o ouvia ajoelhado junto à cama, foi apalpando o soalho debaixo desta, e descobriu que o padre guardava ali o fumeiro. Fumeiro, o sítio onde estão os chouriços a curarem, a ficarem bons. Por isso, enquanto o padre falava, ele puxava, puxava, e desse modo ia embolsando como podia os salpicões e os chouriços uns atrás dos outros. Por fim, quando o padre estava para lhe dar a absolvição, o homem interrompeu-o, dizendo:
- Ai, senhor padre, que ainda me falta confessar mais um pecado!
- Então diz lá - convidou o padre
- Roubei uns salpicões e uns chouriços.
- Mas isso não se faz! - reagiu o padre. - Primeiro tens de ir dá-
los ao dono, e só depois é que te posso dar a absolvição.
- E se eu lhos der a si? - propôs o homem.
- A mim?! Tem mas é juízo! Podia lá eu ficar com salpicões e chouriços roubados?..
- E então que faço eu, se já os ofereci ao dono e ele não quis? - Bem, nesse caso, fica com eles. E vai com Deus!... - respondeu
o padre, fazendo com a mão o sinal da cruz.
E o homem lá foi embora todo satisfeito. Carregado de salpicões e chouriços e aliviado de pecados.
MÚSICA
Ouvimos uma história tradicional intitulada “Os salpicões do padre”.
Para a semana, vamos ouvir outra.
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