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Vamos hoje ouvir uma história ao livro de Consiglieri Pedroso, “Contos Populares Portugueses” e a história chama-se “ A Menina Fadada”
MÚSICA
Era uma vez um homem que tinha três filhas.
Naquela terra, quando se queriam casar as raparigas solteiras, punha-se uma bola de ouro à porta, que era para os rapazes saberem. Por isso quando a filha mais velha quis casar, o pai foi pôr à porta uma bola de ouro.
Passavam muitas pessoas, e como viam a bola de ouro, não se atreviam a entrar, e diziam: - Nada, é muito rico, não é para mim!
Um dia passou por ali um príncipe e vendo a bola, como já sabia o costume da terra, entrou e foi pedir a menina ao pai. A menina ficou muito contente, ajustou-se tudo e casaram.
Daí a pouco tempo o pai pôs outra bola de ouro à porta, para casar a segunda filha.
Veio outro príncipe, viu a bola, e casou com ela.
A terceira filha, vendo as duas irmãs casadas com príncipes, disse uma vez para o pai que também queria casar.
O pai disse-lhe que não tinha já dinheiro para mandar fazer outra bola de ouro, mas ela disse-lhe que não tinha dúvida e que ao menos mandasse fazer uma de prata.
O pai assim fez. Passou um príncipe e vendo a bola de prata, disse:
- Nada, isto é muito pobre, não é para mim!
Depois passou um homem e, olhando para a bola, disse: - Isto agora sim, é para mim!
Entrou, pediu a menina ao pai e casou com ela. Depois foi com a menina para um sítio distante dali.
As irmãs que estavam casadas com dois príncipes, quando souberam isso, tiveram muito desgosto e não se queriam dar com a menina. Ela no fim de nove meses deu à luz uma filha.
Quando ela estava mesmo a nascer, enquanto o pai saiu para ir buscar um remédio, passaram pela casa três fadas e pediram ali agasalho.
A menina disse que não podia ser, porque estava muito doente, mas elas pediram muito, e tanto fizeram, que a menina deixou-as entrar.
As fadas agradeceram muito, e quando estavam para se ir embora, chegaram-se ao pé da criança e, tocando-lhe com a varinha de condão, disse uma:
- Eu te fado para que sejas a mulher mais bonita do mundo!
Disse outra:
- Eu te fado para que sejas a mulher mais rica que haja!
A terceira disse:
- Eu te fado para que, quando tu falares, deites flores pela boca fora!
Depois tocaram com a varinha de condão nos trastes, e imediatamente eles ficaram muito ricos, assim como toda a casa, que se transformou num palácio, e feito isto, as três fadas foram-se embora.
As duas irmãs, quando souberam que a irmã pobre estava agora muito rica, fizeram as pazes com ela.
A menina fadada foi crescendo e estava cada vez mais linda. Havia um príncipe que morava ali ao pé e que estava para casar com a filha de uma das irmãs; mas, quando viu a menina fadada, gostou mais dela e já não fazia caso da outra.
Ela bem desconfiava, mas fingia que não se importava. Um dia o príncipe adoeceu, e os médicos mandaram-no fazer uma viagem.
A menina fadada foi à torre mais alta que havia, para se despedir dele e o avistar até muito longe, e a noiva antiga do príncipe também foi atrás dela.
Quando a menina fadada estava olhando para o príncipe, a outra foi por trás com um ferro e roubou-lhe os olhos. Depois foi-se embora muito depressa levando os olhos da menina fadada.
A menina fadada, muito triste por se ver cega, ficou ali na torre a chorar. Passou um homem, que teve muito dó dela, levou-a consigo e recolheu-a em casa.
Daí a algum tempo chegou o príncipe da viagem. A noiva antiga apresentou-se-Ihe, dizendo que era a menina fadada.
O príncipe dizia que não, mas ela teimava que sim. Neste momento foram dizer à menina que o príncipe tinha chegado, mas ela, como estava cega, não sabia ir ter com ele.
Vendo a menina fadada, que o príncipe afinal ia casar com a outra, lembrou-se de lhe mandar dizer se ela queria um ramo de flores para dar de presente ao príncipe.
Ela mandou dizer que sim.
A menina fadada então disse que lhe mandasse os olhos, que ela lhe mandaria as flores.
Assim foi. A outra, como queria dar o ramo de flores ao príncipe, mandou os olhos à menina fadada. A menina o que fez? Ao outro dia, antes do casamento, vestiu-se toda de preto e pôs um véu pela cara. Bateu à porta, mas no palácio não a queriam deixar entrar. Por fim, tanto pediu, que sempre entrou. Foi ter ao quarto do príncipe e pediu-lhe muito que não casasse com a outra.
O príncipe disse que não podia ser, porque já lá estavam os convidados.
A menina fadada tornou a pedir-lhe e estendeu a mão ao príncipe para ele ver o anel que lhe tinha dado.
O príncipe então levantou-lhe o véu e conheceu-a logo.
A menina fadada, como levava consigo a varinha de condão, que as fadas lhe tinham dado, tocou com ela no fato e ficou logo ricamente vestida. O príncipe, então, foi ter com os convidados e disse-lhes:
- Eu tinha perdido uma coisa e comprei outra em lugar dela. Agora achei a tal coisa que tinha perdido. Qual devo eu usar, a que perdi ou a que comprei?
Disseram-lhe todos:
- Nada senão a que achou agora!
O príncipe, então, foi ao quarto buscar a menina fadada, contou o caso aos convidados, e foi com ela que casou.
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Ouvimos uma história que fui buscar ao livro de Consiglieri Pedroso, “Contos Populares Portugueses” editado pela Vega. A história chama-se “ A Menina Fadada”
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